29 - Coisas que estão além do nosso alcance

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53 DIAS DEPOIS

HARRISON

Cada dia que passava era um martírio, um tormento, uma tortura e qualquer outro sinônimo encontrado no dicionário.

Voltei a trabalhar normalmente, óbvio, e os alunos com quem eu mais conversava me notaram diferente, triste, apático. Me perguntaram até se estava tudo bem e se eu precisava conversar ou até de alguma ajuda. Isso me fazia sorrir ao mesmo tempo que aquecia meu coração. Ter o carinho e a preocupação dos meus alunos não tinha preço. 

Mas mantendo minha postura de professor e sem querer que se preocupassem mais ainda com isso, eu dizia que estava tudo bem e que não tinha nada de errado. Porém, meus alunos não eram bobos. Pra despistar um pouco, dizia ser o cansaço e o estresse do dia a dia. 

Procurei Robin para me ajudar com a questão da terapia que eu precisava fazer. Bom, ao menos foi isso o que o médico me disse. Me consultei com a minha amiga na escola mesmo. Rob disse que seria melhor me encaminhar para um psiquiatra e assim ela o fez. Preocupada, me pediu para eu estar sempre atualizando ela. 

Quando comecei a me consultar com um psiquiatra em uma clínica especializada no centro da cidade, notei uma melhora no meu quadro de estresse, medo, inseguranças e ansiedade. Essas condições já estavam tão avançadas e graves na minha vida que eu precisei começar a tomar certas medicações. O doutor disse que eu talvez não fosse precisar para a vida toda, mas provavelmente até eu me estabelecer melhor mentalmente. Se eu tivesse procurado ajuda antes, com certeza as coisas não teriam chegado a esse ponto.

Eu continuo pagando aluguel no motel, embora eu nunca mais tenha dormido lá. Costumava parar lá apenas pra tomar banho e pra comer alguma coisa. Às vezes aproveitava para beber com a finalidade de distrair um pouco a mente. Não adiantava muita coisa, mas... Me acalmava um pouco. 

Desde que Scott entrou em coma, passei a dormir todos os dias ao seu lado, na sala do hospital. Às vezes eu dormia sozinho na poltrona que deixaram eu colocar ao lado da cama. Acordava com muitas dores no corpo, mas já estava me acostumando. 

Geralmente, eu conseguia dormir melhor quando segurava na mão dele. 

Robin disse que isso tudo estava me fazendo muito mal, que eu precisava parar de dormir lá todos os dias. 

— Dormir um dia ou outro tudo bem, Harry, agora todos os dias não!

Mas eu não conseguiria. Seria impossível.

Precisava estar ali pra Scott. Por mim, por ele, por nós. 

Precisava vê-lo, estar com ele, segurar na sua mão e o acolher em meus braços. 

Robin o visitava também, de vez em quando. Nathalia também. Elas paravam por lá para vê-lo cerca de duas a três vezes por semana. Nathalia havia até emagrecido, tamanha era sua tristeza. Preocupado, disse que ela precisava se alimentar melhor e cuidar bastante da sua saúde. Afinal, ela também tinha a própria vida dela, um marido...

Um dia, aconteceu uma coisa muito estranha.

Enquanto abria a porta do quarto, vi o doutor que tomava conta de Scott saindo junto de uma enfermeira.

Quando o amor é pra sempre (Romance Gay)Where stories live. Discover now