Capítulo 3.

1K 123 93
                                    


—————

POV BIANCA

Me enrolei na manta que sempre levava para encarar o ar-condicionado do carro. Olhei Rafaella e ela parecia tão concentrada na visão que a janela lhe dava que nem notou meu olhar fixo sobre ela. Como pode uma mulher tão bonita ser apenas uma segurança?

Ela deverias estar nos palcos, nas passarelas, capa de revista ou algo assim. Além de muito bela, Rafaella trazia um mistério contigo, seus olhos eram lindos e ficavam intensos à noite, um verde profundo como as águas de um rio. Diferente de hoje cedo que pareciam duas lagoas calmas de verde cristal. Eu ainda estava puta com Melim, mas devo admitir que ela soube escolher muito bem.

— Certo, Bianca. Agora com toda essa correria do dia a dia, a gente imagina que fica meio difícil por os assuntos do coração em ordem, não é? Recentemente saiu uma nota do seu término conturbado com Diogo Melim e sobre as supostas traições.. É verdade? E como você lida com os comentários negativos? - Esse se tornou o pior assunto de uns dias pra cá, mesmo eu respondendo todas as perguntas, elas nunca paravam de chegar.

Respirei fundo para não perder a paciência com a entrevistadora. B2 estava me confortando com seu sorriso amigável quando meus olhos pousaram para a figura feminina ao seu lado. Com um terninho preto, jovial e sob medida, me senti nua sobre aqueles olhos profundos que me olhavam com curiosidade. A jovem abaixou o olhar assim que notou o meu e não voltou a me encarar. Eu nunca havia visto uma mulher tão marcante assim e olha sempre estou rodeada de belas mulheres. Pelos deuses, quem era ela, se não era uma?

B: Conciliar trabalho e coração é uma tarefa difícil - continuei olhando a jovem dos cabelos castanhos iluminados que não me olhava de volta - Mas sobre isso eu já falei no meu perfil, e reafirmo que foi tudo um mal entendido e não teve traição. - sorri amarelo para a entrevistadora.

B: Tu parece apreensiva, Rafaella. - falei chamando sua atenção e seus olhos vieram de encontro ao meu - Tá tudo bem?

R: Sim, senhora Andrade.

B: Bianca, por favor. - falei pausadamente, odiava essas formalidades - Já que tu vai ficar no meu lado o tempo inteiro, prefiro que me chame assim.

R: Só por que vamos passar muito tempo juntas não significa que vamos ser amigas, senhora Andrade - ela retrucou com seu tom ensaiado. Ok, já deu pra notar que ela tem presença e não coloca trabalho abaixo de amizade.

B: Então tudo bem se eu só lhe chamar de senhora Kalimann? - provoquei para ver até onde iria.

R: Como achar melhor - mas ela era dura na queda.

Rafaella é uma profissional, para ela pouco importa quem eu seja ou minha simpatia e ela quer apenas cumprir seu trabalho da forma mais impecável possível. Seu rosto mal se move quando ela fala, será que ela é tão séria o tempo inteiro?

Voltei minha atenção ao meu celular, ainda perplexa. Que seja, se ela não está afim de conversar, eu que não insistiria. Me aconcheguei no banco do carro, deixando meu celular de lado e fechei os olhos, logo sentindo ele pesar.

R: Senhora Andrade? - Senti alguém me cutucar e abri os olhos com certa dificuldade. Havia dormido. - Chegamos ao aeroporto.

B: Chegamos até que rápido - murmurei mais pra mim do que pra ela.

R: Sim, chegamos - Ela abriu a porta do carro e ficou do lado de fora esperando que eu saísse.

Peguei meu celular, travesseiro e manta e sai do carro parecendo uma criança pronta para festa do pijama.

B: Senhora Kalimann, eu preciso que pegue minhas malas. Estão no carro que a Mari veio, assim que pega-las leve para o jatinho. Por favor. - Pedi enquanto caminhava em direção ao pequeno avião que mamãe ordenou que eu comprasse por "segurança" e praticidade.

My Protection (RABIA)Where stories live. Discover now