Tattoos Together - [RamKing]

Capítulo 18

P.O.V. King

Acordar em seus braços nunca foi tão confortável. Afinal, eu havia me aceitado. Aceitei amar de verdade, sem receio. Deixei de me condenar, de esconder minhas inseguranças, de negar o que eu sentia. Tudo isso fora deixado para trás no momento em que nos entregamos.
Quando seus olhos se abriram, pareceram buscar pelos meus imediatamente. Seu sorriso no início da manhã era suficiente para fazer o dia inteiro valer a pena. Nada precisava ser dito.
Apenas me aninhei em seu peito, prestando atenção em cada detalhe, tentando marcar aquele momento com precisão na memória. Eu não queria que ele passasse nunca.
Eu queria poder ter Ram comigo até o fim dos meus dias, e essa era uma das sensações estranhas que, há alguns meses atrás, eu pensaria ser incapaz de sentir por alguém daquela forma. Mas era inevitável. Não havia nada dentro de mim que ainda pudesse negar que eu o amava.

P.O.V. Ram

Aproveitei a proximidade para roubar-lhe um beijo na testa.
Eu me sentia no paraíso. King se aninhou no meu peito, e minhas mãos se aconchegaram em seus cabelos macios. Eu juro que poderia passar o dia inteiro com ele daquele jeito, sem cansar.
Mais uma vez, senti seus toques nas tatuagens em meus braços. Seu carinho especial por elas as fazia ainda mais importantes pra mim, já que era um dos meus aspectos físicos marcantes que nem todos compreendiam.
Era algo único, significativo e particular, que agora era admirado por quem eu amava de verdade.

     - Queria ter coragem para fazer uma também - King disse, sem tirar os olhos dos meus braços.
     - Você deveria fazer - sorri - ficaria sexy...
     - Ram! - ele me deu um tapa leve, mas não levou nem 5 segundos pra dar risada.
     - É sério! - ri junto, por mais que eu estivesse sendo bem sincero.
     - Mas eu ainda morro de medo de agulha, esqueceu?
É claro que eu não havia esquecido. Da vez que tive que levá-lo para tomar pontos no machucado da cabeça, ele apertou meu braço tão forte que ficou marcado por uns três dias.
     - Mas você já conseguiu superar o medo de cachorros, certo? Pelo menos dos meus... - foi só eu falar um pouquinho mais alto que os três danados ouviram lá da sala, e entraram correndo no quarto. Os cães pularam na cama e vieram direto encher nossas caras de lambidas, para depois se aconchegarem cada um em um canto.
     - Mas eles são engraçados - King ria, parecendo sentir cócegas com as lambidas dos meus lobinhos - Agulhas nunca poderiam ser engraçadas.
     - Eu tenho certeza que você conseguiria superar mais esse medo. Eu estarei lá com você... não vou sair do seu lado. Posso até me tatuar também.
     - Mesmo? - seus olhos brilharam. Acho que ele gostava da ideia de mais uma tatuagem para acariciar no meu corpo - O que você tatuaria dessa vez?
     - Não sei... o que você tatuaria?
     - Acho que algo com plantas... - ele parou para pensar um pouco - Eu também gostaria de um lobo, como a sua. Tem um significado forte. Eu poderia sempre me lembrar que medos podem ser superados e se tornarem coisas belas. Eu poderia me lembrar que eu mesmo posso sempre me superar e me tornar alguém melhor.
     - Nossa... você é bom nisso - era mesmo possível que ele sempre fizesse com que eu me apaixonasse ainda mais em momentos como aquele? - Poderíamos ter uma juntos. Você pode fazer uma como a minha e adicionamos algumas plantas no design das duas. Aposto que ficaria bem bonito. Conheço bons tatuadores que fariam disso uma verdadeira obra de arte.
- Sério?! - ele se empolgou, mas pareceu um pouco relutante depois de alguns segundos - Faria algo assim comigo?
     - Por que não?
     - Bom... eu não quero que isso aconteça, mas e se um dia as coisas não forem mais as mesmas? E se algo ruim acontecer? Você não se arrependeria de ter isso eternamente marcado?

A maioria das pessoas sempre tinham esse tipo de preocupação com tatuagens. Principalmente quando as fazem com alguém. As coisas mudam tanto durante a vida que temem se arrepender do que marcaram na pele como tão significativo.
Mas eu não era uma dessas pessoas. Para mim, algo que uma vez teve um significado tão forte seria sempre carregado com carinho como parte da minha história, independente das mudanças no meu mundo.
Eu não gostava nem de pensar na possibilidade de que as coisas mudassem entre eu e King, por mais que eu não pudesse ter certeza sobre o futuro... mas eu ainda tinha certeza sobre outras coisas. Coisas mais importantes que o destino incerto.

