4- Eu e o Gemini

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Depois da biblioteca fomos cada um para o seu dormitório. Lamentei que as primeiras pessoas com as quais simpatizei fossem de raças diferentes da minha, o que estou dizendo, nem sei a qual raça eu faço parte — Osman e Erdogan ficaram nos primeiros dormitórios dos meninos, eu e Beyhan passamos a porta que separa os sectores masculino e feminino. Meu quarto era o número 30 setor quatro, a frente da minha porta estava o quarto 78, naquele lado jaziam as meninas do segundo ano.

          As portas dos dormitórios não eram iguais as portas comuns como a da sala dos professores, balneários e outros compartimentos. O vão de cada uma formava um arco, as bordas decoradas a vermelho, as paredes eram cinzas, a porta era de madeira polida e envernizada, girei a maçaneta e entrei, para um lugar frequentado por vampiros aquilo mais parecia o quarto de Hobbits, porém tinha uma decoração alegre, nada sombria e agradável. As paredes interiores eram das mesmas cores, notei duas camas, o que implicava uma parceira de quarto, mas não estava. Notei uma porta no canto do quarto, coloquei a adaga e o cartão na cama, tinha um outro cartão, papel duro, azul marinho com listras decorativas prateadas e escritas a mão: Colina norte, 2h da tarde. Sem atraso. Traga consigo a sua adaga! — olhei na outra cama no outro lado da porta e tinha outro cartão. Caminhei em bicos de pé e peguei para ler: Oi, meu nome é Aelin, serei sua Gemini. Me encontre amanhã às 3h da tarde a baixo da colina sul, não se esqueça, traga a sua adaga! Bjos.

    Senti uma brisa abanar o meu cabelo, me virei e encarei a garota tímida me olhando.

— O que está fazendo? — Perguntou. Estava de pijama e secando o cabelo com a toalha.

— Ah, eu, é que — fiquei titubeante. — Eu estava só... Olhando. — devolvi o cartão. — desculpe.

— Não se preocupe. — sentou na cama e esboçou um sorriso de canto.

— Como você fez para chegar aqui se não abriu a porta do... — Pensei e vi que ela estava com o cabelo úmido. — banheiro?

   Amarrou a toalha na cabeça e pegou o celular com os fones.

— Sou uma Saltadora, não preciso de portas se eu quiser entrar ou sair de algum lugar. — a timidez era notável só pelo modo de falar e o tom de voz baixinho. Deduzi que já tivesse dezessete anos, quatro meses mais velha que eu.

    Lembrei que vi ela usando essa habilidade na hora da demonstração.

— Por que tem banheiros nos dormitórios se tem balneários coletivos? — Perguntei espreitando o banheiro. Fechei a porta e tirei a camiseta, joguei na cama e foi parar na cômoda.

— Os balneários são só para serem usados enquanto a gente não passar na aula de demonstração. Depois daí podemos usar os banheiros.

— Entendi. — Tirei a calça e os tênis. Abri as gavetas, todas as roupas intimas, meias e toalhas estavam lá. Jazia um baú de madeira junto as malas embaixo da cama, peguei e abri; cheia com varias camisetas pretas e calças de algodão pretas com barras brancas nas laterais e o emblema da academia.  Peguei o cartão que estava em cima delas: essas serão suas roupas de segunda a sexta. Avistei um frigobar pequeno para cada uma, abri e só tinha garrafas amarelas com o famoso líquido alimentar.

— Sema! — falou a menina me olhando.

— O que disse? — perguntei.

ARCONTES - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora