Capítulo 14.

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POV BIANCA

Mo: Está ansiosa, meu amor? - eu sentia as mãos de minha mãe acariciarem meu cabelo enquanto eu descansava no seu peito. - Você parece muito distante e pensativa, Bianca. Está tudo bem?

B: Em algumas horas é o lançamento oficial da minha marca, mamãe. - eu esperei tanto por esse momento e agora não tenho certeza se vou conseguir sobreviver até amanhã. Respirei fundo e continuei. - Sinto que minha vida vai mudar de uma forma extraordinária depois disso.

Mo: E vai! - usou sua voz animada e me abraçou ainda mais forte. - Só aproveite o momento, minha linda. Você desde pequenininha tem esse sonho. Se lembra de quando você tinha sete anos?

Sorri revirando sutilmente os olhos. Minha mãe sempre que podia lembrava-se desse momento. Pra mim agora era uma vergonha, porém para ela era como se eu tivesse me apresentando à rainha Elizabeth.

Eu tinha sete anos quando demonstrei pela primeira vez meu interesse pelas maquiagens. Era um natal em família, e se eu fechar os olhos ainda posso sentir o cheiro de peru assado que minha mãe. Naquele dia eu tinha pintado a cara inteira de blush, de muito blush que tanto que quando desci todos meus parentes começaram a rir e diziam que o que valia era a intenção, e então eu me achei a mais linda de todas e quis sair sempre daquele jeito, agradeço até hoje por mamãe não ter deixado.

B: Isso foi vergonhoso, mãe. Eu estava sem dentes e toda rosa. - me recordei, fazendo a mulher soltar uma gargalhada cheia de saudades.

Mo: Minha pequena primogênita cresceu. - fechei os olhos sentindo seu carinho. - Eu tenho orgulho de você, Bia. Não se esqueça nunca disso. Também sinto medo de deixar você ir para esse mundo louco dos holofotes, que você meio que já conhece, porém... sei que é o sonho da sua vida e vi de perto o quanto você se esforçou para isso. E também ainda acho que a gente poderia ter te ajudado...

Era o meu momento.

Minha hora de brilhar.

B: Vocês sempre serão meus fãs número um. - me aconcheguei melhor em seus braços e senti seu peito tremer. Ela estava rindo? - Qual é a graça, mãe?

A mulher já estava vermelha de tanto rir sem expressar algum tipo de som. Sem conseguir se aguentar, agora eu ouvia sua risada ecoar pelo quarto enquanto eu esperava sua recomposição.

Mo: Eu tenho grandes ídolos, mas não limpei a bunda de nenhum deles. Para mim isso é uma honra, Bianca!

B: Mãe! - empurrei seu ombro rindo junto do comentário idiota. - Você não tem jeito.

Já sabem a quem meu humor puxou, não é?

Mo: Só quero te pedir uma coisa, meu amor. - agora sua face voltava a ficar séria e nossos olhos se conectaram com seriedade. - Sei que você já é dona da sua vida, mas... É um caminho incerto, grande, coisa que a gente já tem uma noção de como é... Então, por favor, seja você mesma. Você ganhou essa oportunidade assim e vai continuar conquistando seu espaço se não perder sua essência. Um pouco de confiança faz bem, mas não erga tanto seu ego ao ponto de não se reconhecer na frente do espelho. A queda pode ser grande.

Eu já estava há horas sentada naquela cadeira nada confortável. As juntas dos meus dedos doíam e estavam levemente vermelhas por conta do impacto.

Havia descumprido meu trato com minha mãe. Perdida em lembranças do passado, sinto que me deixei levar pelas emoções e agora estou aqui, numa sala fria e cinza de delegacia, com um policial que não sabe comer de boca fechada olhando pra mim como se tentasse lembrar de onde me conhece. Todo esse circo estava fazendo eu me recordar dos anos na sala do diretor onde minha mãe ia me buscar com fogo nos olhos. O passado era resumido em brigas fúteis de adolescente, agora eu briguei pela honra da minha família e pelo respeito de minhas origens.

My Protection (RABIA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora