15 - Memórias

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HARRISON

Patrícia e seu marido tiveram que me esperar por um mês. Isso seria tempo suficiente pra eu juntar dinheiro pra pagar minhas passagens aéreas de ida e volta. Eu não tenho carro, então não iria viajando dessa forma. Pensei que talvez Jack pudesse me levar lá com o seu carro, mas o gasto total de dinheiro, além do tempo, acabaria saindo até mais caro do que viajar de avião. Além do gasto com a viagem, tive que pagar a conta de energia e água da casa que o meu já não pagava mais por estar lá abandonada durante todo esse tempo. Enfim, não queria comprar essas passagens com o meu dinheiro reserva, que era bem pouco, inclusive, então continuei lecionando particularmente para esse fim. Como sempre, continuava na procura de um emprego fixo, mas sem sucesso.

Ao todo, eu estava dando aula particular para oito pessoas. Nesse mês que se passou, eu perdi metade desses alunos. Dois tiveram que encerrar as aulas porque se mudaram por outra cidade, um finalizou os estudos e conseguiu ingressar para a faculdade, e o quarto disse que conseguiu um outro "professor melhor".

Eu tive que fazer o sacrifício de encerrar minhas aulas com os quatro alunos que restaram, já que estaria fora por uns dias na cidade de Denver. Eu avisei para eles que voltaria em breve e que entraria em contato para avisar assim que pudéssemos retomar essas aulas.

Espero que nenhum deles desista também, ou acabe procurando outro professor ou professora.

Quando contei pra Jack que precisava voltar a Denver para mostrar e muito provavelmente vender minha antiga residência a um casal, ele entendeu e me apoiou.

Ele, como sempre, continuava me apoiando e sendo um namorado incrível. Nosso relacionamento flui bem, damos muito certo juntos. Desde sempre estava tudo perfeito entre nós. Nossa convivência era ótima, ele era o namorado que sempre sonhei e nossa vida sexual estava muito boa também. É claro que todo casal tem seus problemas e discutem de vez em quando, mas nada de anormal. Talvez Jack fosse mesmo o homem com quem eu fosse compartilhar o resto de toda a minha vida.

Infelizmente ele não poderia me acompanhar na viagem de forma alguma, pois tem seu emprego fixo em Ohio. Por outro lado, ele fez questão de me levar ao aeroporto com o seu carro.

- Chegou a hora. Já liberaram o embarque.

- É... - levantei da cadeira e segurei a minha mala de rodinhas. - Vou indo.

- Boa sorte, meu amor. - ele me abraçou forte. - Vai dar tudo certo.

- Obrigado! - sorri enquanto o abracei de volta.

Jack me beijou. Ele não ligava se estávamos no meio de um aeroporto onde as pessoas olhariam estranho e tudo aquilo que já sabemos.

- Te amo. - disse.

- Também te amo. Boa viagem. Estarei te esperando bem aqui. - deu aquele sorriso brilhante e perfeito.

- É bom mesmo... - brinquei, rindo.

Meu primeiro voo foi tranquilo. Nunca tinha voado de avião antes, mas era algo bem normal. Não senti medo, porém a ansiedade bateu forte. E não, não era por causa do avião ou da altura, mas sim por voltar a cidade de Denver depois de oito anos. Oito longos anos.

Fazer o que estou fazendo é um enorme desafio pra mim, por vários motivos. Aquela cidade ressuscita memórias que eu não gostaria de revisitar de maneira nenhuma. Óbvio que a antiga casa também faz parte disso. De qualquer forma, às vezes temos que encarar os desafios. Eu precisava fazer isso, não tinha outro jeito. Meu plano era fazer tudo o mais rápido possível, não ia ficar muitos dias lá mesmo.

Quando o amor é pra sempre (Romance Gay)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt