6- O Violinista da Meia Noite

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Acordei com o barulho do alarme programado no celular. Sem abrir os olhos, virei na cama, peguei ele da cômoda e desliguei. Acendi a luz e bocejei sonolenta. Olhei para a cama de Sema, ainda desacordada.  Era estranho, agora que fiquei observando a garota dormindo lembrei que nunca a vi no refeitório nem em outro lugar em que via os outros exceto a sala d'aulas, outro sim era que também nunca a vira entrar depois de mim no dormitório. Sacudi a cabeça, coloquei os tênis, vesti o casaco, peguei a daga e saí.

      No dia anterior procurei saber onde encontrar Aslan para saber qual horário seria o treino, foi inútil porque ele estava algures e ninguém sabia ao certo onde. Por isso tive que acordar cedo novamente para o caso de ele estar lá me esperando e eu não aparecer. Saí e enquanto descia as escadas ouvi novamente aquela voz sussurrante ecoar na minha cabeça:

“Aylla” — a voz soou rítmica e sequencial nos meus ouvidos. De repente meu coração acelerou. Minha visão ficara hora embaçada, hora nítida, fiquei agitada e sentia como se estivesse sendo estrangulada. Minha cabeça! Comecei a ver coisas que não formavam uma imagem clara, era como se eu fosse um aparelho eletrônico com interferência, como quando a imagem na TV fica a falhar. Então dessa vez vi alguém, não estava claro quem ou o que era, apenas vi seus lábios se mexerem e dizendo: — “Você é o meu Desejo tornado realidade, você é a chave, o meu Receptáculo.”

      Quando me dei conta estava diante de uma porta trancada. Abri a porta. “Aylla” — a voz ecoou de novo.
      
          Estava agora numa sala que não fazia ideia onde era, olhei o chão e reconheci o mosaico, ainda me encontrava na academia. Apertei os olhos para que pudesse enxergar direito, contudo, a visão continuava embaçada como se estivesse vendo através de um vidro embaçado. Olhei para um lado vi um homem segurando um controle remoto. Fixei os olhos à frente e jazia lá uma garota de cabelos longos e outras duas pessoas se debatendo, parecia que lutavam, as vozes agitadas. Foi então quando os meus olhos se clarificaram que vi um cadáver diante dos meus pés agonizando em seu próprio sangue que escorria como um rio.

— Aylla — ouvi de novo. — Aylla!

           Na segunda vez acordei quase arfante ouvindo o celular tocar. Passei a mão no rosto e vi uma figura na penumbra tocar o meu ombro com suas mãos frias.

— Sema?! — Articulei e acendi a luz. Sentei na cama.

— Seu celular está tocando faz cinco minutos. — disse ela.

      Peguei o celular e vi o alarme: 5h00mn. Desliguei. Sema voltou para a cama.

— Obrigada, por me acordar.

— Disponha... Aylla. Por que parecia que você estava tendo um pesadelo? — perguntou olhando para mim.

— A gente não tem pesadelos. — Repliquei saindo da cama.

— Tem certeza?

      Peguei os calçados. Tirei o pijama e vesti a roupa da academia.

— Sabe alguma coisa que eu deva saber sobre isso? — retruquei.

— Quem sabe... — Disse se cobrindo aos poucos com o lençol. — Quem sabe...

“Garota estranha.” — Meditei. Me curvei e peguei a adaga da última gaveta, vesti o casaco e fui até a colina. Enterrei a arma no chão e comecei a fazer alongamentos até sentir a presença dele.

— Vejo que está empolgada hoje. — principiou Aslan, com voz suave.

— Bom dia também para você. — falei seca. — Achou que eu não seria capaz de acordar cedo de novo?

— Não tenho o hábito de sobrestimar ninguém como você. — enterrou a arma dele também no chão.

— Está falando do quê? — parei e o fitei.

ARCONTES - Livro 2Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