Capítulo 6

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Desculpa a demora, estou trabalhando muito, mas não abandonei a estória, vou tentar postar um capítulo por semana, vai dar certo. Espero que gostem, beijos!

Cecília

Tinha recuperado meu peso nos últimos dias.
Meu captor vinha ao quarto constantemente, em todas as vezes eu o questionava sobre minha liberdade, já não implorava mais para que ele me libertasse, não perdia meu tempo porque, ele era irredutível e eu estava cansada de andar em círculos.

Me perguntava até quando iria continuar trancada naquele quarto, temia me rebelar novamente e acabar voltando ao bunker então me restringia a manter um diálogo monossilábico com ele.
Tinha falado com meus pais. Foi em uma tarde, ele trouxe o meu celular, disse que eu precisava falar com minha mãe porque ela estava questionando minha demora em responder suas mensagens, seus áudios. Ele estava ao meu lado enquanto falava com eles, a ameaça implícita em seu olhar caso eu falasse qualquer coisa comprometedora.
Ele me instruiu a falar que eu estava pensando em ficar mais tempo em Fortaleza, também me instruiu a dizer que estava trabalhando em umas jóias para um empresário e que isso estava tomando muito do meu tempo.
Eu não consegui conter minhas lágrimas e precisei encerrar a chamada com uma desculpa besta.
Lhe entreguei o celular, ele colocou no bolso da sua calça.
Fiquei esperando ele sair, mas ele ficou alí, perto demais de onde eu estava. Evitei seu olhar, foquei em minhas mãos que repousavam sobre meu colo. Estava sentada na cama, ele estava em pé ao meu lado. Os segundos estavam se tornando minutos. Minhas lágrimas estavam secando sobre minha pele.
Me perguntava por que ele não ia embora. Demorou uma eternidade até ouvir sua voz.

— você poderá falar com eles amanhã.

Olhei para ele, seu rosto estava como sempre, inexpressivo, não sabia como responder, eu deveria agradecer?
O que quer que fosse se perdeu no ar, ele não esperou respostas ou comentários, apenas se foi trancando a porta.

Os primeiros raios de sol invadiam o quarto.
Mais uma manhã sem expectativas, sem planos.
Eu já estava acordada a um bom tempo.

Ouvi passos, os seus passos. Contei até cinco e lá estava ele, o homem mais sombrio que já conheci. Ele estava vestindo calças jeans e uma camisa casual, um visual atípico. Ele era forte e a roupa deixava isso bem evidente.
Ele caminhou para perto, sua perna quase encostando no colchão, me ajeitei meio sentada conferindo se estava bem coberta.
Seu olhar vagou para meu corpo e eu o vi em uma expressão entediada, mas essa era sua expressão mais usual, nada diferente.

— vamos dar uma volta.

Olhei surpresa para ele, mas logo senti medo de que ele quisesse me levar ao bunker ou um lugar pior.
Ouvi sua respiração pesada. Ele colocou as mãos nos bolsos da calça.

— não vou te levar para um passeio punitivo.

— para onde então?

— basta saber que você vai gostar.

Pensei em rebater com um comentário amargo, mas meu instinto de autopreservação estava ganhando força a cada momento dentro daquele quarto. Domesticada pelo medo, eu havia me tornado isso.

Assenti uma vez e me afastei indo para o outro lado da cama.

O chão era frio sob meus pés, meus chinelos estavam perto dele, ele ficou lá do outro lado, apenas me olhando, ele ficaria alí, eu sabia.

— venha, você precisará dos seus chinelos.

Caminhei ao redor da cama me sentindo patética. Ele continuava com as mãos nos bolsos, seu olhar queimando minha pele.

Estava perto dele, perto demais. Estiquei uma perna e arrastei meus chinelos calçando os em seguida.

— estou pronta - falei enrolando meus cabelos em um coque.

Aprisionando PássarosWhere stories live. Discover now