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ALGUM DIA DE 1988

HARRISON

— Estou indo lá, pai. — abri a porta de casa. 

— Te vejo daqui a pouco então, filho, não esquece o filme que eu te pedi, hein. 

— Tá bom, não vou esquecer. 

Fechei a porta e saí andando pela calçada. Passava das nove horas da noite, então as ruas já estavam bem vazias. Eu ouvia apenas alguns sons de grilos. Caminhei olhando para as estrelas no céu enquanto o vento batia contra mim. Era uma noite fresca. Não estava calor e nem frio, do jeito que eu gostava.

Comecei a pensar no quanto eu odiava domingos. Amanhã a semana começaria de novo pra mim, aquela chatice de escola tudo de novo... Ah, e ter que encarar aquelas pessoas que eu não gosto, os comentários maldosos sobre mim e etc, etc...

Pois é, eu não tinha amigos, estava sozinho, pra piorar. Se bem que eu já estava acostumado a ser assim. 

É que às vezes, ser e estar sozinho pode ser doloroso e eu estava sentindo isso esta noite. Estava melancólico demais... Triste.  

Ao entrar na locadora de filmes, ouvi o sino da porta quando passei pela porta principal. O local estava praticamente vazio, com apenas uma moça do lado direito e um senhor no último corredor à esquerda, ambos com os olhares correndo pelos filmes disponíveis nas prateleiras das estantes. 

Foi só eu caminhar um pouco que ouvi o dono expulsando um grupo de pessoas de uma sessão "proibida". 

Era aquele jogador chato, Scott, e dois de seus amigos. Tão insuportáveis e fissurados nisso de futebol que só viviam usando aquelas jaquetas idiotas. 

Me escondi no corredor do canto, atrás da estante que era um pouco mais alta que eu.

— Ai, Daryl, calma! — um dos meninos ria enquanto todos eram enxotados. 

— Pra você é senhor Daryl. — o dono da locadora respondeu. 

— Até parece que você nunca teve nossa idade! — Scott protestou. 

— Já tive sim, mas respeitava as regras.

— Regras! E nossa curiosidade, como fica? Como vamos descobrir as coisas? 

O homem bufou. 

— Andem logo, caiam fora daqui!

— Que cara chato! Anda, Scott, pega aquele filme de ação que você falou que era bom pra gente ir embora logo, vamos estar esperando lá fora. 

Os dois colegas de Scott saíram depressa, mas ainda rindo e debochando do que tinha acabado de acontecer. 

Suspirei aliviado, mas pro meu descontentamento, Scott surgiu na minha frente, procurando algum filme nas prateleiras. Quando me percebeu, seu olhar subiu pra mim e um enorme sorriso surgiu no seu rosto.

— Ih, olha só, é o nerd! — me deu um leve empurrão no ombro.

— Oi. 

Quando o amor é pra sempre (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora