Capítulo 2

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Point of viewAny Gabrielly

— Abra essa porta, merda! — Noah bate na porta mais uma vez, me fazendo chorar mais alto — Estou perdendo a porra da pouca paciência que tenho, eu vou arrombar e você que vai pagar pelo prejuízo causado nessa merda de lugar que eu não faço ideia do que seja.

Encolho-me com o seu tom de voz e me enrolo na toalha que eu consigo puxar do suporte, enquanto ainda estou sentada no chão frio do banheiro, o que ajuda a aliviar a dor causada pela queda de minutos atrás.

Eu não acredito que isso aconteceu. Eu não acredito que me casei com o ser humano mais estúpido da face da terra. O pior de tudo é que eu não o amo e tenho namorado. Porque eu fiz isso? Tento forçar minha mente para tentar me lembrar de como isso aconteceu, mas nada vem em meu pensamento.

Olho mais uma vez para minha mão esquerda e o anel de chiclete azul está ali. Quem me dera pudesse quebrá-lo  e fingir que nada aconteceu, mas não, o papel que prova o meu pesadelo está todo amassado em minhas mãos. É horripilante só de pensar. Estou casada com Noah Urrea!

— Eu já te avisei, Any. Eu vou arrombar essa porta, tem dez minutos que está aí dentro, e não é se escondendo que vamos resolver essa porra.

Mesmo não querendo concordar com esse caipira, eu sei que ele tem razão. Passo a mão com força em meu rosto para tirar todo resquício das lágrimas.

— Eu só vou tomar banho. — grito em resposta e ele não diz nada. Na verdade eu não me importo com sua opinião, tudo que eu quero é poder acordar com o carinho de Benjamin e ver que isso é um pesadelo. Doce ilusão!

Abro o registro do chuveiro e entro debaixo da água fria para tirar todo resquício de ressaca. Eu queria mesmo é ligar para o Ben ou Blair, porém não encontrei meu celular e tenho certeza absoluta que o perdi. Eu nem sei onde estou e confesso que estou com medo de perguntar. Mais uma vez as lágrimas descem pelo meu rosto. Eu sou uma vaca, eu trai meu namorado e ainda me casei.

Pergunto-me se Noah estava tão bêbado a ponto de não saber o que estava fazendo. Ou será que foi uma forma doentia dele me irritar? Ao pensar nesse pequeno detalhe que não tinha percebido mais cedo, desligo o chuveiro e me enrolo na toalha novamente, saindo do banheiro. Eu tenho que saber se meu pensamento é verdadeiro, talvez eu esteja participando de uma pegadinha. Juro que o alívio seria tão grande que eu nem o mataria por isso. Vou até a porta tocando a maçaneta para conseguir sair do ambiente que foi meu refúgio nos últimos minutos. Quando a porta se abre, o homem que está em frente à grande janela apenas de cueca boxer branca e um cigarro no lábios não faz questão de me olhar ou de se mexer.

— Você fez isso apenas para me irritar, não é mesmo? — acuso-o sem receio algum. Ele se vira lentamente enquanto apaga o rolinho branco na parede. Seus lábios se entortam para o lado, seu olhar é duro contra mim e eu não vacilo, apenas devolvo olhar tentando ver se ele vacila em algum momento.

— Acredite, patricinha. Você não merece todo esse trabalho. Acha mesmo que eu iria me casar com uma mimada do caralho, que pensa somente se o sapato combina com a roupa? Você é uma fútil por achar que o mundo gira ao seu redor. Acorde, por favor. — meus olhos se enchem de lágrimas e não me sinto mal por isso. Eu estou sensível e vendo um idiota que se acha o dono do pinto mágico me humilhar —  E espero que você use anticoncepcional, não sei se fodemos e se caso isso aconteceu, não quero nenhuma surpresinha.
Ele vai até o banheiro, fechando a porta na minha cara sem me dar chance alguma de responder ou me defender.

— Estúpido! — falo alto, porém é a coisa mais imbecil para ofendê-lo. Sento-me na cama e penso em arrumar um telefone para ligar meu pai.

Pai. Quase tenho um sobressalto ao me lembrar dele. Marco vai me matar por mais uma irresponsabilidade e tenho pressentimento que dessa vez não vou sair impune. Ele vai ficar mais uma vez decepcionado comigo em menos de um mês e como sempre irá culpar o Benjamin.

180 DAYS | NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora