Teddy é meu! • Drarry

XVI. Visita inesperada

O trem partia naquela noite, talvez sua última chance de fugir e Draco sentiu como se o vento frio contra seu rosto fosse um aviso do destino se selando, para o bem ou mal, aquele era o caminho que havia escolhido e não tinha mais volta. De um jeito estranho, se sentia calmo como nunca havia, mesmo com tantas vidas em perigos, mesmo que talvez houvesse abandonado sua única chance de sobreviver.

Sua vida inteira estava uma bagunça, não queria pensar sobre isso e muitos menos verbalizar, a última coisa que poderia desejar depois daquela manhã estressante era conversar, já que isso foi o que fez o tempo inteiro, falou com o ministro, com sua mãe, enfermeiros e médicos do hospital, e então consigo mesmo, por algumas horas em um nojento espelho no banheiro público onde tentou não tocar em nada.

Tentava absorver toda a informação que foi jogada na sua cara, pensar sobre o que fazer, quem proteger, qual seria o próximo passo deles. Sua mãe, Narcisa, provavelmente era o próximo alvo, isso se não fosse ele mesmo.

Seu amigo que ele pensava estar seguro estava internado em um hospital.

Não tinha coragem de olhar pra Pansy, apesar de ter prometido ir visitá-la na véspera de natal. Sem saber mais o que fazer, ele voltou para casa, era o melhor lugar que poderia estar, ao mesmo tempo, só de lembrar que Potter sabia sobre Blaise e nunca disse uma palavra... não imaginava quão hipocrita o herói do mundo bruxo poderia ser. Reclamava transparência da parte de Draco, mas não contava as mais básicas coisas e ainda tinha o maldito jornal...

Malfoy preferia ignorar aquilo, mas não conseguia. A imagem ainda aparecia fresca em sua mente, a capa do jornal O Profeta daquela manhã era ninguém menos que Harry Potter e Gina Weasley, os dois olhavam um para o outro sorrindo enquanto Harry tinha sua mão acariciando o rosto da ruiva. Draco prometeu que aquilo não acabaria com seu dia, contudo ironicamente o restante de seu dia conseguiu ser ainda pior.

— onde está Teddy? - ele anunciou entrando na casa, a primeira figura que viu foi um desajeitado Potter, idiotamente parado na porta, como se soubesse que Draco iria passar por lá a qualquer momento.

— ele chegou exausto depois de ir brincar com Victorie, então está dormindo, já te falei da filha da Fleur, certo?

— não comentou nada sobre ele ir - não que aquele fosse o maior problema de Draco, sequer se importava, era bom que Teddy tivesse amigos da sua idade, mas Harry estava sendo cauteloso sobre levar Teddy aos lugares e sempre pedia a opinião do loiro.

— eu nem consegui dizer, os Weasley apareceram de surpresa pra uma visita e Teddy acabou simpatizando com a garotinha, você simplesmente saiu e não disse pra onde ia, aliás, eu fiquei preocupado. - Harry tinha pleno conhecimento de que sua fala estava bagunçada, mas isso era porque estava um pouco nervoso, não só sobre suas recentes constatações da noite passada, mas sim pelo fato de que Draco se aproximava cada vez mais e então notou que estava encostado na parede, totalmente encurralado.

— sua preocupação me encanta, mas não preciso dela - o loiro colocou as mãos dos dois lados de Harry, estava tão próximo que podiam sentir a respiração um do outro.

— sobre ontem-

Draco não deu a chance para o outro concluir, em uma batida de coração as bocas estavam unidas e a partir daí foi um longo e prazeroso tempo até elas se separarem.

Queria descontar sua frustração e poderia fazer como usualmente e ser um babaca arrogante, mas aliviar sua raiva sexualmente também não lhe era incômodo, ao contrário, parecia uma ideia muito boa.

Não queria falar sobre ontem, sabia o que ia acontecer, Harry iria se desculpar porque era o santo Potter e iriam ser obrigados a fingir que nada daquilo estava acontecendo, sabia o que aqueles olhos cheios de culpa queriam lhe dizer. "Desculpe por brincar com seus sentimentos, esqueça tudo, vamos apenas conviver o mínimo" ou algo como "eu voltei com Gina" conseguia até mesmo ouvir as palavras saindo da boca do moreno. Que por acaso, no momento, estava grudada na sua.