4. Até que, no fim, conseguimos nos dar bem.

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Na escola, no dia seguinte, a única coisa que tenho vontade é dormir ou sair correndo da sala de aula na primeira oportunidade. Minha cabeça dói e meus olhos quase se fecham a cada minuto, já que não dormi direito na noite anterior – não pergunte o por quê. Infelizmente, sempre que abaixo a cabeça para dormir, consigo escutar a voz de Todoroki dizendo coisas como "seu irresponsável" ou "como você passou o primeiro ano?" e não, eu não sou esquizofrênico.

Resumidamente, as primeiras aulas antes do intervalo foram um inferno, e eu quase gritei de felicidade quando deu o horário do intervalo e eu pude sair daquela sala. Fico numa mesa qualquer com meus amigos e cogito seriamente a possibilidade de deitar e dormir aqui mesmo.

– Então, Midoriya, como foi ontem? – Uraraka me questiona. Ela está sentada na minha frente na mesa do refeitório, com a cabeça apoiada preguiçosamente na mão direita e me fitando com curiosidade. – Não deve ter sido bom, pra você estar com essa carinha decepcionada.

– O que aconteceu ontem? – Tsuyu pergunta, voltando a atenção para nós, e de repente todos parecem interessados na minha vida pessoal, já que todo mundo me olha.

– O professor de física mandou o Todoroki dar uma ajuda pra ele na matéria – Ochaco responde por mim antes mesmo que eu pudesse pensar em responder. – E parece que não deu muito certo.

– Primeiro, eu não estou decepcionado com absolutamente nada – digo. – Eu e o meio a meio acabamos tendo uma leve discussão, mas foi só isso.

– Meio a meio? – Tokoyami questiona.

– É o apelido que eu dei pra ele – explico. – Enfim, eu saí de lá meio irritado, mas tá tudo bem, ele me mandou umas mensagens depois e a gente combinou de continuar as aulas normalmente.

Após minha breve explicação sobre minha empolgante aventura como um aluno irresponsável e horrível em física, todos voltaram a programação normal – que é não dar a mínima pra mim – e mudaram de assunto. Uraraka, porém, me lançou um olhar claro de "você vai me contar os detalhes depois". Acho bonitinho o jeito que ela se preocupa em saber todos os detalhes da minha vida – e eu da dela, admito. A amizade é linda.

De fato, quando cheguei em casa ontem após enrolar bastante tempo na escola, vi que tinham algumas mensagens novas de Todoroki. Pelo horário, ele tinha enviado pouco tempo depois que eu saí da biblioteca e o deixei lá. Me pergunto se ele ficou muito tempo lá dentro após a minha saída ou se foi embora imediatamente.

As mensagens eram claras e bem escritas (quem é que escreve de forma correta na internet hoje em dia? Ele até mesmo usa pontuação!):

Todoroki Shouto:
Oi Midoriya, perdão pela forma que te tratei hoje.
Vamos continuar as aulas?

Confesso que fiquei meio apreensivo quando li as mensagens dele. Eu não queria continuar a atrapalhar o cara, e nem que por algum motivo ele me odiasse ainda mais do que deve odiar. Então apenas respondi um "você que sabe" acompanhado de um emoji com óculos escuros. Sim eu sei, muito idiota, mas na hora eu fiquei nervoso.

Ele respondeu uma hora depois – sim, uma hora depois! – dizendo que era pra eu encontrá-lo na biblioteca no mesmo horário hoje. Então é isso que eu vou fazer, apesar de não estar muito afim.

A essa altura, eu já não sei nem o que estou fazendo com a minha vida. Eu preferiria mil vezes que o Iida me desse aulas de qualquer matéria do que Todoroki, e olha que Iida é muito rigoroso com essas coisas. Eu sei que os únicos motivos que eu tenho para querer distância de Todoroki são alguns boatos mentirosos que ouvi e sua presença intimidante. Só isso. Mas é meio inevitável.

Maldito Meio a Meio • TodoDekuWhere stories live. Discover now