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𝐈 𝐑𝐄𝐌𝐄𝐌𝐁𝐄𝐑
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𝐒𝐄𝐋𝐈𝐍𝐄 𝐌𝐎𝐑𝐆𝐀𝐍

— BOM DIA, RAIO DE SOL! — Philip sorri pra mim enquanto pega uma maçã na fruteira.

Éramos os únicos já de pé naquela manhã. No meu caso, estou acordada desde as quatro da manhã.

Os pesadelos com John, por algum motivo, voltaram. Felizmente no último mês não tive nenhuma daquelas memórias horríveis trazidas de volta a minha mente, mas, pelo que parece, meu período de descanso se foi.

— E a saga dos apelidos continua. — Reviro os olhos escondendo o sorriso que quase aconteceu.

— Eu sei que você gosta. — Piscou.

— Nos seus sonhos talvez.

Sei que ele não é muito fã de ser contrariado assim como eu. Philip apenas disfarça melhor. E é isso que torna a coisa toda mais interessante.

— Não, meus sonhos com você são um pouquinho diferentes, linda. — No mesmo instante que essas palavras saíram de sua boca senti meu rosto ferver.

Philip deixou a maçã sobre o balcão e veio caminhando até mim em passos lentos. Sua expressão mostrava que ele não abriria mão daquilo se eu não o impedisse.

Sacudi a cabeça levemente para que eu voltasse a pensar com coerência, ou melhor, para que eu voltasse a pensar de forma geral.

— Ótimo. Então, aprenda a contentar-se apenas com os sonhos, Philip. — Falei.

— Boa tentativa, — Ele sorriu. — mas não vai me fazer desistir fácil assim, Seline. Disse antes de por seu plano em ação.

Em um movimento rápido Philip me encurralou contra o balcão da cozinha. Suas mãos agarraram firmes a minha cintura e nossos rostos aproximaram-se consideravelmente.

"Fique quietinha, querida."

Como se um interruptor tivesse sido desligado, no mesmo instante todo o clima acabou.

As memórias de John vieram com força e eu simplesmente congelei em pé.

Muito o próximo. Minha mente alertou. Eu não conseguia me mover, não conseguia falar, não conseguia afastá-lo.

Eu estava superando isso, estava progredindo, mas graças aos pesadelos que me atormentaram na última noite minha mente estava inquieta. Não contei a Philip sobre isso, não contei a ninguém.

Percebendo minha estranheza espontânea, Philip me soltou e deu dois passos para trás.

— Você está bem? — Ele pergunta.

Sua preocupação era nítida em seus olhos.

Não digo nada. Apenas passo por ele e sigo para o jardim no fundo da casa.

Preciso de ar. É só respirar e relaxar.

Chegando ao jardim sinto o sol da manhã aquecer minha pele.

Tudo bem, Seline. Puxe o ar e solte. Inspire e respire.

Era só um beijo, mas agora que as memórias do que aconteceu no passado estavam frescas eu me lembrava de cada toque contra a minha vontade. De tudo o que eu passei. De como eu fui usada.

My Guardian Angel Where stories live. Discover now