O imperdoável

XVI

Caio fechou a página de seu livro após não conseguir se concentrar na leitura,  estava exausto de mais um dia de trabalho seguido de uma noite sem dormir bem.

O divórcio  estava o fazendo mal, não queria se separar mas no fundo Sabia que Rinara estava fazendo a coisa certa, aquele casamento já não a fazia feliz e o divórcio seria a única opção para ela, mesmo gostando da esposa nunca a amou como deveria.

" não  aguento mais disputar espaço com alguém que já morreu"

Foram suas últimas palavras antes de sair de casa, ele nunca havia esquecido Rebecca, Rinara  lutou contra isto por muito tempo mas estava cansada de remar contra a maré,  enquanto o marido permanecia confortável em sua condição de apaixonado pela ex.

Caio havia acabado de publicar uma matéria sobre Gian Lucca e a sujeira da máfia Italiana, suas reportagens haviam ligado a polícia a vários nomes de criminosos o que vinha abalando a estrutura do núcleo mafioso.
Diante a todos os riscos aos quais estava sendo exposta a esposa preferiu encerrar de vez o elo entre eles. Rinara sabia que todo aquele empenho em desvendar os segredos da máfia  e ódio por Gian Lucca Berlusconi era única e exclusivamente por ele ter o afastado de seu verdadeiro amor, a inesquecível  Rebecca. Ela tentou por anos ser a única dona do amor de Caio mas sentia que falhava nesta missão todos os dias. Sendo sua alternativa final seguir seu rumo sem ele.

Após andar pelo agora vazio apartamento e se sentir completamente sozinho, ele ouviu o celular tocar ao longe e se lembrou de que o havia deixado no quarto.

- alô- ele disse ao atender um número que não  conhecia

- Caio Delarossi?! - a voz feminina disse do outro lado da linha

- ele mesmo, quem gostaria?

- primeiramente devo dizer que estou lisonjeada em ser atendida pelo diretor chefe do I Giornalle, me chamo Helena Hazembaieva e tenho informações muito importantes que talvez você queira acessar. - disse empolgada

- Certo Helena, podemos começar este assunto com a senhorita me dizendo onde e como teve acesso ao meu telefone pessoal ? - Caio disse seriamente

- digamos que através de muito esforço, e promessas de que minha fonte permaneceria em sigilo. - sua voz parecia esconder algo

- sendo assim, vamos ao ponto principal, quais informações você poderia me fornecer ?

- Tenho detalhes fundamentados sobre  a máfia Italiana, Russa, Espanhola e Chinesa, sei que seu jornal está desenvolvendo várias matérias sobre isto e o quanto posso lhe ajudar.

Caio se levantou da cama caminhando pelo quarto,

- Estou todos ouvidos

- Não posso dizer pelo telefone, precisamos nos encontrar pessoalmente.

Caio sabia do interesse dos mafiosos em o eliminar o quanto antes, estava tudo muito estranho, uma ligação misteriosa oferecendo informações uma armadilha perfeita, mas ele não  iria cair assim tão  facilmente.

- Bom, imagino que saiba o quanto eu sou um homem ocupado, infelizmente não tenho agenda para um encontro no momento. De qualquer maneira agradeço por se lembrar de mim. - ele disse pausadamente

- Creio que gostaria muito de me ouvir Caio, lhe sugiro a reconsiderar minha oferta.

- a troco de que eu faria isto? Nem ao menos sei se realmente suas informações são úteis.

- Me encontre amanhã no Coffe San Francisco, as 14:00 horas e descobrirá por si mesmo. - disse deslizando o celular

Caio se dividiu entre a curiosidade e  a cautela, seria mais uma noite difícil para ele, talvez só conseguisse se decidir sobre aquilo minutos antes da hora marcada por Helena.

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Ísis sorriu ao pegar Melina no colo, ela estava a cada dia mais radiante e isto a dava forças para se manter firme em seus objetivos.

