XV

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Dimitri olhou para os papéis que tinha em mãos e demorou  acreditar, os lucros obtidos pelos Cartéis  da Venezuela, Colombia e Bolívia o deixariam descansar  por um bom tempo, das transações daquele local.
Isto o manteria  tranquilo para resolver suas pendências na Rússia, ser líder de uma organização criminosa exigia muito de seu tempo e as vezes sentia o peso disto nos ombros.
Não  precisar viajar a tantos países em um curto intervalo de tempo já o pouparia vários deslocamentos.

- Dimitri, está a horas trancado aqui sem comer nada meu filho, trouxe uma vitamina de banana e cereais para você - Mércia disse ao adentrar o escritório

- Mércia, o que seria de mim sem você? - ele se levantou e a abraçou 

- hum você  me parece muito contente , há algo que não sei ? - ela o acariciou o rosto.

- nada demais, apenas sorte nos negócios . - ele piscou engolindo o líquido cremoso

- negócios? Desde quando se anima assim por negócios? - ela o olhou de maneira examinadora

- Desde sempre Mércia!

- bom, aproveitando seu bom humor, quero comunicar que sua esposa me pediu para comprar flores esta manhã.  - ela disse apreensiva

- e porque achou importante me dizer ? - ele levantou a sobrancelha se lembrando do diálogo com Ísis

- bom, não  sei se você concorda com a compra, achei melhor o comunicar antes. - Mércia o olhava com incredulidade

- Eu a autorizei Mércia, a propósito em breve iremos receber um casal de amigos, ainda não  sei quando exatamente, mas sugiro que já  prepare minha esposa para isto.

- Desde quando você recebe visitas Dimitri ?

- Guilhermo não pode nem ser considerado uma visita Mércia, - ele sorriu

- aah quanto tempo não  vejo este menino! Me lembro tanto de vocês dois juntos - Mércia exclamou

- Ele coincidentemente se casou com Lívia,  uma amiga que Ísis cultivou no colégio interno. Neste momento estão a espera do primeiro filho e desejam que sejamos nós os padrinhos. Lívia prefere vir fazer o convite a Ísis pessoalmente. 

-  Acho que o destino finalmente resolveu ajustar os trilhos da sua vida meu menino - Mércia o beijou a face é se retirou com a bandeja de prata

Ela estava feliz com o rumo que a vida de Dimitri estava tomando, a cada dia o sentia mais humano.

Ísis penteou os cabelos molhados de Melina e ajeitou a tiara em sua cabeça.

- Meu pequeno amor, como você está crescendo rápido! - ela beijou a face da sobrinha - estou me esforçando  muito para te salvar deste lugar, antes do que imagina a deixarei livre Mel!

Ísis devolveu a pequena bebê para Luci, a levaria para passear mais tarde. Mas, naquele momento precisava colocar mais uma parte de seu plano em ação

Ela caminhou pelo ambiente escuro e sem vida da mansão, até chegar ao escritório do marido

- Posso entrar ? - ela questionou ao bater a porta

- entre! - a voz firme de Dimitri respondeu lá de dentro

- Como está em casa hoje, gostaria de saber se quer algo em especial para o jantar ? - ela disse o olhando  sorrateiramente

Dimitri a olhou por alguns segundos, ela vestia uma blusa verde água e uma saia curta branca com estampas de folhagens verdes.

- onde conseguiu estas roupas? - ele disse ao se levantar

- comprei um dia destes, gostou de como ficaram em mim  ?

- sabe que não aceito cores dentro de minha casa! - disse firme com o olhar frio e penetrante

- bom, como me permitiu as flores, imaginei que já não haveriam problemas com cores - ela se aproximou o bastante para ser tocada por ele

- não  se faça  de sonsa Ísis- ele rosnou a segurando  o braço

- não existem flores negras Dimitri, se podemos ter flores aqui, porque eu não posso ter uma roupa colorida ? - ela puxou o braço se soltando de seu aperto

- tire está roupa agora ! - ele a apertou contra o corpo segurando firme em seu rosto

- Eu não  vou tirar Dimitri sabe porque? O problema não é minha roupa colorida, é a tua covardia! - ela sussurrou contra o ouvido dele

- não  me provoca Ísis! Você  não  vai gostar de me ver furioso - disse a empurrando contra a parede

- Vai fazer o que? Me bater? Me machucar ? Gritar comigo que é  o meu dono e eu devo lhe obedecer? Isto eu não me assusta Dimitri.

