🐍 Vencedor do Prêmio Wattys 2020 na categoria Fanfiction 🏆
Com antigos seguidores de Voldemort ainda à solta após a guerra, o Ministério se desdobra para prendê-los sem causar alarde. E em meio à perseguição incessante, uma bruxa tenta recompensar...
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O saguão estava lotado de alunos para a visita ao povoado, e Filch só faltava espumar ao verificar os nomes na lista, após lidar logo cedo com uma traquinagem de Pirraça na sala dos troféus. Aproveitando o afinco dele em examinar a bolsa de uma menina da Grifinória, Isis ofereceu uma tira de bacon para madame Nor-r-r-a, cumprindo a promessa feita há dias. Cybele encarou as duas com perplexidade, ciente, tal qual todos os outros, da fama desagradável da gata.
— Filch deve tê-la ensinado a implicar apenas com alunos de Hogwarts — comentou a garota, limpando as migalhas da tortinha de abóbora do vestido.
O Sol insinuava-se por trás das nuvens vez ou outra, proporcionando um clima ameno apesar do vento insistente. Isis fechou o sobretudo azul-escuro e ajeitou o cachecol pouco antes de Cybele surpreendê-la ao enlaçar seu braço ao dela, como se fossem velhas amigas. Depois do duelo com Killian — que nunca desperdiçava a oportunidade de olhá-la feio —, a menina se tornara apegada à bruxa, que já imaginava a decepção que causaria ao revelar a verdadeira identidade.
Ao atravessarem os altos pilares de pedra, encimados pelos javalis alados, Isis tornou-se alerta. Mantinha a convicção de que não ir a Hogsmeade era um erro maior que ir, mas isso não inibia a preocupação em estar além da cúpula de proteção da escola. As duas viraram à esquerda, tomando a estrada para a aldeia, sob o som das passadas patinhando na terra úmida e das vozes alteadas dos alunos entusiasmados. Cybele só parou de falar da Dedosdemel e da Zonko's – Logros e Brincadeiras para respirar.
— O Três Vassouras tem a melhor cerveja amanteigada — disse ao entrarem na rua principal. — Você já provou? É uma delícia.
— Podemos deixar o pub por último? Eu quero muito conhecer a, hum, como é mesmo o nome? Dedosdemel? — Cybele assentiu, animada, e a puxou até a loja de guloseimas.
Foi como se um portal do paraíso tivesse se aberto de repente quando o aroma do caramelo as enlaçou, carregando-as para dentro da Dedosdemel. A temperatura morna era um alívio à parte para a pele dormente. Enquanto Cybele corria para a prateleira com feijõezinhos de todos os sabores, Isis saboreou cada pedaço daquele lugar; os dedos ansiosos por tocar as embalagens multicoloridas do jeito que fizera na primeira vez em que visitara a loja, há mais de uma década. Ela pegou um pacote de Diabinhos de Pimenta, lembrando-se de quando queimara as sobrancelhas e a franja de uma colega da Sonserina que a chamara de sangue-ruim.
Isis apanhou penas de algodão-doce, barras de chocolate e bombons recheados com mousse de morango, que deixavam os lábios rosados, como batom, por horas. Entretanto, precisou esperar vinte minutos até Cybele se decidir entre os sapos de creme de menta e os tabletes de nugá. A bruxa aproveitou a hesitação da colega para dar uma olhada na prateleira de Sabores Incomuns; a bandeja com balas e pirulitos de sangue a fizeram rir ao se imaginar dando-os de presente a Snape.
— Esses são para vampiros! — avisou Cybele, distribuindo as sacolas de compras entre as mãos. — Soube que o professor Slughorn recebeu um na festa de Natal de 96 e serviu vários desses... doces. Já conheceu algum vampiro?
