Lotus

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   —Não consegue dormir? – XingChen perguntou, assim que WangJi apareceu na cozinha. 

   XiChen havia viajado a negócios e pediu para que ele e Yaling ficassem de olho, só para garantir que WangJi estava bem, o que resultou nos dois praticamente morando com ele durante aquela semana. 

   —Hm. 

   —Yaling também não, a insônia dela está cada vez pior. – Contou, sinalizando com a cabeça para a garota mexendo no notebook, sentada no sofá da sala. – Vou ter que tomar conta dos dois agora. O que me lembra, você tomou o remédio? 

   —Não. 

   —WangJi, eu sei que você não gosta, mas é melhor do que os pesadelos e as crises. – XingChen argumentou, dando a volta no balcão para pegar o frasco com as cápsulas. – Toma. 

   —As vezes eu sinto que você e XiChen me tratam feito uma criança. – WangJi fez careta, pegando o frasco e tirando uma das cápsulas antes de devolvê-lo ao outro. 

   —É porque você é teimoso como uma. 

   Algum tempo depois, WangJi já se encontrava deitado em sua cama enquanto segurava sua medalhinha com um pingente arredondado. Era a única coisa de Wei Ying que havia ficado com ele e, justamente por esse motivo, nunca a tirava.

   —Por que está me dando isso? Não é o símbolo da sua família? – WangJi perguntou, virando a medalhinha em sua mão. Ela era dourada com a gravura de uma lótus de nove pétalas na frente e "Wei" atrás. 

   —Lan Zhan, você é minha família.

   As vezes parecia que ainda conseguia ouvir claramente a voz de Wei Ying em suas lembranças, mas era um pouco torturante. Haviam se passado dez anos e ele ainda não havia superado. Na verdade, achava que nunca superaria. Havia perdido muitas pessoas importantes naquele dia. 

   Com a mente cheia, assim como todas as noites, WangJi permitiu-se cair no sono e só acordou na manhã seguinte. Enrolou um pouco na cama antes de sair do quarto e, assim que abriu a porta, deu de cara com Yaling olhando algumas fotos que haviam no porta retrato da parede. Deviam caber mais de dez fotos ali.

   —Ah... Bom dia. – Yaling sorriu meio envergonhada por ter sido pega bisbilhotando. 

   —Bom dia. 

   —XingChen foi ao mercado e eu fiz o café, espero que não se importe de comer panquecas. 

   —Sabe que não precisa fazer isso, não é? 

   —Sei, mas faço mesmo assim. – Yaling deu de ombros, enquanto os dois andavam em direção a cozinha.

   —Obrigado. – WangJi sorriu fraco, deixando certa sinceridade transparecer em seu olhar. 

   —Sem problemas.

   Os dois tomaram café em silêncio, nenhum deles era do tipo que conversava muito então não era bem um silêncio desagradável. Porém, naquela manhã WangJi notou que Yaling parecia nervosa, como se estivesse tomando coragem para falar alguma coisa.

   —Pergunta. 

   —Hum? – Yaling franziu o cenho.

   —Sei que quer perguntar alguma coisa. – Disse WangJi, vendo-a desviar o olhar para a mesa. – Vá em frente. 

   —É só que... Sua medalha. Onde conseguiu?

   —Alguém importante me deu. – Yaling assentiu, mas agora quem estava curioso era WangJi. – Por que a pergunta? 

   —Porque eu tenho uma igual. – Passou a mão pela parte interna da camiseta, puxando uma medalhinha idêntica a dele. 

   —Quem te deu? 

   —Meu tio. – WangJi a olhou como se esperasse um nome. – Jiang Cheng. 

   —É filha da Yanli? 

   Yaling assentiu, com o cenho franzido. 

   —Conhece minha família?

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