- não me desafie Ísis- ele apertou as mãos em sua face

- Passei a vida sendo ferida, maltratada. Sua frieza e falta de amor não são nem de longe o que eu experimentei por anos ao lado de meu pai. Ele gritava comigo todas as vezes em que não tinha mais argumentos para usar contra mim. Me batia quando eu não era a múmia adestrada que ele exigia que eu fosse. Minha vida sempre foi um inferno, então eu já não tenho medo do diabo.

- Eu posso ser muito pior que isto - ele rosnou

- Tanto você quanto   meu pai não  passam de covardes, que usam a merda de um título de mafioso para esconder os cagões que realmente são! Dois homens de merda que não respeitam a mulher que está ao seu lado.

- Ísis! Cala a boca! - ele gritou impaciente

- olha pra você, um desequilibrado que não suporta ouvir a verdade, quem é você além de um mafioso? Onde está a sua coragem quando não há uma arma em sua cintura e dez seguranças a sua volta? - ela o segurou  pelo  colarinho de sua blusa - Me diz Dimitri o que sobra deste homem imponente e agressivo quando não há a carcaça do mafioso sombrio para se esconder ? - ela o olhou profundamente com a imponência de quem cuspia a verdade nua e crua

Ele permaneceu em silêncio a traçando com o olhar frio e penetrante, na verdade não sabia ao certo o que dizer naquele momento.

- Você não sabe? Eu respondo para ti, quando não há esta fantasia do Capo poderoso e cheio de ódio interno e gratuito, você é um homem Dimitri, um homem de carne e osso. Cheio de medos, frustações e incertezas, que não sabe porque o seu destino era ser um merda de um criminoso. Você ainda é um menino carregado de fantasias e desejo da Infância.- Ela o sentiu afrouxar as mãos em teu rosto
- mas acima de tudo você carrega culpa, sofre se sentido culpado por algo que não estava em suas mãos. Você não odeia cores, você odeia o fato de que elas o fazem encarar algo  que  tanto quer fugir. - ela descansou a cabeça no ombro dele e o beijou o pescoço

- talvez você tenha razão- ele disse inexpressivo

- talvez ? Eu tenho razão meu marido, e você sabe disto. Eu estou aqui agora despida de todos os meus medos, me entregando de corpo e alma a um casamento que não  planejei, a uma vida que nunca desejei. Seria pedir muito que você também tente junto comigo a vencer nossos medos? Eu me sinto tão segura ao teu lado, eu perco todas as minhas inseguranças quando me segura nos braços- ela o acariciou os cabelos - Já você  não se sente confortável o suficiente nem mesmo para suportar que eu me vista como gosto, talvez eu realmente seja muito pouco para estar aqui.

- Você  não  é  pouco, eu me sinto bem contigo. - Ele fechou os olhos sentindo o cheiro dela - mas algumas coisas são difíceis pra mim

- E continuarão sendo até que você seja corajoso o suficiente para lidar com elas, pare de alimentar algo que está o destruindo Dimitri. - ela segurou a mão máscula e dedilhou as veias altas- Se manter preso a mágoas, culpas e medos é como beber uma dose de veneno todos os dias. O que o atormenta? Me diz, eu quero que sejamos um parte do outro assim como juramos em nosso casamento

- um dia você  saberá- ele a afastou e deixou o ambiente caminhando a passos largos

Ísis sabia que ele não demoraria a ceder a suas investidas e acabarei dizendo o que ela queria ouvir...

O imperdoável Where stories live. Discover now