cedo | ruben dias ✔

DEZOITO

Já, no interior do seu espaço pessoal, Caetana contorcia-se pelas dores sentidas com a intenção de as fazer desaparecer de alguma forma, contudo parecia que, apenas, piorava, então optou por mergulhar, ainda mais, o seu corpo nas mantas a envolveram-na. Se iria sofrer, sofreria, minimamente, confortável.

- Acho que encontrei! – Com uma caixa de comprimidos que acreditava ser aquela que a varzinense lhe tinha indicado, Rúben irrompeu pelo quarto da mesma. – Como é possível o vosso armário dos medicamentos estar tão carregado?

- O Michel sofre imensas doenças e eu vou pelo mesmo caminho. – Os olhos castanhos do amadorense aumentaram de tamanho. – Estou a brincar, Dias. – Imediatamente, a de cabelos longos e castanhos fez saber, conduziu a sua mão à mesa de cabeceira e bateu, ao de leve, na superfície de madeira três vezes. – Muitos dos medicamentos que lá se encontravam devem estar fora de validade. Eu e o Michel é que, ainda, não tivemos o discernimento de fazer uma limpeza ao armário. – Explicou.

- Quantos costumas tomar? – O seis dos encarnados inquiriu, retirando os comprimidos da caixa.

- Um e, só, posso tomar depois de me alimentar. – A irmã de João indicou enquanto tentava suportar o seu peso com os cotovelos a colidir com o colchão. – Dado que estou sem apetite, parece que vou continuar a sofrer. – Acabou por descansar a cabeça na almofada e um longo suspiro foi solto por ela, manifestando a sua frustração. – Nunca desejes ser uma rapariga, porque, senão, eu mato-te. – Apontou o indicador na direção do moreno, que gargalhou.

- Queres que cozinha alguma coisa para ti? – O colega de posição de Ferro sentou-se no colchão, ficando próximo da rapariga, e perguntou. – Posso não ser um chefe de cozinha, mas consigo safar-nos alguma coisa, o suficiente para te tirar as dores. – A estudante de direito voltou a sua face para a direção do defesa, levou a sua mão aos dedos deste e movimentou a cabeça negativamente.

- O Michel detém um talento nato para a cozinha, herdado da sua mãe. Ele não tarda a chegar. – Revelou. – A minha vontade é ter-te do meu lado. Vêm, lampião. – Quebrou o contacto físico que a unia com o defesa-central benfiquista e gesticulou para que o mesmo se deitasse ao seu lado.

Rúben gargalhou com a evocação da alcunha conhecida para os fervorosos adeptos do clube fundado por Cosme Damião, mas, logo, acatou o pedido da sportinguista, desocupou o lado da cama em que se encontrava sentado, caminhou para o lado disponível ao lado dela e, após ver-se livre do par de tênis da marca internacional, Nike, deitou-se, puxando, de imediato, a rapariga para o seu atlético peito. Caetana acomodou a sua posição a fim de manter-se confortável ao colocar os seus braços a circundarem o tronco do jogador e descansou a sua cabeça no peito deste a escutar os calmos batimentos cardíacos do mesmo. Os dedos do internacional português roçavam nos seus fios de cabelos escuros, proporcionando-lhe carícias e satisfação, e um fraco sorriso surgiu nos seus lábios, pois estava consciente do esforço dele em tentar amenizar as dores sentidas por todo o seu corpo.

Se ela procurava não se apaixonar por ele, o amadorense estava a dificultar-lhe a tarefa. No entanto, já nada podia dificultar a tarefa, visto que a morena, já, se encontra apaixonada por Rúben. Desde o dia em que ele lhe confessou que, também, se sentia assim por ela. Ela, somente, estava a atrasar essa confissão. O motivo sabia lá ela qual era, mas possuía noção que mais tarde, ou mais cedo, teria que admitir, ou passaria pelo sofrimento de o perder, mais uma vez, quando isso era a última coisa que desejava.

Frodo procurou companhia perto do casal, para fazer isso acontecer, saltou para cima da cama à procura de um lugar disponível e, depois da sua volta e meia, descansou o corpo, ocupando grande espaço do fim da cama, e permaneceu com o seu focinho voltado para as faces da dupla deitada a cima dele, contudo os seus olhos cederem ao cansaço. Lentamente, as pálpebras da universitária cederem, igualmente, e, logo depois, o seu corpo a um sono profundo, um processo acelerado pelas carícias e pelo calmo ritmo das batidas do coração do moreno.