Ele não esta bem...

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Após almoçarmos juntas, Antonieta e eu fomos juntas até uma lojinha infantil que havia em frente ao restaurante em que estávamos, eu me apaixonei por cada roupinha e brinquedos que tinham na loja, já imaginando meus pequenos anjinhos nas roupas ou brincando com os brinquedos que eu compraria para eles, escolhi alguns presentes para Diana, minha neta, com a ajuda de Antonieta que também comprou vários presentes para meus filhos, e fomos buscar Ísis e Marquinhos na escolinha, onde eles estudavam, eles vieram correndo me abraçar, me deixando emocionada, eles era tudo que eu tinha, meus filhos era a minha vida e por eles eu era capaz de tudo. Eles abraçaram Antonieta e logo os coloquei nas cadeirinhas e fomos para minha casa, troquei as roupas das crianças, guardei o pouco material que eles levavam e coloquei para lavar as roupinhas que eles levam para escola, a babá deu o almoço das crianças, e os chamei para verem os presentes que havíamos comprado, Antonieta estava apaixonada pelos meus anjinhos, eles vieram correndo animados.
- Mamãe, você comprou presentes? - disse Marquinhos alegre
- Mãezinha, são para gente? - disse Ísis animada pulando do meu lado.
- Sim, meus amores. - eu sorri - Mas são presentes da tia Antonieta também, como que vocês vão dizer a ela? - disse olhando eles, eles eram extremamente educados e isso me encantava.
- Obrigada, titia. - disse Ísis indo abraçá-la e tirou a chupeta para lhe dar um beijo, Antonieta a olhou apaixonada.
- Não precisa agradecer, princesa. - Antonieta disse sorrindo de forma carinhosa.
- Brigada, tia Antonieta. - disse Marquinhos indo até ela a abraçando, porém de forma mais contida, ele ainda tinha um certo receio de conhecer pessoas por ter medo de perdê-las.
- De nada, meu amor. - disse Antonieta carinhosa.
- Podem abrir crianças, e depois pede a babá para ajudarem vocês a guardarem tá? - eu disse sorrindo observando a alegria deles abrindo cada presente.
- Antonieta vem cá. - lhe chamei em um lugar mais reservado, porém ainda na sala.
- O que houve, Victoria? - disse Antonieta preocupada.
- Me desculpa pela forma fechada do Marquinhos, ele tem difícil em conhecer pessoas novas por ter medo de perdê-las, estamos o levando ao psicólogo, e tem reagido muito bem porém percebi que ele estranhou um pouco você e de fato, isso me preocupa demais. - eu disse explicando a atitude de meu filho
- Não tem problema victoria, eu imaginei que fosse dessa forma. - disse Antonieta - O que houve com os pais biológicos deles? - disse Antonieta os olhando.
- Eles faleceram em um acidente, acho que isso mexeu muito com o psicológico de Marquinhos, a Ísis não lembra muito do que houve. - disse também observando meus pequenos.
Ficamos mais algum tempo conversando, e logo Antonieta retornou para casa de modas e eu subi com as crianças para elas tirarem a soneca da tarde enquanto a babá organizava as coisas que havíamos comprado, deitei na minha casa com eles para que pudesse tê-los bem perto de mim, enquanto eu cantava para eles a música que cantava para minha Maria.
- Mamãe, que horas o papai vai chegar? - disse Marquinhos me abraçando.
- Mais tarde, meu amor. - lhe respondi acariciando seu cabelo.
- Mamãezinha, onde o papai trabala? - disse Ísis com sua mamadeira na boca.
- Seu pai trabalha no hospital meu amor. - lhe respondi observando ela quase dormindo.
- O que ele faz no hospital? - disse Marquinhos curioso.
- Ele é médico, meu filho. - eu disse sorrindo.
Em alguns minutos, eles já estavam dormindo, eu continuei acariciando os cabelos dos meus pequenos lembrando de quando Max era daquele tamanho e ele me chamou de "mamãe" pela primeira vez, ele era o meu orgulho, ele foi a luz que eu precisava após perder minha filha, naquele maldito acidente. Enxuguei as lágrimas que rolavam em meu rosto e decidi descansar com eles, enquanto meu marido não chegava.
Algumas horas depois... já havia anoitecido, e vi que Heriberto havia me ligado algumas vezes e logo retornei a mensagem, o respondi assim que ouvir ele atender.
- Boa noite, meu amor, desculpa não ter atendido.. acabei dormindo com as crianças. - disse assim que ele me atendeu.
- Boa noite, amor. - eu sorri - Vou chegar de madrugada hoje, tudo bem? Ocorreu uma emergência e terei uma cirurgia para fazer, daqui a pouco entro para opera-lo. - ele disse de forma receosa.
- Tudo bem, minha vida. Fica tranquilo, vai dar tudo certo. - lhe respondi o tranquilizando - Vamos estar te esperando. - disse com saudades.
- Obrigada, querida! Estou morrendo de saudades de vocês. Como nossos filhos estão? - ele me respondeu.
- Estão dormindo na cama comigo, fui na rua com a Antonieta hoje e comprei algumas coisas para eles, Antonieta os encheu de presentes, eles ficaram tão animados amor. - contei um pouco do meu dia a ele.
- Que incrível meu amor, eles vão dormir com você? - ele me respondeu.
- Vou levá-los para cama, meu amor, vou te esperar em nosso quarto. Me acorde sim?! - lhe respondi sorrindo.
- Vou lhe acordar, assim que chegar. - ele disse e logo pude ouvi-lo rir, si risada me encantava. - Boa noite, minha vida, até mais tarde. Qualquer coisa me ligue hum?! - ele disse.
- Boa noite, amor. Ligo sim, até mais tarde. Te amo. - disse apaixonada.
- Te amo, querida. - ele me respondeu e assim desligamos.
Levei as crianças pro quarto delas com a ajuda da babá e disse que ela poderia ir descansar, voltei para meu quarto e tomei um banho vestindo uma camisola de seda preta, com alguns detalhes em renda, penteei meu cabelo e os deixei soltos, desci para a cozinha, preparei apenas um lanche para mim, após me alimentar subi novamente, fiquei lendo algumas das mensagens que haviam me enviado, infelizmente eu era horrível com telefone e sempre esquecia de responder as pessoas, li também alguns dos e-mails que o Oscar havia me enviado sobre a Casa de Modas, liguei para ele e conversamos como tudo estava, assim que resolvemos o que precisava, encerrei a ligação.
Liguei a televisão e coloquei na Netflix, procurei uma série para assistir e acabei escolhendo Once Upon Time, apaguei as luzes do quarto, foquei na série que havia colocado e sem perceber algum tempo depois, acabei adormecendo enquanto assistia minha série, como havia passado muitos dias sem dormir direito chorando pela minha pequena Maria e trabalhando muito na Casa de Modas, estava com bastante sono acumulado, graças aos meus pequenos estava mais feliz embora ainda doesse profundamente a perda da minha filha Maria. Acordei ao sentir os beijos do meu marido em meus braços, me virei sorrindo e o beijei apaixonadamente o puxando para ficar em cima do meu corpo, entrelacei um de meus braços em seu pescoço enquanto com a outro, eu segurava seu rosto lhe beijando, após uns minutos terminamos o beijo com alguns selinhos, ele foi tomar seu banho, estava cansado pude perceber, ele voltou um tempo depois se deitando do meu lado me trazendo para seu peito, levantei minha cabeça e com o olhar disse que estava tudo bem, não sei o que houve mas ele estava mal e falaria com ele amanhã, imaginei que algo tenha acontecido nessa operação que ele teve que fazer, resolvi respeitar o silêncio dele nesse primeiro momento, e falar com ele apenas no dia seguinte, lhe abracei após beijar o canto de sua boca, senti ele me virar e ele se agarrou em mim, me abraçando, e minutos depois senti sua respiração forte, o que indicava que estava dormindo, acariciei um de seus braços que estava em volta do meu corpo e voltei a dormir.
No dia seguinte, após fazer minha higiene, pedi que a babá arrumasse e levasse meus filhos para a escola, estava preocupada com meu marido e então decidi cuidar dele durante essa manhã, que estávamos sozinhos em casa. Ele acordou e sorriu assim que me viu, ele levantou indo ao banheiro fazendo sua higiene, e veio falar comigo.
- Bom dia, minha vida. - ele disse me olhando.
- Bom dia, meu amor. - eu disse acariciando seu rosto - Aconteceu algo? Percebi que estava cabisbaixo quando chegou do hospital. - disse preocupada.
- Um de meus pacientes, tem câncer, e eu não posso fazer mais nada para ajudá-lo, ele está em fase terminal. - Heriberto disse enquanto as lágrimas desciam.
- Meu amor, olha para mim - eu disse entrelaçando nossas mãos - Eu sei que o quanto isso dói para você, você é um profissional incrível e sei que fez tudo que estava em seu alcance até o que não poderia fazer. - disse indo lhe abraçar.
- Obrigada por estar comigo, meu amor. Eu não gosto de ter que me despedir dessa forma de algum paciente, porque sempre acredito na melhora dos quadros. - ele disse correspondendo meu abraço.
- Eu sei, querido, vai ficar tudo bem. - Eu disse tentando tranquiliza-lo.

Versão de Heriberto

Eu trabalhei o dia inteiro ontem, foi bastante corrido a rotina no hospital, porém já era um costume para mim. Estava cuidando de um caso bastante grave, um de meus pacientes estava com câncer no pulmão porém o câncer já havia se espalhado pelo seu organismo e se tornado terminal, não tinha mais nada que eu pudesse fazer, juntei todas as minhas forças e fui conversar com os familiares e amigos do paciente, disse a verdade e pedi desculpas por não poder fazer mais nada. Eu sempre me entreguei de corpo e alma a medicina, a cada paciente para poder ajudá-los a vencer cada doença, e sempre que havia casos onde eu não tinha mais o que fazer, eu sempre me sentia mal, e muitas das vezes me culpava achando que não havia feito o melhor de mim.
Cheguei em casa e fui muito bem recebido pela minha esposa, porém sabia que ela havia percebido que eu estava mal, ela me olhou como se dissesse que tudo ficaria bem e lhe abracei bem forte e logo adormeci pelo cansaço da rotina do hospital, de manhã acordei e ela estava do meu lado, me tranquilizou e me abraçou, me dando toda a força que naquele momento eu necessitava, eu não tenho e nunca tive dúvidas que ela era a mulher da minha vida e o amor da minha vida, e agora, mãe dos meus filhos. E assim, ela trouxe a calma que eu precisava diante a tempestade que havia vivido e estava vivendo com esse paciente, queria dar tudo de mim ainda nesses seus últimos dias de vida. Após conversar com minha esposa, me arrumei, tomei café da manhã junto a ela e voltei ao hospital a rotina estava bastante corrida e queria voltar para casa a tarde, para ficar com meus filhos.

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