Uma visita aristocrática

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Eu não pude conter meus impulsos, meu corpo me precipitou na direção do Vladimir como um raio, quando me dei conta eu o tinha abraçado sem timidez alguma. O rosto do Vladimir que sempre continha um expressão neutra deu lugar a um sorriso tímido e discreto, enquanto Beliath já de pé arregalou seu olhos espantado e sem entender o que tinha acabado de acontecer; Eu sei que o Vladimir sempre foi muito reservado e pouco afetivo, mas eu me recusava a solta-lo pois a saudade não me permitia, foi quando para minha surpresa ele retribuiu meu abraço elevando uma de suas mãos até um pouco acima da minha cintura e me puxou para junto dele, seu gesto não retinha malícias, era como abraçar um irmão carinhosamente. Ficamos assim uns poucos segundos e quando finalmente nos separamos Beliath sorrindo tomou a palavra.

- Muito bem minha linda, parece que finalmente você ensinou nosso aristocrata rabugento o que é gostar de alguém.

* Eu sorri e fui em direção ao Beliath e também o abracei*

- Também senti sua falta Beliath e você nem imagina o quanto! Mas...o que vocês fazem aqui? Como me encontraram? E Vladimir como você conseguiu sair da mansão?

- Acalme-se senhorita! São muitas perguntas e vou responder todas ao seu tempo. Beliath me acompanhou até aqui pois muitas coisas precisam ser esclarecidas e...

- É o Ivan? Aconteceu algo com ele não é? É por isso que você veio?

Eu estava ansiosa e aflita. Vladimir não saia da mansão pois seu problema com a luz do Sol e da Lua geralmente o tornavam recluso, o fato de ele estar aqui tão longe me deixava preocupada, saber que me acharam sem dificuldade alguma também não ajudava a me acalmar.

- Minha doce ratinha o Ivan está bem se é o que te preocupa tanto, mas não é por isso que estamos aqui, o Vladimir precisa te contar uma coisa muito importante então pelo menos deixe-o falar.

* Eu balancei a cabeça concordando e os guiei até uma pequena saleta de espera que ficava ao lado*

Vladimir estava estranho, enquanto que Beliath permaneceu em silêncio sentado no sofá. Quando o silêncio foi quebrado com uma voz trêmula Vladimir me perguntou como eu estava e se estava sendo bem tratada naquele lugar.

Eu disse a ele que fui bem acolhida, o dono da loja era muito amável e gentil e aos poucos estava me ensinando seu ofício. A conversa começou a fluir lentamente até o ponto em que Vladimir mencionou os meus pais, o envolvimento deles com o assassino e a obsessão do mesmo em me matar.

* Meus olhos se encheram de lágrimas e não as retive diante do que ouvia*

- ( Meus pais a quem nunca conheci, Vladimir os matou enquanto controlado pelo Neil. E o assassino que eu achava implacável talvez não fosse tão culpado como imaginei no início.)

Eram muitas informações,mas, a essa altura eu precisava aguentar firme e absorver tudo, era o que me restava esclarecer meu passado para tentar viver um futuro. Haviam muitas lacunas na história da minha vida até aquele momento onde as cartas foram postas sobre a mesa.

- Eloise, sem que não posso reparar o dano que lhe causei, e nem aliviar a dor que você deve estar sentindo, mas, gostaria que algum dia você pudesse me perdoar. Foi por isso que vim até aqui precisava lhe dizer a verdade e te pedir perdão!

- ( Ele matou meus pais e talvez eu devesse odia-lo por isso, mas ele não teve toda a culpa sozinho. Além disso sua expressão de arrependimento tem um fardo pesado que foi carregado durante todos esses anos, eu não poderia odia-lo.)

- Vladimir, você me deixou na porta daquele orfanato um dia, se o destino não quisesse que chegasse o momento do perdão eu jamais teria voltado aquela mansão, você está perdoado e estou feliz que tenha tido coragem de vir até aqui para me contar tudo! Mas agora me diga como vocês sabiam onde me achar?

Beliath finalmente resolveu tomar a palavra dessa vez sem suas cantadas rotineiras.

- Bom minha linda, na verdade a ideia foi do Aaron, nosso protetor sempre tem um plano para tudo e nós concordamos com a estratégia dele.

