Após a separação

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Kagami on:

Quando eu era criança sempre me vi em situações difíceis, nunca me encaixei com nada e nem ninguém, era completamente isolado. Sempre via as outras crianças junto de seus amigos e me perguntava "quando seria a minha vez?".

Certa vez na escola em uma aula de educação física entrei em um time para completar, acabei que me saindo tão bem que chamei a atenção de todos, me chamaram de "prodígio" e eu fiquei feliz porque achei que isso iria me render algum amigo, mas não. Tudo que aconteceu foi apenas eu ficar com uma fama de "melhor que a maioria", e todas as vezes que eu tentava me destacar mais para chamar atenção era tachado como exibido. Foi nesta época que eu percebi que ficar sozinho é muito doloroso, e eu definitivamente odiava, todas as minhas tentativas de me enturmar eram esmagadas pelos meus colegas.

Me lembro de ter desistido e ignorado todos, mas essa não passou de uma escolha falha. Não sei porque me odiavam tanto, nunca soube, tudo que sei é que a crueldade deles era imensurável, começaram com apenas terror psicológico dizendo coisas como: ninguém gosta de você, vai embora daqui IdiotKagami ... Eu ficava tão bravo, aquilo me deixava louco, eles entravam com tanta facilidade da minha cabeça, cheguei a me julgar como fraco diversas vezes por chorar por essas coisas.

Com o tempo eles começaram a me tocar apenas para me irritar fingindo que iriam me bater, mas um dia realmente aconteceu. Tentei ignorar e seguir em frente mas eles começaram a se acostumar com isso, então tomei a iniciativa de confrontar eles dizendo que contaria o que eles estavam fazendo comigo, mas eles apenas zombaram de mim com coisas como: "é assim mesmo que um filhinho de papai age, está certo, vá lá filhinho de papai, riquinho idiota nem consegue resolver seus próprios assuntos sozinho tem a necessidade de chamar o papai e a mamãe rica dele" ... Eu ficava tão puto! Queria provar que eu não era assim, queria mostrar que apesar da situação financeira da minha família eu não era um arrogantezinho de merda ou um riquinho metido então ... eu apenas me calei.

O tempo passava e eu continuava sozinho até conhecer um certo alguém, um pequeno gato de cor de pelos preto, ele se aproximou de mim sem medo algum em busca de carinho. Era apenas um filhote abandonado por algum morador, ele estava sozinho e provavelmente morreria logo ... ele estava sozinho como eu. Senti empatia por aquele pequeno animal frágil, então comecei a cuidar dele. Todos os dias eu levava meu lanche até o gramado onde ele ficava e dividia a comida com ele, logo em seguida enchia ele de carinho e depois voltava para casa. Eu simplesmente me apaixonei por aquele pequeno gato, considerava ele da minha família mesmo ele não morando comigo, juntei até um dinheiro para comparar uma coleira para ele, ficou uma gracinha no "Fumaça", nome que aliás eu mesmo dei.

Fiquei cuidado dele por meses até tomar coragem e pedir a minha mãe que adotasse o pequeno gato, de começo ela ficou relutante por causa de sua alergia mas ao se recordar de todas as coisas que eu falava sobre ele assim que chegava da escola com um sorriso radiante, ela acabou cedendo.

Sem pensar duas vezes sai de casa correndo para adotar o pequeno filhote, mas quando cheguei lá muitos dos meus colegas se encontravam no mesmo local junto de um cachorro enorme, eu apenas me pergunta o porquê disso. Quando olhei para eles vi também o Fumaça em suas mãos, eles disseram que aquilo era para me dar uma lição e parar de ignorar eles, e então jogaram meu pobre gatinho para que aquele cachorro assassino comesse ele vivo, tudo que pude ver e ouvir foram gritos do meu pequeno Fumaça e seu corpo apenas virando alimento. Eu gritei, eu chorei e tremi mas de nada adiantou, tudo que sobrou foi apenas o sininho da coleira do meu amado filhote, então sem pensar duas vezes fui em direção ao chão pegando o sino em prantos, e assim ficando frente a frente com aquela fera maligna de boca ensanguentada, meu corpo congelou e tudo que fiz foi apenas tremer e chorar silenciosamente, ele latiu para mim e o impacto de sua boca durante o processo do latido fez com que um pouco do sangue fosse jogado em meu rosto, ele tentou me morder e um adulto que passava por ali vendo o que estava prestes a acontecer, segurou o animal impedindo que talvez eu morresse. Naquele dia eu apenas fui para casa cambaleando com o pequeno sino em minha mão, quando cheguei em casa fui completamente ignorado por meu pai que apenas pensava em trabalho, mas minha mãe ela sim não saiu do meu lado por um único momento, ela cuidou de mim totalmente preocupada até a exaustão, segurou minha mão quando precisei e me ajudou com tudo que eu necessitava naquele momento tão difícil. Minha mãe foi um verdadeiro anjo em minha vida, ela resolveu meu problema de bullying e foi ela quem me ajudou a superar, ela e mais ninguém! Apenas ela! Por isso daquele dia em diante jurei que jamais a magoaria ou a faria chorar, eu jurei que seria o melhor filho possível para ela assim como ela foi a melhor mãe.

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