24. Recomeço

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Outubro, 2016

Eu não sei vocês, mas pra mim, de vez em quando, a palavra recomeço parece ser usada de uma forma ruim, trabalhosa. É como se recomeçar fosse uma coisa que só quem realmente precisa, faz. Se você nunca precisar recomeçar na vida, melhor. Estranho né? Até porque estamos cheios desses recomeços.

Quantas vezes na vida você já teve que recomeçar? Recomeçar do inicio, ou de onde parou, ou da metade, ou do fim, fazer tudo de novo. Tem tantos tipos de recomeço que a vida, as vezes, parece um ciclo vicioso que recomeços. Todo dia você recomeça de algum lugar. Quando vai pro trabalho, recomeça o que deixou no dia anterior.

Me incomoda que os recomeços sejam visto de uma maneira tão ruim quando, na verdade, eles são segundas chances que você opta em aceitar ou negar. Rafa nunca viu os recomeços como uma coisa ruim; é certo que eles só aconteciam como sucessores de algum acontecimento ruim, mas no geral era sempre uma oportunidade nova de ser melhor. Já teve que recomeçar tantas vezes com o comportamento escorregadio de Bianca que já se considerava, praticamente, uma profissional no assunto.

"Que tal RANU?" Manoela sugeriu deitada no sofá da sala da mineira.

"Que? Horrível, Manoela!" Contradisse a mineira, deitada no chão logo do lado. "É dificil esse trem de escolher nome né?"

"Você desde que voltou de Goiânia tá cheia das gírias do interior, né?" Brincou a paulista tentando descontrair. "Era a junção dos nossos nomes, amiga!"

Já estavam há algumas horas pensando em nomes pra empresa que abririam juntas. Faziam alguns meses que Manoela estava insatisfeita com sua vida de atriz; atuava em algumas novelas pequenas na Globo e era isso, mas não estava contente. Rafa também não estava 100% feliz trabalhando na empresa de turismo em que estava desde a formatura e por isso ela e a amiga decidiram unir forças.

A ideia era trabalhar com casting terceirizado. Manu, usando toda sua experiência pra selecionar talentos que poderiam fazer de comerciais à filmes, e Rafa usando tudo que aprendeu na faculdade pra administrar a empresa. Parecia uma ideia genial, apesar de que investiriam do próprio dinheiro, que não era muito, e ainda precisavam de um nome.

A empresa conectaria talentos que não sabem como entrar no mundo do entretenimento à essa industria, que sempre precisa renovar a equipe."Tem que ser um nome legal, que chame atenção." Rafa opinou ignorando a brincadeira da baixinha. "NARS?"

"Da onde vem isso?" Manoela perguntou deitando de lado no sofá fitando a mineira.

"Não sei, só veio na minha cabeça mesmo."

"E MARS? NARS parece alguma coisa com narcóticos. MARS ainda dá pra fingir que é marte em inglês." Opinou a paulista arrancando um riso leve da mais velha.

"Eu gostei da ideia. Pode ser tudo em letra maiúscula né? Um letreiro bonito..." Rafaella começou a imaginar uma possível sede da empresa. Coisa pro futuro, obviamente.

Rafa estava feliz por se permitir, mais uma vez, recomeçar. Achou que as coisas estavam um pouco perdidas quando terminou a faculdade, se formou, e começou a trabalhar em um lugar que não a deixava tão empolgada como gostaria. Não podia culpar o curso por isso, escolheu administração por não saber o que fazer, mas no final das contas até que foi a decisão certa.

Bianca, em São Paulo, também se deu a oportunidade de recomeçar, meio que a contragosto. Flayslane a manteve em pé e, também sem muita vontade, arranjou mais trabalho pra carioca se ocupar. A mandava em lojas pra criar um relacionamento com as vendedoras; depois fazia a menina gravar horas de videos de divulgação; tudo com a intenção de mante-la ocupada.

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