9- Talvez Eu Seja Mesmo Incapaz

2 1 5
                                    

Na noite passada depois do banho fiquei descontraída
até tarde da noite a jogar videogame no celular. Por mais que me esforçasse o sono não vinha. A segunda-feira seria o dia em que começariamos as aulas do ensino médio. A chatice começaria. Arrumei os cadernos e todo o resto do material. 

           Por volta das 23h levantei e saí feito uma alma penada em meio a escuridão e para caminhar. Somente caminhar pela academia. Uma noite de perseguição já era suficiente para ter outra a seguir. Era melhor deixar a poeira abaixar primeiro e só depois continuar com a "visita de estudo exploratório". Por sorte, dessa vez nenhum monitor aparecera, no entanto... Quem eu vi foi ninguém mais e ninguém menos que o indivíduo que fazia questão de me relembrar o tempo todo que “não devo dar vazão a minha curiosidade” a andar cautelosamente no a escuro.

— Aonde você vai, Senhor Idiota? — sussurrei vendo ele caminhar enquanto olhava de um lado para o outro. Claramente eu não voltaria para o meu dormitório sem saber o porquê de ele estar a meio da noite fora do seu dormitório depois do toque de recolher.

           Segui-o cuidadosa. Tirei os chinelos para evitar qualquer som. Aslan ia em direção ao setor de aulas. Passamos por vários corredores que ficavam cada vez mais escuros um que o outro, até que chegara numa sala que eu não conhecia assim como o espaço em que nos encontrávamos. 

“Porta trancada não entre. Aqui não gostam de alunos bisbilhoteiros.” — dizia ele. Agora estava aí, fazendo exatamente o que me proibira de fazer. Abriu a porta e entrou. Sem demoras me precipitei para lá e abri a porta devagar deixando apenas uma fresta para ver através dela. Era uma sala escura, jazia uma mesa e o corpo de Dilan sobreposto lá, ainda com a adaga encravada no peito.

         Aslan ficou olhando Dilan de um jeito estranho. Me passara pela cabeça a remota ideia de que teria sido ele quem fez aquilo com e agora estava com remorsos. Colocara a mão no peito de Dilan e erguera o rosto enquanto gemia, igual quando alguém recebe uma descarga elétrica. Subitamente ele rosnou com as presas para fora e as encravara no pescoço do menino.

“Aylla... Aylla... — de novo aquela voz sussurrante. — o meu desejo tornado realidade.”

          Naturalmente fiquei pasma com aquilo e saí correndo as pressas daí. Entrei no dormitório com o coração um pouco agitado. Tranquei a porta e deitei para dormir.

Pela manhã, tive que acordar cedo como seria daí em diante. Depois de me aprumar toda com as roupas da academia saí em direção a primeira aula que seria de Biologia. Encontrei com Beyhan e Karli no corredor a caminho da sala. As duas esbanjavam um arroubo e tanto pelo início das aulas. Não nos encontramos com os meninos, o que significava que eles continuariam em outra turma.

        Biologia não era uma das minhas favoritas, por isso fiquei praticamente neutra nessa aula. Já Karli, parecera gostar bastante e, dominava-a bem, era uma dentre os que mais opinaram durante a aula. Enquanto isso, sem percebe me distraí com a cabeça em outros "assuntos" que tinham um nome, sobrenome e cabelos pretos. Por que razão Aslan mordeu o pescoço de Dilan, ou melhor, o que ele estava fazendo com aquele cadáver?

— Terra chama Aylla, câmbio. Terra chama Aylla, como está marte? — Beyhan bateu duas palmas para chamar a minha atenção.

— Marte? Esta não é aula de astronomia. — falei confusa. — Cadê o professor?

As duas riram de mim.

— A aula já terminou, garota. Onde estava com a cabeça? — Karli indagou e levou a mochila ao ombro.

Arrumei as minhas coisas e levantei pronta para sair.

— Estava pensando nalgumas coisas. — pelo menos dessa vez não era uma desculpa.

ARCONTES - Livro 2Donde viven las historias. Descúbrelo ahora