     - P'King... eu amo você. Tudo que passamos significa ainda mais que apenas amor pra mim - quase me embolei com as palavras por um segundo, distraído com seu olhar atento, que me prendia de um jeito inexplicável - Você me ensinou muita coisa... me fez mudar de muitas formas. Você me acolheu e me mostrou que não preciso encarar tudo sozinho. Você ganhou um significado muito forte na minha vida, e eu sempre vou ser muito grato por isso, não importa o que aconteça. Sem contar que não pretendo permitir que nada ruim mude o que há entre nós... Então não. Eu não me arrependeria.
King me encarou por alguns segundos, voltando a me abraçar apertado logo depois.
     - Você significa muito pra mim, Cool Boy - ele sorriu - Também não vou permitir que isso mude.
     - Então... o que acha? Gostaria de ir fazer uma tatuagem comigo? - eu realmente havia gostado da minha ideia maluca.
     - Eu mal acredito no que vou dizer agora... - King sorriu, como se entrasse na minha loucura - mas sim.

Algumas semanas depois

O dia marcado para as tatuagens finalmente chegou. Decidimos esperar algumas semanas para ter certeza, mas acabamos ficando cada vez mais empolgados com a ideia.
King até viu alguns vídeos na internet para tentar se acostumar melhor com a ideia de uma agulha perfurando sua pele daquele jeito, mas ainda parecia assustado ao entrar no estúdio e ouvir o barulho da maquininha de longe.
Segurei sua mão, tentando acalmá-lo, sem me importar com alguns olhares curiosos das pessoas ao redor.
     - Quer que eu vá primeiro? - perguntei, querendo mostrar que na verdade não era nada demais. Meu processo seria mais rápido, já que eu apenas adicionaria algumas plantas no design da tatuagem que eu já tinha. Mesmo assim eu estava empolgado. O desenho de rascunho havia ficado muito bonito.
     - Acho melhor não... vai que você faz e eu acabo amarelando - ele riu, sem conseguir esconder o nervosismo.
     - Okay... vai lá valentão! - ri baixinho, encorajando-o quando o tatuador nos chamou.
King se agarrou no meu braço, e eu tive que levá-lo até lá, sem largar sua mão nem mesmo quando já estava tudo pronto e o tatuador colocou a maquinha em sua pele pela primeira vez. Acho que meu braço vai ficar vermelho por uma semana depois dessa.

P.O.V. King

Não sei quanto tempo fiquei lá, com o braço esticado, sendo atacado pela maquininha com a agulha demoníaca. Me pareceram horas de tortura, mas quando o tatuador passou o paninho para tirar o excesso de tinta pela última vez, revelando o resultado final, senti que cada segundo torturante valeu a pena.
A tatuagem era igualzinha a de Ram, mas com uns detalhes de folhas e plantas em volta, que conseguiram deixa a tatuagem ainda mais bonita. A dor já não importava mais.
     - Cool Boy! Olha como ficou legal! - só aí que eu vi seu braço machucado, onde eu tanto o apertava. Acho que ele sentiu mais dor que eu durante o processo - Ai meu Buda, desculpa! Eu não sabia que estava apertando tão forte!
     - Tudo bem... - ele sorriu, voltando o olhar para a tatuagem, provavelmente tentando mudar de assunto para eu não me sentir tão culpado - A tatuagem ficou incrível mesmo. Combinou bastante com você.
     - Você acha mesmo? - perguntei, orgulhoso.
     - Tenho certeza - ele acenou com a cabeça, com seu sorriso fofo, e trocou de lugar comigo para poder complementar sua tatuagem.
     - Pode apertar meu braço também se quiser... - tentei me redimir, estendendo o braço para dar-lhe o mesmo apoio que me deu.
     - Não se preocupe, eu já estou acostumado com a agulha - okay, era verdade. Mesmo quando o tatuador começou, a expressão em seu rosto nem mudou, como se não sentisse nada. Mas sua mão buscou pela minha mesmo assim, entrelaçando nossos dedos de um jeito carinhoso.
Eu sorria como um idiota, então fiquei encarando minha tatuagem nova, fingindo que minha felicidade era só por causa dela.

     - Prontinho - O tatuador finalizou os detalhes da tatuagem de Ram, deixando-a como a minha.
Meu namorado parecia tão feliz com o resultado quanto eu. Mesmo depois de pagarmos pelas tatuagens e voltarmos pra casa, não parávamos de admirá-las, radiantes.
Agora, carregávamos na pele um pedacinho da nossa história. Mundos conectados, medos enfrentados, sentimentos indescritíveis e memórias preciosas. Eu realmente não poderia ter imaginado no quão importante aquele relacionamento se tornaria.
Foi apenas algo a mais que decidimos compartilhar, representando tudo que já nos conectava. Havíamos passado por muita coisa, e agora declarávamos ao mundo e a nós mesmos que escolhemos acreditar em nós e no que significávamos um para o outro.
Estaríamos sempre conectados de alguma forma. Afinal, nossa história estaria sempre muito longe do fim.