- Mas Beliath...a última coisa que me lembro foi de sair da mansão sem destino antes dos lobos me acharem e a Jennifer me trazer para cá.

- Sim minha querida, porém, antes de mais nada é preciso dizer que nós nunca te deixamos completamente só, um dia enquanto você seguia o Ivan, Jennifer estava na cidade e te viu falar com sua amiga Melanie. Jennifer seguiu sua amiga para fora da cidade e foi nos contar que ela trabalhava na mesma alfaiataria em que encomendamos as roupas do Vladimir e do Raphael.

- ( Eu sabia que não era coincidência, eu estava certa sobre a alfaiataria.)

Beliath continuou dizendo que uma reunião foi feita com alguns vampiros para ter um plano alternativo caso o assassino se tornasse uma ameaça incontrolável; Na reunião Aaron disse que o assassino era um vampiro ancião muito poderoso e para o caso de emergência eu e o Ivan seríamos retirados da cidade. Como o Aaron se preocupava com o Ivan e minha condição de cálice me ligava a ele, seu temor era que algo acontecesse comigo que dezestabilizasse ou até colocasse o Ivan em evidência.

O Ivan já tinha um jeito difícil de lidar por conta do seu passado não resolvido, é verdade que algo tão delicado como nossa ligação poderia ser fatal para todos.

- Certo! Se eu entendi bem vocês iriam trazer os dois para cá. Mas por que seguir a Melanie? Não era mais fácil nos mandar para um hotel sei lá?!

- Melanie era um rosto já conhecido para você, diante de uma situação drástica seria fácil hipnotiza-la para que te acolhesse.

- E depois qual seria o plano me esquecer aqui?

- Nós não havíamos previsto o rompimento de sua ligação com o Ivan querida. Assim que você saiu da mansão tivemos pouco tempo para agir, a Farah já nos aguardava no grande salão para dizer que o assassino não estava longe e quando nos demos conta você tinha ido embora sem levar nada.

Agora tudo fazia sentido,o ataque a alcatéia, tudo. Naquela noite Aaron correu para a floresta atrás do assassino, Farah com os outros lobos tinham a missão de me encontrar e devido a situação que foi explicada para ela tinham que me tirar da cidade para me manter segura.

- Eloise espero que você entenda que fizemos o melhor para te manter segura, sua condição,um novo cálice na mansão, mesmo que eu fosse contra a sua partida tive que concordar.

- É verdade que quando minha condição de cálice terminou você insistiu para que eu ficasse Beliath, mas tem uma coisa que não entendi muito bem... Por que me trazer para essa cidade e me deixar nessa loja?!

- É simples minha querida. Além de conhecer o dono da loja, tem também o fato de que morei por alguns anos nessa cidade e logo depois o Ethan também veio ao meu convite. Nós ficamos aqui algum tempo antes de ir para a mansão.

- Você e o Ethan?

- Sim. A cidade tem uma história de companheirismo e conceito de família que você já deve ter notado, que fez bem a mim já que minha origem e criação não eram de laços afetivos, e ajudaram o Ethan a ser mais sociável. Se não fosse desse modo provavelmente não seríamos aceitos na mansão e nem seríamos o grupo que você conheceu.

As peças do quebra cabeça agora faziam sentido, Vladimir disse que como o alfaiate acolhia jovens para ensina-los não seria difícil que eu passasse despercebida pela cidade sem ter que dar explicações, tudo o que Beliath teve que fazer foi usar seus poderes para persuadir o dono a não fazer perguntas ao meu respeito e Melanie me acolher como a amiga que sempre fomos sem questionar demais.

-( Então foi por isso que os achei estranhos, quando cheguei não me perguntaram nada que precisasse de uma resposta complexa ou uma mentira bem elaborada!)

- Bem senhorita nós já ficamos muito tempo aqui, temos que retornar para a mansão enquanto o tempo ainda está chuvoso.

- ( Claro! Com a temporada de chuvas nada de Sol nem Lua, foi assim que o Vladimir chegou aqui, inteligente!)

- Vladimir tem razão! Mas e você minha linda virá conosco?

Family Lovers- O recomeçoWhere stories live. Discover now