Capítulo 3

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ESPERO QUE VOCÊ NÃO TENHA SOFRIDO NENHUM TIPO DE ABUSO EM SUA VIDA. CASO ESSE CONTEÚDO TE DEIXE DESCONFORTÁVEL, POR FAVOR NÃO CONTINUE LENDO ESSE LIVRO.

Theodor

Via seus olhos perderem o foco e se fecharem, logo vieram as convulsões a excitação do seu corpo proveniente dos fenômenos respiratórios pela impossibilidade de entrada e saída de ar.
Eu observava aquela mulher de estatura mediana perder sua preciosa vida e eu não sentia nada. Seu corpo ainda se debatia, o tecido que se agarrava em seu ombro escorregou expondo sua pele bronzeada. Pude ver uma escrita em linha cursiva.

"Nasci para ser livre"

Ela estaria livre agora, pessoas ingênuas tinham um espaço reservado no paraíso, pelo menos era assim que eu pensava. Olhei seu rosto mais uma vez, a linha fina estava se rompendo, apenas mais uns segundos e estaria feito, mas por alguma razão eu não queria que ela se fosse, ainda não.

Liberei seu pescoço do meu aperto. Seu corpo caiu inerte sobre o colchão. Havia algo me intrigando, como uma pequena coceira inconveniente.
Apenas por esse motivo eu a deixaria viver, por enquanto.

Cecília

Eu tinha tentado minha sorte, de uma forma totalmente desprovida de um plano ou raciocínio lógico. Eu só agi por impulso e quase perdi minha vida.

Meu corpo todo estava dolorido, minha cabeça, minha garganta. Também nunca tive tanto medo em ver uma pessoa. Eu me encolhia na cama sempre que abriam aquela porta. E sempre eram dois homens, um deles empunhando uma arma, como um aviso.

O outro penas empurrava uma bandeja com comida e água. Eu estava alí a uns três longos dias. Tinha sido teimosa durante os dois primeiros dias, mas a fome ganhou a batalha contra meu orgulho.

Durante todo o tempo ocioso eu me perguntava o que viria a seguir, me pegava pensando nos meus pais na maior parte do tempo. Eu já deveria ter ligado para eles, logo sentiriam a minha falta e entrariam em contato. Eu sempre deixava eles saberem para onde estava indo, eles faziam questão de saber. Era uma forma de se sentirem mais aliviados com a minha vida de nômade.

Era noite, eles já tinham recolhido a bandeja que eu obrigatoriamente tinha que deixar perto da porta.

Estava sentada no batente da janela. A lua estava cheia e me alcança com sua luz gloriosa. Estava perto da praia, dava para sentir a brisa do mar. Um sentimento de tristeza se apossava de mim a cada minuto.
Como em um momento eu tinha todas as possibilidades a minha frente e no outro a minha liberdade era tirada de mim?

Analisei as grades da janela, cada barra de ferro, a esperança era uma criança inocente. Não havia uma maneira de escapar, não sem um atrito que só resultaria em uma morte, a minha morte, com certeza.

Já tinha chorado as lágrimas de uma vida, nada havia me preparado para agir diante daquela situação. Eu era uma pequena mulher insignificante, uma mulher burra. Eu deveria simplesmente ter ligado para a ambulância e ter seguido o meu caminho.

Ouvi o som dos passos no corredor. Meu ventre vibrando e meu corpo todo esfriou.

Eu sempre me achei corajosa, desbravadora, mas naquele momento eu me sentia nada além de uma massa e ossos cheia de medos.

Ouvi o som da chave girar e então lá estava ele.
Meu captor ficou parado por longos segundos. O quarto estava iluminado apenas pela luz da lua que vinha da janela.

— venha até aqui.

Desci do batente, minhas pernas estavam trêmulas, tentei o meu melhor para não deixar transparecer meu medo.

Aprisionando PássarosWhere stories live. Discover now