🐍 Vencedor do Prêmio Wattys 2020 na categoria Fanfiction 🏆
Com antigos seguidores de Voldemort ainda à solta após a guerra, o Ministério se desdobra para prendê-los sem causar alarde. E em meio à perseguição incessante, uma bruxa tenta recompensar...
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O colar com a dioptase tornava-se um entretenimento melhor a cada minuto, considerando os assuntos aos quais Isis era obrigada a fingir interesse. Segurava-o entre os dedos de unhas bem cuidadas, rodeados com anéis forjados por duendes — adquiridos através dos meios dúbios de Underhill. Vez ou outra recebia um olhar arguto dele; a indireta para se mostrar participativa para os comensais e possíveis aliados, regurgitando conhecimento como forma de reiterar o empenho dispensado a ela, pelo tutor, durante anos. Muito bem adestrada.
O salão da casa senhorial nunca estivera tão cheio. Por entre candelabros flutuantes e sob lustres de cristais, bruxos, e criaturas mágicas escolhidas a dedo, conversavam e dançavam ao som amplificado, saído do toca-discos posicionado em um dos cantos do lugar. Sem sinfonias trouxas aquela noite.
Isis procurava uma brecha para escapar ao seu quarto, mas não seria uma tarefa fácil. A chuva de meteoros não aguardaria, de boa vontade, até que fugisse dos "amigos" arrogantes do amante. Todas as vezes em que tentara, um novo assunto surgia, um grupo diferente exigia um pouco mais de atenção.
— O Lorde das Trevas está bastante confiante no seu projeto, Erastus — comentou o atarracado Rodolphus Lestrange, sempre mais disposto a conversar quando não estava sob a sombra da esposa. — Quando teremos uma amostra dessa ferramenta excepcional?
— Em breve, com a devida permissão de Lorde Voldemort, sem dúvida. — Os outros concordaram, amedrontados com a ideia de irem contra os desmandos do bruxo das trevas. — Será um avanço sem precedentes não só em interrogatórios e manutenção da ordem, como também na forma de lidar os trouxas que, de alguma forma, roubaram a magia que nos pertence. Uma cortesia do Departamento de Mistérios.
— Um brinde a isso! — disse Rabastan, erguendo a taça com vinho dos elfos.
— Um brinde! — Os outros o acompanharam em uníssono.
Os segundos a mais que Isis levou para se conectar com o momento, e também erguer a taça pela metade, foi o suficiente para arrancar um olhar atravessado de Underhill.
— Ao brilhantismo de Erastus — adiantou-se em dizer, recebendo acenos de concordância — e... ao Lorde das Trevas.
Ela tomou o resto do conteúdo e estava prestes a dar uma desculpa qualquer para se afastar, até Underhill ergueu a mão na sua direção. Não teve escolha além de segurá-la, dando-lhe um sorriso que acobertava o desconforto em estar ali. Então andou até o centro do salão, consciente dos dedos pressionados em suas costas, puxando-a para perto antes de começar a valsar.
Gostava de dançar, sozinha ou não, embora não se considerasse boa nesta arte. Talvez culpa do nervosismo em fazê-lo com tantas pessoas ao redor; as pernas e os quadris endurecidos não cooperavam.
— O que está fazendo? Qual o motivo deste comportamento descuidado? Eu já disse que não há razão para ficar nervosa.
— E existe um abismo entre você falar para eu não ficar nervosa e, bem, eu ficar nervosa. — Isis olhou ao redor, porém os rostos viravam um borrão ao ser conduzida com presteza.
