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As unhas grandes e recém pintadas de preto batucavam nos braços de madeira da cadeira, perto das correntes que serviram para conter diversos acusados ao longo dos séculos, porém não a que se sentava ali naquele instante

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As unhas grandes e recém pintadas de preto batucavam nos braços de madeira da cadeira, perto das correntes que serviram para conter diversos acusados ao longo dos séculos, porém não a que se sentava ali naquele instante. Isis tinha as pernas cruzadas e o olhar perdido nas chamas dos archotes presos às paredes de pedra escura. As testemunhas haviam se apresentando frente à Suprema Corte dos Bruxos, todas ao seu favor, à exceção dos comentários cáusticos de Lucius Malfoy, que não perdera a oportunidade de tecer suas piadas quanto ao relacionamento dela com Underhill.

— Os que são a favor de inocentar a acusada de todas as imputações? — Isis voltou a encarar os juízes na arquibancada à frente ao ouvir a voz gutural do ministro ressoar.

Mãos se elevaram em conjunto, incluindo a de Kingsley, porém a bruxa não perdeu tempo contando-as. Em vez disso, olhou de soslaio para o homem sentado a sua direita, que retribuiu sua atenção no mesmo instante, de maneira tão discreta quanto.

— E os que são a favor da condenação? — Alguns concordaram, fazendo Isis revirar os olhos e suspirar.

Estava sentada há horas, ouvindo um sem-número de relatos que provavam, por a mais b, que era inocente, e ainda assim tinha que lidar com os semblantes encruados dos juízes voltados na sua direção. Felizmente, isso não importou quando o ministro correu os olhos pela corte e, com grande satisfação, preparou-se para dizer:

— E assim julgamos a Srta. Isis Blakeley-Dubhach inocente de todas as imputações.

"Sem palmas?", pensou, levantando-se e abotoando o blazer, antes de cumprimentar os juízes com um aceno singelo de cabeça. A alegria se expandia no peito como um balão, unindo-se ao êxtase em que ainda se encontrava por ter se livrado de Underhill. Repassava a cena que se desenrolara na Torre do Relógio várias vezes ao se preparar para dormir, não só pelo contentamento, mas também para reforçar que não seria atacada em sonhos, o que muitas vezes não era o bastante para afastar os pesadelos.

O pior havia passado, sem dúvida, o que não excluía as pendências deixadas pelo caminho, as dores, os machucados não cicatrizados. Finalmente teria tempo para se entregar à restauração intensa de si mesma.

— Então — Aurora enlaçou o braço ao da amiga ao pararem no corredor —, como se sente sabendo que agora está livre de vez?

Snape — que ainda portava os curativos nos antebraços —, Rosmerta, Rhea e McGonagall a encararam, aguardando pela resposta.

— Estou tão feliz que poderia roubar Gringotes — brincou, entretanto a amiga não riu, encarando um ponto além do seu ombro que a instigou a virar. — Ah, olá, ministro. — Isis pigarreou ao ver Shacklebolt sair do tribunal.

— Srta. Blakeley-Dubhach. — Os outros juízes passaram pelo grupo, apressados, e Kingsley aguardou até todos partirem para voltar a falar: — Espero que o ferimento já tenha sarado. Os ferimentos.

Solace ϟ PotterversoWhere stories live. Discover now