Maldito Meio a Meio • TodoDeku

3. Nada além do esperado.

olá gatinhes 0_0

eis me aqui, cumprindo horários (amém)
boa leitura!

°•o•°

No dia seguinte, como combinado, fico na escola após o final das aulas. Normalmente só ficam aqui as pessoas que precisam fazer algum trabalho escolar ou quem tem compromisso com algum clube, e o restante vai pra casa; logo, a escola está mais vazia e com uma atmosfera mais "calma". Após me despedir dos meus amigos, me dirijo a biblioteca sem pressa nenhuma. Ando calmamente pelos corredores, vez ou outra espiando dentro de alguma sala de clube e cumprimentando algumas pessoas.

A biblioteca da escola é realmente um lugar agradável, silencioso e perfeito para estudar. Cumprimento a bibliotecária com um "boa tarde" baixinho. Venho aqui às vezes para pegar algum livro, então ela já me conhece. Gosto de ler tanto quanto gosto de dormir nas aulas.

Não fico surpreso ao ver que Todoroki já chegou. Ele está sentado em uma das mesas, folheando um livro e fazendo algumas anotações em seu caderno. Ao seu lado, estão mais dois livros empilhados.

Será que dá tempo de fugir?

Ignoro meus pensamentos covardes e me aproximo com um sorriso pequeno nos lábios.

– Oi – cumprimento enquanto puxo a cadeira em sua frente da maneira mais silenciosa possível. O desgraçado mal me olha, apenas murmura um "oi" e continua a escrever seja lá o que for.

Retiro meu caderno e estojo da mochila e o olho com expectativa e apreensão. Sei que minha aversão a Todoroki não tem motivo plausível, já que eu nunca tinha falado com ele antes, e só o que sei a seu respeito são boatos – alguns bem polêmicos. Mas é inevitável não se sentir intimidado perto dele, ainda mais após saber que somos eternamente ligados.

Meus olhos vão rapidamente ao seu pescoço, procurando a marca que vi no dia anterior – e que me traumatizou, de certa forma – mas ela já não está mais lá. Será que ele passou maquiagem? Ele usa maquiagem? Ainda estou olhando seu pescoço quando ele levanta o rosto e me olha de volta, seu olhar sempre muito julgador e intimidante. Recuo, abaixando o olhar para a mesa e evitando seus olhos.

Não entendo ainda o efeito que esse cara causa em mim.

– Perdão – sua voz é baixa e séria. Levanto o olhar para ele, que ainda está me encarando. – Estava ocupado com algumas coisas – aponta para o próprio caderno – mas enfim, podemos começar?

Em nenhum momento, ele esboça algum sinal de sorriso ou simpatia. Começo a me perguntar se ele não me odeia por estar desperdiçando seu tempo pedindo sua ajuda, como Uraraka mesmo disse. Bom, na verdade, eu não pedi a ajuda dele, foi o professor que mandou. Ainda assim, me sinto incomodado, até mesmo culpado. Ele podia estar fazendo qualquer coisa, mas está aqui, sentado na biblioteca, só porque eu sou um idiota que não entende física.

– Midoriya? – ele chama minha atenção e eu percebo que fiquei muito tempo o encarando com cara de tacho enquanto pensava. Sinto meu rosto esquentar.

– Desculpa, eu me distraí. – abro o caderno na matéria de física. – Ah, e Todoroki… desculpa por estar te atrapalhando também.

Ele apenas murmura um "ok". Não tenta me confortar dizendo algo como "ah, que nada, tudo bem", nem mesmo me dá um sorrisinho na intenção de aliviar minha evidente culpa, apenas me dirige um olhar entediado antes de abrir um dos livros empilhados ao seu lado. Eu não esperava mais do que isso, na verdade, e confirma minhas suspeitas: ele está tão feliz com tudo isso quando eu.

A culpa não é minha, é do Aizawa, penso numa forma de amenizar minha consciência. Mas claro que não funciona.

O tempo passa mais devagar do que o normal. Cada minuto parece durar uns dez, e me pego olhando para o relógio pendurado na parede em minha frente várias vezes.