Tente Ser Gentil

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POV YOONGI

Aquela voz... aquela voz suave era uma das mais bonitas que eu já tinha ouvido e por um segundo eu fiquei irritado em não ter visto o rapaz antes do procedimento. Eu não quis, certo? Tinha que conviver com isso. Não me agradava nenhum pouco ter um híbrido do meu lado, mas era a minha opção e pelo menos este me parecia bem responsável, mesmo que tudo que eu conseguisse era ouvir sua voz e sentir seu toque sobre minhas roupas. Mesmo quando ele pegou o cinto de segurança, não houve contado e eu achei melhor assim. Meu espaço.

O híbrido narrava tudo, se estávamos perto, se tínhamos virado alguma esquina, era como se eu estivesse mesmo vendo o caminho de volta para casa, mesmo que eu não estivesse de fato. Achei um cuidado interessante, visto que eu agora dependia dele para quase tudo. Ele parou em um sinal e informou que estávamos chegando.

— Você vai morar comigo, suponho.

— Sim, senhor.

Não respondi, por não saber o que dizer. Eu não tinha nem mesmo empregadas que trabalhavam o dia todo, eu ficava dentro do meu ateliê maior parte do tempo e uma diarista vinha duas vezes na semana organizar tudo, comia fora maior parte dos dias ou cozinhava minha própria refeição, coisa que não poderia fazer mais. Nenhum dos dois.

— Chegamos, senhor Min. Sua casa é muito bonita.

Em um bairro nobre de Daegu, minha casa era uma das últimas com grandes janelas de vidro encortinadas e dois andares, sendo a parte de cima ocupada pelo meu ateliê e três quartos: o meu e mais dois para hóspedes. Não que eu recebesse visitas.

Não gostava de pessoas, elas sempre me disseram que eu não seria alguém na vida, que eu não era capaz. E olha só, eu fui capaz e hoje era muito bem de vida, tinha um bom carro e muitos clientes, várias e várias encomendas. Morava sozinho, meu amigo mais próximo era Kim Namjoon, um rapper que passava mais tempo na estrada que em Daegu. Apenas conversávamos por mensagens, e agora, nem isso.

A percepção de calor pelo pouco sol sumiu, então supus que tínhamos entrado na garagem da casa, na parte de trás; esperei que Jimin abrisse a porta para mim e senti suas mãos me segurarem pelo braço.

— Muito bem, senhor Min. — talvez ele sorria, talvez. Ouvi o alarme do carro ser acionado. — Poderia, por favor me entregar as chaves?

Procurei no bolso a chave da casa e não a encontrei.

— Eu trouxe uma bolsa...

— Ah, sim, está nela? Ela está comigo. — ouvi um barulhinho de alguém revirando alguma coisa e logo ele exclamou. — Encontrei.

— A de capa roxa é a dos fundos, a de capa azul é a da frente, a amarela é do portão lateral, a verde é do portão da frente, caso ele resolva não abrir. — já que era eletrônico.

— Ah, obrigado, me poupou tempo. Podemos entrar pelos fundos?

— Tanto faz.

Ele tão gentil e eu tão rude. Comecei a me sentir mal por isso, mas era a porra de um híbrido. Ouvi a porta ser aberta, e então suas mãos seguraram meu braço novamente.

— Por aqui, senhor Min.

— Eu sei andar na minha casa, Park.

— Me desculpe, senhor Min, só estou preocupado.

— Sua preocupação me irrita. — eu disse, andando pelo que eu acreditava ser o meu corredor.

— Não vá por aí, senh...

Tarde demais, eu tinha acabado de bater o rosto no que julguei ser uma parede.

— Aish, senhor Min. — ouvi a voz dele se aproximar. — Está tudo bem, se machucou?

Blind Love (yoonmin hybrid)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora