Capítulo 4

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"Ela se aceita completamente, mesmo quando quer modificar partes de si. Existe uma autoconsideração e um amor por ela mesma que são básicos, e que devem ser alimentados."

                  (Grupo MADA:Característica de uma mulher que amou demais)




Seis meses depois....

Suzana...

Acabei de dar faxina na minha casa, me sinto calma, a música da Lana Del Rey - Vídeo game, toca no cd. Me sinto flutuar como há muito tempo não sentia. Ontem, foi a reunião do grupo, já não tomo mais os calmantes para dormir à noite, já não tenho mais muitos pesadelos e os poucos que tenho, consigo controlar. O tópico de ontem no grupo foi: "Como experimentou pouca segurança na infância, tem uma necessidade desesperadora de controlar seus homens e seus relacionamentos. Mascara seus esforços para controlar pessoas e situações, mostrando-se 'prestativa'.

Estou aprendendo a controlar minha vida, a me amar, já consigo olhar para as fotos do Pedro, sem muita dor. As cenas daquela noite, aqueles meses em que comecei a surtar, está virando um borrão nebuloso na minha mente. Estou me sentindo mais segura sobre mim.

O ciúme é uma doença, te leva a um círculo vicioso, e como toda doença sintomática, se espalha dentro de você. Não percebemos, não vemos, apenas sentimos. Hoje, eu sei que por ter sido abandonada em um orfanato, aquilo ficou fixo dentro de mim. De algum jeito, mesmo eu não ligando, a minha mente fixou o abandono, o medo de ser sozinha. Quando minha mãe me adotou, ela me deu tudo o que podia me dar e era o amor dela que me sustentava.

Hoje vejo que amei o Pedro sim, mas era um amor com medo da rejeição. Por não me sentir segura para caminhar sozinha, mas hoje estou aprendendo aos poucos. Depois daquela noite, há seis meses, eu não continuei a ser uma garota de programa, não levava jeito. Ri comigo, ao lembrar-me do dia seguinte de manhã bem cedo quando Mariane me ligou e pedi que ela viesse em minha casa. Contei a ela tudo o que aconteceu naquela noite, ela ria muito.

— Suzana — Disse ela entre risos — Não custa nada tentar descontar o cheque, vamos lá ao banco. Eu vou com você, sacamos a grana com gerente, pegamos um táxi e logo depois, vamos direto ao seu banco depositar o dinheiro.

— Mas Mariane e se formos roubadas em uma saidinha de banco?

O celular dela tocou, era Luana.

— Sério, Lu? Bom diz a ele que você não sabe nada de Suzana. Diz que você só a conheceu naquela noite por intermédio de uma amiga e que ela sumiu no mapa. Que nem o nome verdadeiro você sabe... Tá, vamos nos encontrar mais tarde e beber umas tequilas. Suzana te conta a história. Você vai morrer de rir... Ok, até mais tarde.

— É Suze... disse ela rindo — Vamos ter que ficar com esse plano mesmo, o seu gato gostoso está atrás de você.

— Já que não tem jeito, vamos lá. Eu sabia que eu tinha provocado ele, aquele mimadinho.

Foi até fácil e ele não tinha sustado o cheque. Quem descontou foi a Mariane, assim que saímos, pegamos um táxi e fomos direto ao banco em que eu era cliente. Conversei com a gerente e em uma hora, a grana já estava depositada na minha conta. Paguei tudo que eu devia e comprei até um notebook para mim. Suspirei aliviada, pois com o dinheiro que sobrou, eu poderia tentar arrumar um emprego com mais calma.

Duas semanas depois, Mariane me deu a boa notícia. Tinha conseguido arrumar um trabalho para mim na firma onde ela trabalhava. Ela era a assistente de uma das advogadas do jurídico e eu seria a secretária delas, pois eles estavam com muito trabalho. A empresa estava sendo totalmente reformulada por conta do novo chefe que estava assumindo a presidência e a antiga secretária tinha entrado em licença maternidade.

Intenso Demais - Série Destinos Traçados - Livro 1 ( Degustação )Onde histórias criam vida. Descubra agora