Capítulo 10

12.7K 880 210
                                    

Estou de recesso no trabalho, vou tentar postar diariamente 🤗
Boa leitura!

Cecília

Era manhã, eu tinha levantado a muito tempo, quase não consegui dormir atormentada pelas lembranças. Me concentrei em uma jóia nova, sem um esboço para seguir, coloquei meus sentimentos, minha revolta, meu ódio em cada parte do processo. Eu tinha feito uma base de prata para envolver a parte inferior da pedra obsidiana, eu a esculpi com os piores sentimentos e ainda sim ela me saldou com toda a sua beleza intrínseca. Sim, havia beleza na dor, aquela pedra simbolizava a minha alma quebrada.

Ouvi a porta abrir e não precisei virar para saber que ele estava lá, seus passos me deixando nervosa. Escondi a pedra por alguma razão desconhecida.

— vamos tomar café na piscina, vista seu maiô, estarei te esperando no corredor.

Bom dia pra você também, pensei rápido.

Me virei me deparando com Theodor em sua camisa regata e calção de banho. Voltei meu olhar para seu rosto.

— eu gostaria de ficar no quarto, por favor.

Eu gostaria de sair, é óbvio que gostaria de ir a qualquer lugar para sair do quarto, mas também não queria ficar ao lado de Theodor.

— tudo bem, então vamos tomar café no seu quarto.

Ele já estava pegando seu celular para dar as ordens.

— espera!

Se eu ia ter que aturar a sua presença, que fosse longe do quarto.

Ele inclinou seu lábio em um sorriso e eu precisei desviar o olhar.

— vou me vestir.

Falei me levantando e indo em direção ao armário. Percebi que ele permanecia perto da mesa, o ignorei pegando o maiô e uma camisa longa de botões. Lancei um olhar rápido antes de entrar no banheiro, eu esperava que ele não encontrasse minha jóia, mesmo que ele a encontrasse, duvidava muito que ele a compreendesse.

Me olhei no espelho uma última vez e saí. Theodor estava me esperando  no corredor como havia dito.

Ele me olhou da cabeça aos pés e sorriu, ele parecia apreciar meu visual, como se eu precisasse de sua aprovação. Idiota.

Ele estendeu sua mão, eu tinha uma alternativa? Peguei sua mão e me deixei ser levada através do corredor, dessa vez nós não descemos e sim subimos o lance de escadas a esquerda.

Eu ainda não tinha conhecido aquela ala, acontece que era o espaço da piscina, fiquei admirada com a decoração, boquiaberta com a piscina de borda infinita que dava vista para a sua praia particular. Ele podia ser um monstro, mas sua casa era de muito bom gosto.

— você poderá vir aqui sempre que quiser, basta pedir e eu venho com você.

Assenti sem saber o que dizer. Ele me levou até uma mesa contendo uma diversidade de pães, bolos, frutas e outras coisas.

Theodor me acomodou na cadeira, depois sentou a minha frente.

— você não terminou de assistir o filme.

Ele falou e sorveu um gole do seu café.

Senti meu rosto esquentar e mordi minha língua para não falar uma série de xingamentos para ele. Ele sabia por que não terminamos de assistir ao filme.

— já assisti muitas vezes, conheço o final.

Falei e ele se recostou na cadeira me olhando de lado.

Aprisionando PássarosWhere stories live. Discover now