Hope

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   —Os últimos vídeos ou registros dele acabaram ali. – Sizhui sussurrou para JingYi, enquanto aproveitava o fato de Jin Ling estar no banho. Havia segurado aquilo a noite inteira e já não aguentava mais de ansiedade. – E teve um barulho tão alto no fundo, parecia que tinha alguma coisa desmoronando. 

   —Será que as paredes do dormitório cederam? Pode ter caído alguma árvore em cima ou sei lá. 

   —Não tenho ideia, mas pode ser que sim. Quando nós achamos a câmera haviam outras coisas e entulhos naquele jardim, lembra? 

   —E atrás da casa tinha um prédio que desmoronou... – JingYi seguiu o raciocínio. – Caramba, será que a câmera voou pela janela? 

   —A gente nem parou para reparar se a casa estava inteira. – Sizhui comentou, mudando de posição na cama. 

   —Eu parei. A frente estava normal, mas atrás parecia que tinha desmoronando. 

   —Nós podemos voltar lá? 

   —Com o Jin Ling? – JingYi arqueou uma sobrancelha. – Ele está respeitando seu espaço porque sabe que é alguma coisa pessoal, mas levar ele com a gente vai atiçar a curiosidade. 

   —Nós só temos mais hoje, porque amanhã temos que arrumar as coisas para voltar. 

   —Tudo bem, se ele fazer muitas perguntas eu colo fita na boca dele. – JingYi se levantou, indo até a porta do banheiro e começando a esmurrá-la. – Anda logo, garoto! Vou ter que chamar um guindaste?

   Algumas horas depois os três já se encontravam dentro da cidade fantasma novamente. Dessa vez quem parecia mais ansioso para entrar era Sizhui, que andava na frente dos dois amigos enquanto olhava em volta, tentando reconhecer os lugares que havia visto nas gravações. Quando chegaram em frente a casa que haviam achado a câmera, o garoto seguiu até os fundos desviando de alguns pedaços de concreto e vidro até ter a visão do que um dia foi um belo prédio universitário. 

   Assim que conseguiu entrar no terreno deu de cara com flores, crucifixos, fotos, velas e outras coisas espalhadas pela parte limpa. Ao que tudo indicava algumas pessoas que conheciam as vítimas iam ali prestar homenagem. Novamente, Sizhui sentiu um aperto no peito enquanto corria o olhar pelas fotos, mesmo que não houvessem fotos de Wei Ying ali ainda eram muitas vidas perdidas.

   Seus olhos pararam sobre um homem de meia idade que estava deixando algumas flores em frente a foto de um rapaz. 

   —Com licença. – Sizhui pediu, se aproximando dele e se curvando brevemente antes de continuar. – Senhor, desculpe a pergunta, mas... o que houve nesse prédio?

   —Desmoronou durante o furacão, matou quase todo mundo que estava aí dentro. – Explicou calmamente. 

   —Quase?

   —Algumas pessoas estavam em um lado do prédio que não foi atingido de imediato, tiveram a chance de fugir. 

   Um estalo soou na mente de Sizhui, fazendo-o constatar que Wei Ying podia estar do lado do prédio que não foi atingido. Por isso o barulho alto e o tremor. De repente, havia começado a se perguntar onde WangJi estava quando o prédio desabou.

   —É parente de alguma vítima? – O homem perguntou, após um tempo em que ficaram em completo silêncio. 

   —Não exatamente. – Sizhui desviou a atenção para ele. – Sou filho de um dos sobreviventes. Lan WangJi.

   —Oh! Eu conheci seu pai. 

   —Conheceu? 

   —Claro, ele era amigo do meu filho.

   Sizhui seguiu o olhar do homem até a foto na qual ele havia deixado flores em frente. 

   —Sinto muito pelo seu filho.

   —Obrigado. 

   —Senhor, perdoe minha indelicadeza, mas sua neta... 

   —Ela sobreviveu. – O homem sorriu enquanto ele respirava aliviado. 

   Wei Ying e A-Ling estavam juntos, então se a garotinha havia sobrevivido ainda havia um pouco mais de esperança em encontrá-lo vivo.

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