VINTE

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Mal escutou a voz computorizada que mostrava que a chamada tinha ido parar à caixa de correio eletrónica, Caetana subiu a sua sobrancelha, estranhando a ausência de resposta por parte do seu namorado. Não era a primeira vez naquele dia. Aliás, ainda não tinha conseguido entrar em contacto com ele desde a última vez que esteve com ele pessoalmente, portanto, a noite anterior. Abanou a cabeça, expulsando os pensamentos que a conduziam a cenários que não queria nem imaginar ser verdadeiros, bloqueou o dispositivo eletrónico, guardando no bolso do seu casaco, e prosseguiu com as compras que necessitava de fazer, seguindo a lista feita antes de abandonar o apartamento que partilhava com Michel.

- A sangria não está na lista, 'Isa. – No momento em que a sua melhor amiga a encontrou no corredor dos congelados, a natural de Póvoa de Varzim reparou nas duas garrafas de sangria e, por entre gargalhadas, não evitou comentar.

- Eu sei. – A de cabelos claros anuiu. – Mas isso não quer dizer que vá ser preciso depois desta noite. – Isabel esboçou um pequeno e inocente sorriso, guardando as garrafas no cesto de compras, junto aos restantes produtos já lá colocados. – O que falta? – Inquiriu.

- A ração para o Frodo. – Caetana indicou, depois de levar o seu castanho ao pequeno papel branco. – Levamos pizzas daqui ou encomendámos? – Questionou a loira, de modo a que ela a auxiliasse na decisão, após um longo período de tempo a mirar as pizzas congeladas.

- Já que estamos aqui, mais vale levar daqui. – A filha mais velha de Maria Fátima respondeu, encolhendo os ombros.

A irmã de João assentiu, retirando três caixas de pizza, assim, tendo a certeza que chegariam para alimentar o trio, e colocou-as no carrinho de compras. Dado os últimos tempos de imenso trabalho nas respetivas faculdades, os dois companheiros de apartamento decidiram, mutuamente, organizar um pequeno convívio, onde, somente, convidaram a licenciada em direito, que envolvia imensa comida preparada por Michel e pela morena num momento de paz e tranquilidade para os dois universitários. Durante o tempo em que o francês organizava a cozinha e os alimentos que, já, possuía na despensa, as melhores amigas percorriam os corredores do hipermercado, Continente, em busca dos alimentos que necessitavam para aquela noite e, também, aproveitando as suas presenças no espaço, as restantes semanas que faltavam para encerrar o mês de março.

A seguir de agarrar no saco de ração destinado para o seu fiel companheiro e de verificar que todos os produtos necessários se encontravam nas certas porções no carro de compras, ao lado de Isabel, Caetana dirigiu-se para as filas de cliente das caixas do estabelecimento comercial. Numa conversa profunda com Isabel, que já tinha notado na inércia manifestado por si, involuntariamente, aguardou pela sua vez, de seguida, quitou a sua despesa e partiu rumo aos elevadores a fim de se deslocar para o piso subterrâneo, não evitando reclamar consigo própria pela ausência de forças para empurrar o carro repleto de compras.

- Hoje é um dia não para ti, Caetana. – Aproveitando a distração da melhor amiga pelo talão de compras para verificar e comprovar os produtos e os respetivos preços, a de cabelos castanhos murmurou, ao mesmo tempo que colocava as compras no interior da bagageira da viatura da loira.

De seguida, arrumou o carro de compras no local e adequado e voltou-se para rumar, de novo, para o automóvel. Ocupou o lugar ao lado do lugar pertencente à jovem advogada, descansou a cabeça contra o vidro e deixou as suas pálpebras fecharam por breves segundos. Escutou o motor a ligar e coagiu-se a abrir os olhos. A voz de Isabel, logo, preencheu os seus ouvidos com a melódica voz a cantar Adore You, da autoria do músico britânico, Harry Styles, levando ao surgimento de um curto sorriso nos seus lábios. O restante percurso para a sua residência universitária foi efetuado por entre duas melódicas vozes a cantarem as músicas que surgiam na rádio.

cedo | ruben dias ✔Where stories live. Discover now