|CAPÍTULO 24|

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Taki Auditore

Já são meia noite e até agora nenhum movimento ou fala vinda de Raphael. Minha bunda dói pelo tanto de tempo sentada na cadeira, sinto que minha cabeça vai explodir.

Preciso de um café.

Deixei a Rekki-Maru no quarto com ele, se ele se mexer ou falar algo ela vai vibrar e eu vou sentir. Caminhei até a cozinha e comecei a preparar um café forte e observei o movimento lá fora enquanto esperava. Só vejo Usopp caminhando pelo convés falando algo inaudível.

Retornei pra enfermaria e sentei no chão paralelo de onde meu amigo está. O cansaço está me dominando mas eu não consigo dormir, o sono não chega e isso tá me enchendo o saco. Perambulei pelo local bisbilhotando tudo, abrindo e fechando gavetas, passando os olhos por alguns livros e acabei encontrando uma cartela de cigarros.

-Chopper deve ter pego e escondido de Sanji.- tirei um de lá e acendi.- Isso deve ajudar.

Voltei pro chão e fiquei olhando Raphael enquanto deixava a fumaça lentamente sair de minha boca, a cada vez que eu tento prender a fumaça uma lágrima escorre.

-Se levanta.- disse com mais lágrimas nos olhos.- Por favor se levanta, nem que seja pra brigar comigo por eu está fumando de novo mas por favor se levanta.

O silêncio reinou e isso me destruiu mais, nunca imaginei que ficaria velando o corpo de Raphael sem ele está morto e talvez isso seja pior do que realmente ele morrer já que eu não sei se ele vai acordar ou não.

*

Já se passaram cinco dias. Cinco lerdos dias em que Raphael está na mesma situação sem nenhuma mudança, ele nunca mais se mexeu ou disse algo e sinceramente, eu já estou quase sem esperanças.

Meus dias foram resumidos em só sair dali pra tomar um banho rápido, de manhã tenho companhia do bando e de noite Roronoa fica comigo. Não sei o que ele faz de manhã e de tarde pois ele nunca passa na enfermaria nesses horários e dizendo ele que está treinando o que não me convence, mas ele passa a noite inteirinha segurando a minha mão.

Chopper ficou irritado comigo quando descobriu que eu fumei a cartela de cigarro que ele escondeu, mas depois parou de brigar ao perceber o quão perturbada estou. Sanji sempre traz minhas refeições e com elas, vem um cigarro de brinde. Roronoa ficou bravo dizendo que estou acabando com meu pulmão, coisa que eu não ligo muito.

A porta da enfermaria abriu e Luffy entrou sorrindo, ele vem ficando bastante tempo ao lado de Raphael, contando histórias e piadas e eu o admiro ainda mais por isso.

-Bom dia Taki.- ele sentou ao meu lado e colocou as pernas em cima da maca.- Pode ir cagar, eu fico aqui com ele.

Ri com essa afirmação sem nexo dele e ele sem entender riu junto comigo.

-De onde você tirou que eu vou cagar agora?- ele deu de ombros e voltou sua atenção pro meu amigo.- Vou pegar uma coisa no quarto e já volto.

Como esperado, Monkey D. Luffy me ignorou e começou a contar da vez que ele foi jogado numa floresta quando criança por seu avô.

Sei que Raphael está em boas mãos então não tenho com o que me preocupar, mudei minha direção e fui até onde Roronoa treina. Hoje amanheci num nível descomunal de saudade desse homem, posso até estar errada mas quanto mais ele fica perto de mim de noite mais eu sinto que estamos distantes e é em manhãs assim que a saudade me espanca.

Como de costume abri a porta sem bater já que ele disse que eu não preciso fazer tal ato e confesso que pela primeira vez, eu me arrependi. Kuina estava sentada em seu colo enquanto se beijavam, estava quase saindo quando Roronoa em gritou.

-Taki espera..- parei e virei lentamente pra ele.- Eu posso explicar.. Não é o que você está pensando.

-A quanto tempo?- ele se fez de inocente e isso me irritou mais.- Desde quando isso está acontecendo?

Ele abaixou a cabeça e sua voz saiu muito baixa, mas consegui ouvir perfeitamente: cinco dias.

Foi há cinco dias que fizemos amor, foi há cinco dias que ele disse que estaria sempre ao meu lado e foi há cinco dias que ele começou a me enganar e a mentir pra mim.

-Taki você nunca estava presente e eu e Kuina sempre tivemos uma boa conexão e não tem como negar que......

Levantei a mão em sinal pra ele parar de falar e sua voz calou, era muita coisa pra digerir. Levantei minha cabeça e encontrei seus olhos.

-É difícil ver se eu fui uma tola ou se você foi um ladrão. Você fez isso em meio ao meu labirinto e encontrou o meu coração em meio a milhões, agora tudo o que eu te dei se foi e caiu como pedra. Pensei que tínhamos construído uma dinastia que o céu não poderia abalar, pensei que tínhamos construído uma dinastia como nunca feita antes, pensei que tínhamos construído uma dinastia que não poderia se quebrar.- pequenas lágrimas brotaram em seus olhos, coloquei minha mão em seu rosto e sorri, meu sorriso transpareceu um pouco da minha dor e ele abriu a boca pra falar mas nada saiu.- Ei Roronoa, tá tudo bem. Se a sua felicidade é ela, eu estou feliz por você.

Kuina permanecia imóvel só observando, beijei a bochecha de Zoro e me virei pra saída.

-Preciso voltar pra enfermaria.- suspirei.- Não vá me fazer companhia nesta noite.

Mantive minha cara séria e impenetrável o caminho todo de volta, entrei na enfermaria e Luffy teve o bom senso de perceber que eu queria ficar só. Ele colocou a mão no meu ombro e sussurrou dizendo que depois voltava.

Quando fiquei só, me joguei no colo de Raphael e as lágrimas que eu reprimi o caminho inteiro vieram como uma enxurrada. Na minha cabeça isso não fazia sentido, não é possível que só eu tenha sentido tudo nesses quatro meses, desde o dia que nos esbarramos em Loguetown até hoje.

Ela apareceu e olhei em seu rosto, a mágoa e o ódio era nítido em suas feições já que a mesma estava em sua forma humana, como um furacão tudo o que estava nas prateleiras foram ao chão. Ela estava destruindo tudo e eu não me importava.

-Como você deixou chegar nesse ponto? Como fui tão burra por pensar que ele falava a verdade? Ah que ódio!

Seus olhos estavam cheios de lágrimas e sua face estava inteiramente molhada e foi aí que eu percebi, entendi o motivo de sempre quando eu lembrava dele ou via ele meu corpo reagia estranho, o motivo daquela sensação estranha naquele dia em Loguetown era tão óbvio e eu nem percebi.

Ela se acalmou e depois desapareceu me deixando sozinha novamente, as minhas lágrimas ainda caiam carregadas dos meus sentimentos. Quando vi aquela cena senti meu coração se despedaçar em mais de mil fragmentos e foi exatamente quando ela disse que Roronoa Zoro despedaçaria meu coração.

Minutos se passaram e finalmente ergui minha cabeça. Já chega de chorar por um homem que decidiu seguir sua vida sem mim. Eu sou bem mais do que isso e ele não está em primeiro lugar na minha vida. Sequei minha cara e olhei pro rosto de Raphael.

-Vou cumprir meu objetivo e vamos pra casa juntos.

Tentei falar com convicção, mas a minha mente já estava se perdendo.

Entre Máscaras E BandanasWhere stories live. Discover now