Capítulo 27

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Point of view - Any Gabrielly

Temos que perceber que algumas coisas não podem ser concertadas.

A umidade em minha bunda não me incomoda como deveria, mesmo sabendo que a cada segundo sentada nesse gramado parcialmente sem vida minha calça ficará ainda mais molhada, eu não me importo. Nada mais me importa.

Eu só queria desaparecer e não ter que lidar com toda essa dor que sinto em meu peito.

O vento está frio e a cada vez que sinto o mesmo ricochetear em meu rosto fecho os olhos apreciando a sensação de alívio, secando a umidade que escorre de meus olhos.

As lágrimas descem sem pudor algum, em nenhum momento eu tentei parar o choro. Por várias vezes pensei em me fazer perguntas, as perguntas clichês que todos nós conhecemos: "Porque ele fez isso? O que ela tem que eu não tenho? O que eu fiz para merecer isso?" Mas cheguei a conclusão que essas perguntas jamais terão respostas, e que de forma alguma eu sou culpada, eu sou a inocente da história.

Não estou me vitimizando, nem nada do tipo, jamais farei isso, contudo também não me tratarei como a culpada de toda essa sujeira. Enquanto eu fui namorada e amiga daqueles infelizes, eu dei tudo de mim mesmo sendo imperfeita.

- Ah que ótimo. - Resmungo para mim mesma quando um trovão corta os céus, sem ter dado nenhum indício que iria chover antes. E como em um filme dramático quando a mocinha está toda ferrada, o universo resolve mandar uma chuva forte para ficar tudo ainda mais fodido e é isso que acontece agora. Eu não sei se será uma chuva passageira, ou se é uma chuva de verão, tudo que eu faço é ficar sentada no gramado sem me preocupar com os pingos grossos caindo sobre minha cabeça. Essa chuva nunca chegará aos pés do que eu sinto neste momento, talvez nada consiga superar essa dor.

Porque dói tanto uma traição? Sinto como se facas estivessem perfurando meu coração sem me dar uma trégua para que eu possa ao menos suspirar com a dor provocada a cada facada.

Não queria estar me sentindo assim, não queria de forma alguma estar me comportando como uma menina dramática... mas é tão difícil.

Benjamin é meu primeiro amor, estive de certa forma um bom tempo ao seu lado, eu entreguei o que eu tinha mais de precioso para ele, eu o entreguei meu coração sem medo ou relutância e ele sequer teve coragem de devolvê-lo com dignidade.

Porque ele não terminou comigo quando percebeu que já não me queria mais? Porque teve que me humilhar da forma mais cruel?

Eu sei que me casei com o Urrea e isso foi um grande balde de água fria em nosso relacionamento e sei que tenho uma parcela de culpa também. Não quero justificá-lo de forma alguma voltarei para ele por causa de justificativas tolas, entretanto eu tenho que tentar entender tudo e por isso vou e volto a todos os detalhes que minha mente projeta.

Ele me traiu na noite de Vegas, eu ainda não tinha me casado com o caipira, eu sumi durante uma noite e ele dormiu com minha melhor amiga.

Dormir? Eu mesmo rio com a forma educada que eu penso, ele fodeu a Blair como uma cadela no cio. Pois uma mulher que se sujeita a ficar com um homem comprometido é no mínimo uma cadela. Ela deveria ter pensando em mim, pois todas nós deveríamos ser unidas, é o que eu penso e tento levar para vida, sempre me colocar no lugar da outra.

Suspiro, tenho tanto o que entender.

Será que ele viu algo acontecendo entre mim e o Urrea na noite de Vegas e por isso transou com a Blair? Mas não seria justificável, eu estava bêbada provavelmente, pois até hoje eu não lembro o que aconteceu de fato naquela noite e duvido muito que algum dia eu lembre de algo. Tudo que eu tenho daquela noite é apenas uma frase: senta vadia e nada mais.

180 DAYS | NoanyWhere stories live. Discover now