Rosa é Minha Cor Favorita, Hortelã é Seu Cheiro Favorito

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POV YOONGI

O dia amanheceu, e Jimin precisou ir embora. Mesmo que eu não quisesse deixar o rapaz ir, e tenha o prendido com o meu peso sobre ele para que não se levantasse da minha cama, eu sabia que ele tinha que ir. Voltar a sua rotina, ao hospital, e receber um novo paciente.

Eu? Precisava terminar meus quadros, precisava fazer as esculturas que tinham encomendas mais que atrasadas, prazos e tudo o mais para cumprir, agora que eu estava bem novamente. Mas não queria que ele fosse. Podia ficar ali comigo, certo? Não, era errado querer que uma pessoa apenas ficasse do seu lado, bela e cheirosa, enquanto ela mesma não pode apreciar as coisas. Não podia prender Jimin a mim, só podia dar motivos para que ele quisesse voltar.

Assim fiz. Levei o híbrido até o apartamento dele, conheci-o — pequeno e aconchegante, desses de revista vintage — e anotei seu endereço, o que o deixou feliz de alguma forma. Peguei também seu número de telefone, ou talvez tenha roubado o celular dele e colocado o meu número lá. Talvez eu tenha feito isso, e talvez ele tenha colocado um coração junto do meu nome. Foi a forma mais fofa que salvaram meu contato na vida.

Confesso que me doeu como não pensei que doeria entrar naquela casa sozinho. Parecia tão grande agora, tão vazia, sendo que sempre foi o meu ponto de conforto máximo; mas meu ponto de conforto agora tinha cabelos rosa e orelhinhas que evidenciavam todos os seus sentimentos, e, por mais que um dia na vida eu tivesse negado isso, no passado, era adorável.

Meu estúdio estava exatamente do mesmo jeito, com as obras inacabadas que eu, depois de três horas, resolvi descartar. Na verdade, olhei para todos os meus quadros na parede por um tempo, e pensei porque cargas d'água eu não usava mais do que cinco cores neles. Não havia nada amarelo como o sol, nada rosa como os cabelos do híbrido, nada vermelho como as rosas do jardim da noona que era minha vizinha da frente. Céus, eu morava ali há cinco anos e não sabia o nome dela.

O que eu podia fazer com as cores que faltavam? Eu notei que sequer tinha aquelas cores de bisnagas de tinta, nem ao mesmo as primárias para misturar. Peguei um casaco e resolvi ir até a loja de tintas, e pela primeira vez não fui de carro, e sim a pé, com meus óculos de sol e o capuz para me proteger do vento; olhei o caminho inteiro, procurando outras coisas para desenhar, foi quando eu vi aquela cerejeira no quintal de uma casa no meio do caminho, com um balanço de corda preso nela. Peguei o celular e tirei algumas fotos, só então segui meu caminho; precisaria de algumas telas extras também.

Na volta, um leve arrependimento por ter ido a pé, já que eu tinha mais telas, tintas e pincéis do que eu deveria carregar, e uma encomenda de argila que eu ainda estava pensando se não era pouco. Quando retornei, guardei tudo, organizei tudo e somente no outro dia eu comecei a pintar. No meu meio tempo, mandava mensagem para Jimin e ele sempre respondia assim que dava; já sentia saudade do rapaz ali.

O primeiro quadro que pintei quando voltei as atividades foi aquela cerejeira, num pôr-do-sol laranja claro contrastando com as flores rosa pastel. Fiz a imagem dividida em três telas, duas menores de cada lado da maior que ia no centro, mas não vendi o trabalho. Deixei-o enfeitando meu estúdio, e depois colocaria na sala. Durante a semana, terminei minhas encomendas mais atrasadas, os quadros cinzas ganhavam pequenos detalhes de cores fortes como amarelo, laranja, azul claro, verde, roxo e rosa, e os elogios não paravam de vir de todos aqueles que aguardaram pacientemente meu retorno. Recebia cartas e mais cartas de agradecimento pelo trabalho sensível e acima da expectativa do comprador.

Jimin vinha vez ou outra passar a noite comigo quando não tinha alguma coisa para fazer ou um acompanhamento, e passávamos parte dela conversando e a outra transando, e um pouco dela dormindo. A cada dia que passava, eu estava mais apaixonado por ele e não sabia como eu diria isso; parecia que palavras não eram suficientes para o que eu sentia, porque eu sentia muito, era um sentimento que tomava conta de mim. Mas eu tinha algumas coisas para fazer.

Blind Love (yoonmin hybrid)Where stories live. Discover now