Capítulo 19

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XIX

Após sua derrota na guerra, Mairon passou a efetuar a sua mudança para a fortaleza de Dol Guldur.

- Eu disse, Moriel - declarou ele, enquanto supervisionava um e outro servidor para não estragar os móveis e demais objetos sendo carregados - Eu disse que uma fortaleza a mais seria muito útil!

- É verdade, meu pai. Admiro muito a sua aptidão para estratégias.

- Oh, e você certamente a herdou de mim! Sem você provavelmente não teríamos conseguido matar a Elendil e Gil Galad, você deixou as tropas distraídas por tempo suficiente.

Moriel sorriu. Gostava de ser elogiado por ele. Mas em breve Mairon tomaria a uma atitude que ele não aprovava tanto assim, mas também não tinha como contestar...

Assim que a mudança foi feita para Dol Guldur, Mordor foi abandonada como se estivesse vazia e sem líder. Assim como vários servos os acompanharam em segredo pelas passagens até Dol Guldur, porém alguns foram deixados para "se render" ao inimigo e assim fazer a farsa ficar mais convincente.

E qual não foi o riso de sarcasmo e superioridade de Mairon ao ver os inimigos tomando a Barad Dûr e a destruindo como se estivessem fazendo algo além de derrubar um castelo de areia que poderia ser refeito com a maior facilidade depois!

- Que tolos! Deixem-nos brincar um pouco com a minha torre, vai lhes fazer bem... depois eu voltarei ainda mais forte!

A torre onde ele e sua família morariam já estava pronta e edificada. Faltava apenas uma espécie de "ritual" que ele e Melkor gostavam de fazer quando habitavam a um novo local...

Assim como quando haviam chegado a Barad Dûr, ambos os ainur se trancaram num quarto e ficaram ali dentro fazendo amor por dias a fio. Para Moriel nada daquilo era novidade, mas agora havia Mairen... a qual ainda era muito jovem para entender do que aquilo se tratava.

Sendo assim, um belo dia ela chegou para o irmão mais velho e perguntou:

- Moriel, eu passei pelo quarto do papai e da mamãe e ouvi a mamãe gritar!

O rosto de Moriel se enrubesceu quase na mesma hora. Ela continuou:

- Acho que o papai tá machucando a mamãe!

- N-não, não está não.

- É esquisito porque se tá machucando, por que ela pede por mais?

- Er... venha Mairen, vamos dar uma volta pela borda da floresta. Lá poderemos pegar algumas joaninhas e...

- Mas por que a mamãe grita?!

- Er... é... é porque ela gosta do que o papai está fazendo com ela.

- E o que o papai tá fazendo?

- Algo... que os casais usualmente fazem quando estão juntos e se gostam muito. É isso.

- Se ela gosta tanto, eu também quero fazer!

- É só para adultos! Quando for maior e encontrar alguém digno de desposá-la poderá fazer também. Agora vamos!

- Mas como é isso?

- Um dia te explico, agora não dá. Vamos!

Logo a menina ainu se distraiu com as joaninhas e demais insetos e plantas da floresta, mas Moriel se preocupou porque viu um bando de Eldar passando ali por perto.

- Diabos! Os Eldar quase não vêm a essa parte da floresta, o que fazem aqui?

"E enquanto meus pais estão se esbaldando naquele quarto, sem se preocupar com o mundo exterior, esses Eldar vêm quase até a nossa porta! Ainda bem que estou aqui para cuidar de tudo!", pensou ele sem ousar dizer em voz alta por causa da irmã.

Rapidamente tomou a ela e voltou para a torre, tomando o cuidado de ficar apenas nos andares inferiores - longe de onde Melkor e Mairon ainda executavam seu "ritual" de chegada.

O casal ficou mais alguns dias no quarto, e quando saiu, ainda estavam se apertando e abraçando, como era o costume quando ficavam muito tempo juntos. Mairon era mais doce, falava palavras como "meu amor, meu esposo, meu bem", mas Melkor abusava, chamando ao maia de "minha puta, cadela, gostosa, esse rabo é uma delícia", sem nem dar atenção aos criados que podiam passar e escutar. Sorte que Mairen não estava ali na hora, senão ia querer saber o que eram aquelas coisas "do que o papai chamava a mamãe".

"Eles não pensam que agora têm Mairen!", pensava contrariado Moriel.

Assim que viu ao filho, Mairon largou a Melkor e foi até ele. Ainda se virou uma vez para trás e disse a Melkor:

- Depois nos vemos!

O vala solrou um beijo carregado de sensualidade para o consorte e tomou outro caminho. Mairon em seguida suspirou.

- Oh Moriel, como é difícil...! Preciso me afastar do teu pai senão fico viciado nessas coisas...! E o pior é que você me lembra ele, mas o seu modo mais racional de falar me acalma e me faz ter noção de que estou longe dele.

- Meu pai, eu estava passeando com Mairen esses dias e vi alguns eldar perto daqui.

- O que? Será que seguiram o nosso rastro?

- Acho que não, mas creio que sentem ter algo de diferente nessa parte da floresta.

- Sentem, é?! Então vou dar-lhes motivo para continuarem a sentir algo de diferente e nem se aproximarem daqui!

Sendo assim, Mairon preparou alguns feitiços de ilusão para que qualquer um de fora que se aproximasse da torre visse imagens de pessoas próximas às suas que já haviam morrido. Assim sendo, a fama de que ali morava um "necromante" logo se espalhou, mas demorou muito tempo até que desconfiassem que o "necromante" era Mairon.

Enquanto isso, o maia retomava a seu poder e fazia muitas operações às escondidas. Moriel o auxiliava, e Melkor tomava conta de Mairen. Ser pai de uma menina o alegrara além da medida, ainda mais que ela viera com uma personalidade muito semelhante a sua própria. Ao mesmo tempo Mairon observava como reagiam. Foram criados postos para vigiar caso ele quisesse voltar para Mordor - eles não eram tão ignorantes afinal, sabiam que ele como maia não estava totalmente "morto" por assim dizer. Só não sabiam que já havia retornado à atividade completa em Dol Guldur.

Por muito tempo assim passaram, em relativa tranquilidade, agindo em sigilo, embora toda aquela atividade despertasse algum espanto dos habitantes eldar da Floresta das Trevas. Porém, um dia aquelas atividades chamariam a atenção de outrem, de uma forma que nem Mairon, nem ninguém de sua família esperava que viesse a acontecer.

To be continued

OoOoOoOoOoOoO

Complicado escrever sobre essa fase da história, da qual não se tem muita informação. Mas de qualquer forma o casal continua safado. Rs!

Beijos a todos e todas!

O filho da escuridãoWhere stories live. Discover now