Gilbert é a Izzie

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GILBERT

Silêncio. Dor. Morte. Enterro.
É assim que o clima está, porque realmente estamos em um enterro, só não da pra compreender que estamos no enterro da minha namorada, da minha garota, do amor da minha vida... Eu penso que quando eu entender que ela se foi o baque vai ser grande, e talvez por isso eu esteja agindo como se eu não ligasse quando na verdade eu queria que ela chegasse aqui e assustasse todo mundo e gritasse "SEUS IDIOTAS, ACHARAM MESMO QUE EU IA MORRER ASSIM?"
É, ela não vem e nem vai me ligar mais tarde, não vamos ir pra casa da árvore... E a nossa promessa, bem, quanto à isso nem sei o que dizer, se devo ficar chateado com Anne por ter quebrado o nosso para sempre ou se simplesmente tento entender o lado dela.

Quando eu li aquela carta, não imaginei que doeria tanto ter que ler algo que doeu nela pra escrever. Obviamente ela chorou, tem várias partes do papel que estão manchadas.
Os pensamentos de arrependimento rondam minha mente a todo segundo, como se isso fosse resolver ou curar algo. Como se fosse curar ela.

Saio de lá de dentro por alguns segundos, tem pessoas que eu nem conheço lá e nem pretendo. Me sento num banquinho do lado de fora da igreja, eles pensam que foi um acidente e que ela morreu naturalmente ou alguém a matou, a tia não aceita o fato dela mesma ter tirado a vida. Mas a pergunta é: quem aceita ou já aceitou?

Tento me concentrar em nada por enquanto, parar de pensar em tudo é difícil mas em alguns momentos necessários eu consigo.
Sabe, a qualquer momento eu penso que ela vai bater na minha porta e dizer que sente muito, e que na verdade está bem e não queria ter preocupado ninguém, que aquela noite foi só uma brincadeira. Mas eu sei que é real. Infelizmente.

Olho pra trás depois de escutar que alguém estava se aproximando, é Diana com os olhos marejados e o desânimo que também me desanima.

— Posso me sentar ai? - Pergunta olhando pro espaço vazio ao meu lado, eu apenas assinto em silêncio e ela se senta.

— Não consigo entender que é sério. - Digo e Diana suspira.

— Nem eu. Ao mesmo tempo que sei que ela está... morta, é como se não estivesse, como se ela ainda existisse. - Diana diz e eu engulo o choro que viria agora se eu não segurasse.

— Ela é Anne Shirley, ela não pode morrer... - Sussurro baixinho e sei que agora Diana está me olhando com dó. E odeio isso.

— Se eu tivesse perguntado mais uma vez se estava tudo bem. - Percebo que falamos juntos, e apenas olho Diana que está prestes a chorar.

— Eu não consigo, é como se eu fosse culpada... Se eu estivesse em casa, se eu tivesse ligado pra ela... A culpa é minha. - Ela diz em prantos, eu não sei o que fazer, então apenas a abraço.

— Não é sua culpa. - É o que eu digo, não tento falar mais nada porque eu também me sinto culpado, porque eu deveria ter insistido pra levar ela em casa, deveria ter percebido que o tchau foi definitivo.

Me afasto de Diana e me encosto novamente no banco, e minha mente batuca o nome de Anne, como se eu precisasse pensar nela pra tentar esquecer. Fecho os olhos e lembranças vem a tona.

{– Carrots, seu cabelo é lindo - Elogio.

carrots? - Ela pergunta indignada.

Sim! - Digo sorrindo e logo que passo de nível, aperto uma das bochechas de Anne e digo - e eu vou te ganhar no video game, pelo menos voce vai ser uma perdedora de cabelo bonito.

– Hahaha - Debochou. - vai nessa, gilbert! Eu vou te passar- ela diz rindo.

It broke me!Where stories live. Discover now