- vamos ver como está nosso jardim meu amor?! - ela caminhou pela casa com a pequena bebê em seus braços

Dimitri saia de seu quarto  e encontrou a esposa no corredor

- estamos indo ao jardim, venha conosco - Ísis disse sorridente

- preciso resolver um problema agora- ele respondeu sério observando o vestido vermelho florido de Melina

Ísis se aproximou colocando Melina no colo do pai

- Tenho certeza que não se trata de um problema tão importante, que o impeça de passar alguns minutos ao lado de sua família

- Ísis pegue está menina eu não sei carregar- ele disse afobado segurando Melina de forma desajeitada

- pois trate de aprender! Onde já se viu um homem que carrega beretas, Fuzis,metralhadoras ser intimidado por uma bebê- ela gargalhou e seguiu caminhando

Dimitri a olhava incrédulo, irritado com a situação

- Ísis pegue a menina! - ele rosnou atrás dela 

- está se saindo bem meu marido, vamos até o jardim ! - ela seguiu a frente e Dimitri reclamando atrás

Ele caminhou por toda a casa com Melina nos braços, até chegar ao jardim, avistou o canteiro de flores que a esposa havia mandado plantar.  Olhou dentro dos   olhos claros da filha e sentiu a mesma ternura que exalava dos olhos de Catarina.
Melina o presenteou com um sorriso delicado ao mesmo tempo em que agarrou o dedo do pai. Ele parou por alguns instantes e a irmã veio a sua frente, Melina tinha o olhar de Catarina como ele nunca havia percebido isto antes ? Talvez por não ter contato com a própria filha, Ísis se aproximou dos dois e sentiu a energia que emanava naquele espaço.

- Dimitri, Melina é o seu presente de Deus, ele a enviou para que você pudesse iniciar uma nova história diferente daquela que se encerrou. - ela abraçou o marido e foi agraciada com mais um sorriso da pequena Melina.

- Ísis eu..

- Shiii, eu sei o que sente agora e o quanto isto o confunde, mas acredite em mim Dimitri isto é bom. Melina está aqui para ser amada  por você,  doi muito em você não ter conseguido proteger sua mãe é sua irmã, cabe a você não se acovardar diante a oportunidade de proteger sua filha. Vamos esquecer a dor do seu passado e construir um presente agora.

Ísis se afastou observando o momento entre pai e filha, Dimitri fechou os olhos absorvendo aquelas palavras, obviamente Mércia havia a contado sobre seu passado, ele deveria estar furioso mas não estava.
Digeria a ideia de que a mulher pudesse estar certa

- Mércia lhe contou sobre meu passado, quando foi isto ?

- Isto importa? Eu sei que esta casa escura, seu trauma com cores e seu afastamento de Melina, tudo isto o leva de volta ao seu passado. Mas, já passou por sua mente que ela gostaria de que seu filho  fosse o menino gentil e carinhoso do qual ela tanto se orgulhava? Deixar seu lar como ela gostava,  Também estaria a alegrando, Melina não é sua irmã Catarina mas precisava de sua proteção tanto ou até mais que ela.

- Ísis você não entenderia- ele se limitou a dizer

- para de se esconder atrás de sua dor Dimitri! Eu estou aqui para trazer luz para esta casa, a partir de hoje vamos ter cores e flores aqui e você verá isto como uma coisa boa porque esta é a verdade! Os tempos de sua mãe foram  a melhor época de sua vida e nós  a traremos de volta. Percebe que tem novamente duas mulheres para cuidar? Que só querem o melhor de você? Assim como Lizandra é Catarina queriam? Quero cuidar da sua filha, a dar amor e carinho mas preciso do seu apoio para isto, também quero cuidar de você mas preciso que me deixe fazer isto. Eu posso te cuidar Dimitri ?

Ísis o abraçou novamente e percebeu lágrimas cairem dos olhos do marido, talvez Dimitri não fosse o monstro desalmado que queria mostrar a todos a sua volta.