I WILL NOT FORGET - [jikook]

Viagem para um lugar alto

Jungkook estava sentado em uma cadeira de rodas no pátio. A tarde estava mais agradável e o sol era extremamente agradável. Não lembrava quando fora a última vez que conseguiu se sentir tão bem daquele jeito. Sobre suas pernas se encontrava um envelope e pensou talvez ser um erro, afinal, quem escreveria para si? Não conseguia se lembrar das coisas, então não conseguiria nem ler.

Olhou ao seu redor e não havia nenhum cuidador, muito menos outros pacientes tomando sol; apenas a grama rala e os canteiros de flores lindas, que nunca antes havia visto por lá. Na verdade não tinha imagens de como era o lugar que estava internado, mas antes de começar a se questionar, a carta voou de seu colo.

Imediatamente saiu para lhe pegar, parando de joelhos em frente a um canteiro muito colorido. Viu que a parte detrás da carta dizia que era endereçada para si. Rapidamente abriu o envelope e começou a ler:

"Escrevo isso enquanto ainda tenho consciência. Espero que não venha a sofrer muito e que os outros possam viver bem.

Jeon Jungkook."

Não entendeu muito bem, mas flashes de sua vida começaram a passar em sua cabeça. Se permitiu sorrir para todos, até para os mais dolorosos. Se sentia completo. Vivo!

Uma rajada de vento passou e fez as flores farfalharem, como se dessem risadinha por seu rosto abobalhado. Decidiu levantar-se e voltar para a cadeira de rodas, mesmo que não entendesse o motivo de a ter, já que conseguia caminhar. Quando se sentou, o sol havia mudado de posição e podia ver uma sombra ao longe. Parecia uma silhueta. Talvez alguém que trabalhasse naquele lugar estivesse lhe procurando.

Rapidamente correu e acabou trombando com as costas dessa pessoa. Quando a silhueta se virou, todo seu corpo se arrepiou. — Jimin? Meu Deus, Jimin! Como eu senti sua falta. As lágrimas escorriam sem parar e logo já estavam abraçados.

Ambos se abraçaram e foi nesse momento que Jungkook tomou consciência de tudo. Era como se um filme passasse em sua cabeça, era sua própria história, mas ele via de fora. Não estava horrorizado, se sentia em paz.

— Eu queria tanto te ver. - Jimin soluçava, enquanto estavam sentados sobre a grama macia. — Nós finalmente vamos poder ficar juntos.

[...]

Haviam voltado do funeral de Jungkook. Queria apenas deitar e dormir por muitas horas seguidas. A dor era profunda e dilacerante. Quando lhe ligaram aquela manhã, achou ser sobre o novo fornecedor do café, mas era Taehyung comunicando que o amigo havia falecido enquanto tomava sol no pátio.

Se aconchegou na própria cama e ali dormiu por breves instantes, até sentir uma mãozinha lhe puxando pela manga do moletom. Sua filha, que havia ficado com a vizinha, para que os pais pudessem ir ao funeral, estava de volta a casa e como era apegada ao pai foi vê-lo, após a mãe lhe explicar de forma básica o que havia ocorrido.

— O que foi, filha? - Questionou, enquanto a colocava deitada ao seu lado. A esposa iria tomar conta do café naquele dia, então seria bom ficar atento com a criança. — O papai está bem, não precisa se preocupar.

— Não, papai. Não é isso que eu queria falar. - Estranhou o sorriso gigante no rosto da filha, que costumava ser bem sensível a tudo ao seu redor.

— O que quer me contar? - Se recostou na cama e acariciou as bochechas cheinhas da menina.

— É que o tio Jungkook apareceu lá na sala e, enquanto pintava comigo, pediu pra te dizer que ele está bem e junto com o tio Jimin. Depois ele foi embora, disse que tinha que viajar pra um lugar bem alto pra poder ficar com o tio Jimin. - A garotinha tirou de dentro do bolso do moletom um papel e nele havia um desenho de três bonequinhos de palito, escrito Jin, Jungkook e Jimin. — Ele que me ajudou a fazer.

Jin não sabia o que falar. Pegou a filha nos braços e os cobriu com as cobertas, para esconder as lágrimas. A abraçou bem forte e sussurrou para a filha e para Jungkook: Obrigado.

Sentiu um arrepio e abraçou a filha ainda mais forte, que riu e disse: — Ele falou que você chora muito, papai.  

Ambos riram embaixo das cobertas e com um sorriso nos lábios o Jeon pode seguir viagem.