10- Parede da Fama

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Antes da aula de Estudo do Sangue fui chamada à sala dos professores; não sabia qual era a razão. Até o momento, pelo que me lembrava, não tinha quebrado o nariz de ninguém.  Quando lá cheguei estavam todos eles juntos: Samia, Roselyn, o Ogro e Emir.

— Entre, morceguinha. — disse a professora.

     Fechei a porta e fiquei diante da mesa deles. Analisei rapidamente as expressões faciais, posições e pequenos gestos que poderiam indicar se eu estava ferrada ou não. Nada! Graças a Decimus!

— Como você está? — Perguntou Roselyn me fitando.

— É meio que desnecessária essa pergunta considerando o fato de que a nossa espécie sempre está em perfeito estado de saúde. — observei.

Eles se entreolharam condescendentes.

— Mas não quando o assunto é o estado emocional. Soubemos que você foi uma dentre os poucos estudantes que não recebeu a visita dos pais no final de semana. — Indicou uma cadeira. Puxei devagar e sentei sobrepondo as mãos ao colo.

— Estou bem! — Afirmei batucando com os dedos nas coxas.

— Sabe por que está aqui? — Emir quis saber. Levantou a mandíbula.

— Não! — respondi automaticamente.

    Roselyn acenara para Samia. Ela pegara duas folhas com escritas e pô-las sobre a mesa e fez sinal para que eu as pegasse.

— Fiz questão de escrever todo o seu trabalho oral. É o da esquerda, e o da direita fui eu mesma que elaborei. — explicou Samia.

      Fiz uma breve e minuciosa lida em ambos papeis, parecia ser tudo a mesma coisa exceto alguns detalhes gramaticais. E pelo que me lembrava, o trabalho físico estava exatamente como eu o tinha descrito.

— Ainda não percebo.

— Você teve ajuda de alguém do segundo ou terceiro ano com esse trabalho? — indagou Roselyn.

— O quê?! Eu não faria isso nunca. — retruquei ofendida.

— Então está dizendo que uma mera estudante do primeiro ano conseguiu sozinha fazer acertadamente um trabalho como só um aluno do segundo e terceiro faria? — não sei porquê mas cada vez que o Ogro se dirigia a mim aparentava já ter um rancor acumulado.

      Fiquei inerte as acusações e preferi manter a boca fechada para não responder ao Ogro.

— Aylla, você... Você fez esse trabalho perfeitamente mais do que bem. — explicou Samia a olhar para mim. — Nem mesmo um aluno do segundo ano acertaria tudo como você fez detalhadamente. É preciso mais de três anos para se conhecer tão bem os odores de cada grupo sanguíneo.

Suspirei de leve me ajeitando na cadeira.

— Não recebi ajuda de ninguém. Fiz tudo sozinha, nem mesmo sabia que tinha acertado. Esperava um tremendo zero do tamanho do Hulk. — eu tinha um péssimo hábito de ficar fazendo um tanto de gestos enquanto falava, meus braços não paravam quietos. Quando percebi que eles não paravam de me olhar com estranheza abaixei as mãos.

— Você teve aulas em casa, leu ou estudou sobre isso? — perguntou Emir afagando sua barbicha. Não me pareceu que quisesse mesmo saber s resposta, pareceu-me como se fosse só para cumprir formalidade que fizera tal pergunta.

ARCONTES - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora