Me perdoa?

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Amanheceu e eu estava arrumando meus pequenos para irem à escola, Heriberto chegaria daqui a pouco do plantão, estava morrendo de saudades de meu marido. Coloquei o uniformes em Ísis e Marquinhos após dar banho neles, e desci para tomar o café da manhã com meus pequenos após arrumar a mochilinha e o lanche de cada um deles, chegando na sala vejo Heriberto abrindo a porta e meus anjinhos indo correndo até ele para abraçá-lo.
- PAPAIZINHO - Ísis gritou enquanto corria indo até ele, Heriberto a pegou no colo beijando seu rosto.
- PAPAI - gritou também Marquinhos abraçando uma de suas pernas, Heriberto lhe pegou também no colo - Finalmente chegou do trabalho papai, estava com saudade - marquinho disse meio sentido.
- Oi meus amores, papai estava morrendo de saudades. - Heriberto os colocou no chão após dar toda atenção necessária a eles, e venho em minha direção ainda estava parada perto da escada admirando o pai incrível que meu marido era e é. - Oi, minha vida - Ele disse e me beijou, lhe correspondi feliz e terminamos o beijo por estar na frente das crianças e ele sussurrou em meu ouvido - Estava morrendo de saudades de você, querida - ele disse e depois deixou um beijo em meu pescoço enquanto eu estava com as mãos em seu cabelo.
Por um minuto esqueci que estava na frente das crianças, aproveitando meu momento com meu marido, pude ouvir seus gritinhos vindo até nós, sorrimos e os olhamos, Heriberto estava com os braços em minha cintura enquanto me abraçava por trás, enquanto eu sorria para meus pequenos.
- Mamãe, porque o papai beija você na boca e a gente na bochecha? - disse Ísis curiosa como sempre, nos olhamos e caímos na risada.
- Porque namorados se beijam assim minha filha, quando não são um casal se beija na bochecha - expliquei de uma maneira que eu fosse entender.
- Mas vocês não são namorados não é? Vocês casaram? - ela disse ainda tentando entender.
- Somos casados meu amor, mas casados também namoram. - Heriberto respondeu sorrindo.
- Então o papai não pode beijar mais ninguém da forma como beija a mamãe? - disse Marquinhos entrando na onda da irmã.
- Sim, meus amores, se vocês verem conta para mamãe tá bom? - eu respondi brincando com eles.
- Tá bom mamãe, eu vou cuidar pro papai não beijar na boca de mais ninguém sem ser a sua mamãezinha - disse Ísis fazendo gestos com as mãos enquanto falava.
Ísis correu pela sala procurando sua chupeta porém ela já estava alguns dias sem ela, estávamos tentando tirá-la completamente de Ísis sempre que ela procurava pela chupeta a distraímos para que ela esqueça, porém está ficando cada dia mais difícil e isso tem custado algumas noites de sono por ela está acostumada a dormir com a chupeta, conversaria hoje com o Heriberto sobre isso, talvez poderíamos ter uma forma melhor para fazer deixar a chupeta de lado.
Heriberto percebeu que ela começou a procurar a chupeta e a chamou para cozinha com ele enquanto ele a levava como se ela estivesse voando, podia ouvir suas gargalhadas e isso aquecia meu coração, Marquinhos veio grudado comigo, estava bastante apegado a mim, dos dois ele era o apegado a nós acredito que ele ainda tenha medo de que a gente os abandone, algo que jamais faríamos, a gente precisava ter paciência com ele como a psicóloga havia nos indicado.
Sentamos na mesa, e começamos a tomar café alegres entre as falas das crianças que queriam falar o tempo inteiro e ao mesmo tempo, percebi que ele tentava entender o que eles diziam e algum tempo depois a babá os levou para escola após nos despedimos, ainda não tinha me arrumado para o trabalho porque queria aproveitar um tempo com o meu marido e depois iria a casa de Maria, queria conversar seriamente com ela, sinto que precisamos dessa conversa.
Subimos para o quarto, percebi que Heriberto estava cansado pelo plantão e certamente a noite tinha sido bastante cansativa, então o chamei para tomar banho na banheira comigo, para gente aproveitar nosso tempo de qualidade já que quando as crianças estavam, não temos tempo para nós, nos despimos e depois entramos na banheira, estava sentada na sua frente no meio de suas pernas, com a cabeça apoiada em seus ombros, enquanto conversávamos.
- Como foi no trabalho, querido? - eu perguntei enquanto acariciava suas mãos que estava rodeando minha cintura, estava com os olhos fechados aproveitando o momento.
- Foi bastante cansativo, meu amor. - ele respondeu - E a sua noite, meu amor? - ele perguntou interessado.
- As crianças dormiram comigo, Ísis resmungou algumas vezes a noite ao procurar a chupeta e isso partia meu coração. - eu disse meio sentida porque odiava ver meus filhos tristes com algo.
