Good Years || Harry Styles

20

LUNA

O restante do natal não foi a mesma coisa, assim como o resto da semana.

Eu não sabia a quanto tempo Harry tinha recebido aqueles papéis, nem o porquê de ele não ter me falando nada. Será que ele não tinha me falado porque tinha recebido a pouco tempo?

Mesmo que fosse o caso, ele tinha solicitado antes, o que ele poderia ter me contado.

Mas não é justo da minha parte pensar assim. Eu e ele não somos namorados, ele não me deve satisfação. E também, como eu ficaria brava ou chateada por ele querer enxergar novamente? Impossível.

Eu só me sinto estúpida, porque esse tempo todo eu estava tentando ajudar ele e fazer ele perceber que a vida não era tão ruim, enquanto ele corria atrás disso pelas minhas costas.

— Você está bem? — a voz de Letty me tirou dos meus pensamentos.

— Uhh... sim — sorri, pegando o celular em cima da minha barriga e desbloqueando.

Como estávamos sem nada para fazer um dia antes do último dia do ano, estávamos apenas relaxando e assistindo filmes de animação nos especiais de fim de ano, apenas nós duas.

— Hmpf, claro que sim. Ficar encarando a parede por exatos dez minutos é sinônimo de bem-estar.

Revirei os olhos.

— Eu tô bem — repeti. — Só tô com muita coisa na cabeça.

— Nem me fale — ela se mexeu no sofá, animada. — Ainda não acredito que conheci os cinco! — ela guinchou, colocando um pouco de pipoca na boca.

Sorri, lembrando. A ceia de natal foi a melhor que já tive, de verdade. Eu me senti em família, e eu quase nem fazia parte do grupo. E Anne deu um jeito de colocar eu e Harry embaixo de um azevinho, e Harry me beijou na frente de todos, me deixando completamente sem jeito. E sem fôlego.

E excitada.

Meu telefone vibrou em minhas mãos, e eu atendi rapidamente.

— Alô?

— Luna?

A voz de Harry fez meu coração parar por um segundo, depois acelerar como nunca.

— Oi — suspirei, dando um pequeno sorriso, e me sentei no sofá. A cabeça de Letty se virou rapidamente em minha direção, e ela zerou o volume da televisão, prestando atenção na minha conversa com Harry.

— Você está ocupada? Eu sei que você vem amanhã, mas quero te ver, tem... tem uma coisa que eu gostaria de te falar — Harry pareceu extremamente nervoso, e eu prendi a respiração.

Será que ele iria me contar sobre o doador?

Pelo seu tom de voz, era isso ou ele matou alguém.

— Uhh, claro — gaguejei, me endireitando no sofá. — Quer que eu te encontre na sua casa?

— Isso, pode ser — ele concordou, rápido.

— Certo, então te encontro daqui a alguns minutos.

᪥

O caminho até lá foi mais rápido do que eu imaginei que seria. Talvez seja porque o trânsito não estava ruim, ou porque me perdi em meus pensamentos. Suspirei. Parecia que isso já vinha virando rotina, eu dirigindo preocupada até a casa de Harry. Mas das outras vezes, os motivos eram muito mais ridículos.

— Luna! — o sorriso simpático de Anne me recebeu, depois que bati na porta, e eu tentei retribuir com a maior sinceridade que pude. — Harry está no quarto. Estou terminando de tricotar alguns casacos, vou ficar bem ocupada pelas próximas... — ela analisou o suéter de tricô em sua mão, que não estava nem perto da metade, fazendo uma careta sofrida, — duas vidas, se tiver sorte.