8. Fofoca

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Outubro, 2020

Fofoca é a notícia que não tem fonte. A fofoca chega nos seus ouvidos mas identificar quem começou essa imensa linha de transmissão é diferente. Um dia você tá lá, bem tranquila, aproveitando seu domingo até que puft: mensagem. E essa mensagem pode conter uma imagem daquelas desejando "Um domingo abençoado pra você"; ou ela também pode conter um lembrete pra algum combinado durante a semana; ou ela pode ter o melhor de todos: uma fofoca. Você até pode negar pra si mesmo dizendo que não faz, ou gosta de fofoca, mas você adora quando descobre uma. Quando tem o prazer de passar adiante então? Aí é quase como um presente fora de época.

O poder da fofoca é tão grande que ela pode chegar do outro lado do mundo em pouquissimos minutos, só depende de quem você é e o quão engajada você está na sua missão de fazer a fofoca transcender.

Outra coisa sobre a fofoca, é ótimo quando nós estamos apenas a passando adiante, mas é ridiculamente horrivel quando somos alvos dela. Ninguém gosta de ver os outros falando sobre você tão abertamente e criando fatos e estórias que sequer são realidade; mas dizer que você nunca foi alvo de fofoca também é mentira. Se achar que não foi é só porque não sabe ainda.

A fofoca no Rio de Janeiro corre dez vezes mais rápido que qualquer outra cidade brasileira; a internet dos grupos de whatsapp parece mais veloz, fazendo que as mensagens mal sejam digitadas pra já estarem nos olhos de outros.

Ivy mal avistou, ou teve certeza, de que aquela mulher morena sentada na mesa perto da janela era Bianca e já foi logo mandando mensagem no grupo que compartilhava com as quatro amigas da época da escola. Ler "Bianca Andrade está no Rio de Janeiro" provoca diferentes expressões no rosto de cada um. Um fã da marca Boca Rosa pode achar sensacional ter a empresária tão perto, um amigo antigo pode pensar numa oportunidade de reencontrar a morena, mas Rafaella não era nenhum dos dois, e só pensava na raiva que sentia daquela mulher. Raiva talvez não seja a palavra certa, mas um rancor leve talvez? Ou uma vontade louca matar a mulher que lhe quebrou em pedaços e depois desapareceu. Mais de uma vez.

Antes que Rafaella sequer pudesse se dar conta do surto que estava acontecendo dentro dela, Manoela entrou em seu escritório com o semblante preocupado.

"Rafa? Você tá legal?" Perguntou calmamente sentando-se na poltrona logo a frente da mesa da mineira.

"Sim! Tudo certo! Porque? Tá tudo certo com você?" Retrucou tentando mascarar os seus próprios surtos. Parecia que cada pedacinho do seu cerébro estava gritando o nome de Bianca em alto e bom tom.

"É que eu vi a mensagem da Ivy e achei que talvez você... você sabe... não sei." Disse em tom confuso fazendo Rafa franzir o cenho. "Esquece o que eu disse; eu só queria dizer que eu vou fazer o que for preciso pra você não ver ela." Assegurou firme.

"Tá tudo bem, Manu! Eu também não pretendo ver ela não..." Respondeu torcendo pra que realmente não encontrasse a carioca.

"Ela não falou nada?"

"Porque ela falaria? Já faz quase um ano que a gente não se vê e nem se fala; e eu pretendo continuar assim." Rafaella estava certa de que, se dessa vez Bianca tentasse qualquer tipo de contato, ela ignoraria. Não se deixaria levar por mensagens fofas e pedidos docéis. A empresária não merecia mais nada vindo da mineira.

"É que sei lá né... A história de vocês com esses reencontros e desencontros..." Manoela respondeu dando de ombros.

A paulista já estava praticamente acostumada, por pior que seja, a consolar Rafaella toda vez que ela e Bianca se encontravam. Durante nove anos a história foi praticamente a mesma; as duas estavam na mesma cidade, se encontravam as vezes por coincidencia, as vezes por intermédio de alguém, e por duas vezes de uma vontade vinda das duas, e em todas essas vezes Rafaella acabava decepcionada. A unica vez que a mineira não 'saiu por baixo' foi na ultima vez que Bianca esteve no Rio de Janeiro.

End Game  |||  RABIAWhere stories live. Discover now