- Eu sei amor, mas é para o bem dela. - ele disse enquanto beijava meus cabelos.
- Sei que sim, amor. - eu lhe respondi e logo me virei para ele colocando uma perna em cada lado de sua cintura - Quer uma massagem? - disse enquanto beijava seu pescoço.
- Quero, minha vida - pude senti-lo se arrepiar a cada beijo.
Fomos para o chuveiro, lhe dei banho, tomei o meu e fomos para o quarto, ele se sentou na cama após se secar e vestir uma cueca e bermuda apenas e ainda enxugava seu cabelo, vesti apenas um roupão e me ajoelhei na cama atrás dele, e fiz a massagem do jeito que ele gostava, enquanto sentia que ele relaxava e ficava mais leve, um tempo depois, avisei a ele que iria a casa de Maria e depois iria direto para a casa de modas, ele pediu que o ligasse quando chegasse e nos despedimos com alguns beijos, me arrumei, voltei ao quarto e percebi que ele dormia, enquanto o cobri e sai em direção ao meu carro.
Dirigi cuidadosamente até a casa de Maria Desamparada, a minha pequena Maria, precisava conversar com minha filha, precisava lhe dizer como eu me sentia em relação a tudo que estava acontecendo.
Cheguei e após ser atendida pedi que chamassem a Maria, ela veio um tempo depois com um olhar triste porém sabia que o orgulho ainda falava o mais alto.
- Bom dia, Maria - lhe disse assim que ela chegou a sala.
- Bom dia. - ela me respondeu e pude perceber que não tem mais o "senhora" nas frases como antes, nas poucas vezes que nos encontrávamos.
- Queria conversar com você, você pode? - disse educadamente respeitando sua decisão mesmo que minha maior vontade fosse lhe abraçar e chamá-la de filha, eu esperaria o tempo que fosse.
- Tenho sim. - ela se sentou no sofá e apontou o sofá em sua frente - Pode se sentar.
- Obrigada. - me sentei - Maria, quero que saiba de algo que escondi de você por esses meses - retirei de minha bolsa uma pasta com documentos que havia sido entregues pelo nosso detetive e lhe entreguei - Nessa parte, tem todas as provas que o acidente que me afastou de você foi provocado, e que Bernarda de Iturbide, sua avó quem o provocou. Eu queria lhe contar naquele dia porém devido ao ocorrido e tudo que havia sido dito, eu não consegui, queria que você pudesse entender toda a dor que eu senti Maria, ao te perder, ao perder a filha que era a única que eu tinha na minha vida, eu sempre fui sozinha Maria e por ser órfã, não tinha familiares, trabalhava desde adolescência e também não tinha amigos apenas a Antonieta que era minha amiga desde do orfanato, aonde morávamos, ela me ajudava a cuidar de você quando eu precisava virar noites costurando para não deixar que nada faltasse para você minha filha, quero lhe mostrar algo que nunca mostrei a ninguém - a chamei e ela mesmo chorando e receosa se sentou ao meu lado, levantei a camisa do lado esquerdo e lhe mostrei uma cicatriz que ali havia - Apenas meu marido sabe da cicatriz embora ele também não saiba do motivo, essa cicatriz filha, foi no horrível acidente que nos separamos, toque filha e sinta - coloquei sua mão por cima da cicatriz alta que ali havia - Uma mãe é capaz de tudo por seus filhos Maria, e se eu tivesse que entrar na frente de outro carro para te salvar novamente, eu faria sem pensar duas vezes, mesmo sabendo de tudo que lhe disse no dia que soube que era minha filha e tudo que foi dito agora a você, dúvida do meu amor de mãe? - disse chorando, com medo do que ela falaria, eu sentia ela tocar ainda na cicatriz enquanto chorava e vez ou outra me olhava.
- Ma..mãe - ela disse chorando e me abraçou - Me perdoa por ter dito todas aquelas coisas horríveis e por ter te renegado como mãe, eu estava confusa e magoada com tudo, eu sei que faria de tudo por cada um dos seus filhos e agora vendo essa cicatriz que mostra parte do dia em que a senhora deu sua vida por mim sem pensar duas vezes posso perceber que é sim a mãe que sempre imaginei querer ter, ainda no orfanato quando era apenas uma menina. Mãe eu te amo, me perdoa? Me perdoa por não ter ido te ver no hospital, eu estava tão confusa. - ela disse chorando e emocionada lhe abracei, finalmente tinha minha filha ao meu lado.
- Não tenho o que te perdoar, minha filha. - disse emocionada porém feliz - Minha pequena Maria - chorei agradecendo a virgem e a Deus, finalmente a tinha em meus braços.

Consecuencias De Un Pasado Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz