18. Silêncio

2.1K 175 151
                                    

Novembro, 2013

Silêncio ensurdecedor. Com certeza você já escutou essa frase clichê em outras histórias né? É uma forma muito típica de descrever um silêncio desconfortável. Aliás, o que te faz pensar que essa história não é outra clichê? Você acha que o final vai ser feliz? Acha que depois de tantos anos Rafa e Bia se acertam? Talvez você tenha razão, mas também pode estar completamente maluco. O nome dado a história é End Game, o que isso te lembra além da musica da Taylor Swift? End é fim em inglês, game é jogo; a dupla interpretação fica a critério de vocês. Quer ver o copo meio cheio e pensar que end game está sendo usado como uma forma de dizer que Bianca e Rafaella são 'end game' uma pra outra? Dizer que as duas não tem outra saída senão uma a outra? Ou você quer ver o copo meio vazio e dizer que 'end game' é porque o jogo entre elas finalmente acaba? Rafaella fica com um sertanejo qualquer e Bianca se perde nas noites paulistas. Silêncio. Silêncio é a duvida e questionamento, pode também ser concentração. E eu acabei de fazer isso, agora você esta em duvida e em silêncio.

Se abrir com Manoela naquela noite no restaurante quase um ano atrás definitivamente ajudou Rafaella a seguir em frente, na medida do possível. Namorou por quatro meses um garoto que também estudava na federal com ela, o que foi legal. Tiveram diversas 'aventuras' e Rafaella se sentia um pouco mais madura depois daquele namorico. Suas verdadeiras experiencias começaram logo depois; quando se abriu mais ao mundo e experimentou de tudo; ainda mais tendo como sua principal companhia Marcela, que já estava bem entendida do assunto.

Virou e mexeu e a fofoca sobre o passado compartilhado de Bianca e Rafaella se espalhou entre as amigas. Todas elas acabaram sabendo, algumas com mais detalhes que as outras, mas absolutamente todas elas tiveram que jurar não perguntar nada a Bianca. Sabe onde isso deu né?

Enfim, já era novembro de 2013. Rafa já estava no segundo ano de faculdade e completamente apaixoanda pelo curso, mais do que esperava. Se sentia completa, na medida do possível. Ultimamente tudo vem sendo bom, mas na medida do possível. Sabia bem o que faltava.

Bianca, em São Paulo, começava a fazer sucesso. O nome da sua marca virou praticamente o seu nome, as vezes as pessoas a chamavam de 'boca rosa' ao invés de usar seu verdadeiro nome; mas ela estava ok com isso, contanto que sua marca continuasse vendendo. A empresária teve que fazer diversas contratações e expansões, já que o time que tinha ganhado no concurso agora já era pouco pra dar conta de tantas coisas. Quando conseguiu o contrato de cinco anos com a empresa ela foi a loucura: procurou os melhores profissionais dentro do seu preço e começou a investir pesado naquele sonho. Tinha poucas outras coisas pra acreditar, e isso foi seu refúgio. Em uma dessas loucuras contratou Flayslane como sua assessora. A nordestina já era sua melhor amiga, sabia de quase tudo sobre a sua vida, e era extremamente boa em descobrir informações; não via outra razão pra que a amiga não ocupasse a posição.

"Boca rosa, onde tu foi se meter, mulher?" Flay estava fazendo seu papel como assessora muito bem, e isso se provou quando Bianca sumiu do mapa, desligou o celular, e ficou por quase quatro horas incomunicável. Desapareceu tão bem que nem Flay conseguiu encontra-la. Ah, o hábito de chama-la de boca rosa veio como uma forma de irritar a carioca.

"Tô no Rio, Flay, vim ver meus pais e meus irmãos, mas relaxa que em dois dias eu já to de volta." Explicou como se aquilo não fosse nada demais, e talvez pra ela não fosse, mas pro planejamento de Flayslane definitivamente era.

"Puta que pariu, mulher! Tu fica dois anos sem colocar os pés nessa cidade e agora tu some? Porque tu não me avisa?" Falou braba ao telefone.

Bianca definitivamente devia ter avisado a acessora que estava tirando uma folga curta, mas não queria, de forma alguma, levar a amiga pra aquele lugar que cheirava a problema. Só de pensar na possibilidade de Flayslane e ela encontrarem com Rafaella na rua ela já se sentia nervosa. Não devia temer o encontro com a mineira, mas tinha medo de enfrentar aquilo que deixou pra trás. E mais, ainda não sabia se, naquela época, amava Rafaella ou não, se queria ficar com ela ou não; e tudo isso ainda a confundia. A carioca não devia estar pensando naquilo agora.

End Game  |||  RABIAWhere stories live. Discover now