Jamais se abandona um amigo Part.1

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O silêncio imperava no cômodo nenhum dos dois me respondeu, então perguntei novamente e dessa vez minha voz estava mais determinada.

- O que você faz aqui Vladimir e onde está o Beliath?

- Eu te disse Vladimir, foi ela. Foi ela...

- Quieta Leandra! Senhorita Eloise perdoe pela invasão, mas tínhamos urgência em vê-la! Por acaso o Beliath está aqui com você?

- Comigo?

Minha voz não se manteve firme por muito tempo, o susto da pergunta que o Vladimir me dirigiu dizia que algo estava errado.

* Leandra alterada indagou*

- Eu te falei Vladimir foi ela. Ela o levou e agora pode ser tarde demais!

- Espera! Quem levou quem? O que está havendo Vladimir?

- Senhorita não quero assusta-la, há alguns dias Beliath veio até aqui buscar algumas roupas, mas o fato é que até o momento ele não voltou e Leandra acha que ele pode ter sido levado.

- ( Mas como isso é possível, ele já teve tempo o suficiente de ir a mansão e regressar!?). Vladimir ele saiu daqui sozinho, não havia ninguém com ele.

- Então não há tempo a perder Vladimir, temos que voltar e começar as buscas!

- Esperem aí!

* Meu tom de voz escoou pelo quarto como um grito de fúria*

- Não sei o que está acontecendo aqui, mas, vocês invadiram meu quarto no meio da noite, me disseram que alguém pode ter levado o Beliath...

- Alguém não...nossa mãe Asmodée!

- Não me importa quem seja Leandra, vocês não vão me deixar aqui! Beliath é meu amigo e jamais se abandona um amigo eu vou junto!

Leandra protestou insistindo para o Vladimir me deixar, porém, ele já conhecia minha determinação e sabia que não iriam me convencer. Não havia tempo de avisar ao papai que iria sair e devido a situação não seria conveniente.

* Troquei rapidamente de roupa peguei minha bolsa e fui ao encontro do Vladimir que me aguardava na entrada*

Na frente da loja havia um táxi, o motorista aparentemente sob influência dos poderes de persuasão abriu a porta para entrarmos e deu a partida. O carro cortava a estrada como uma faca afiada corta uma simples folha de papel.

Assim que chegamos em minha cidade natal a madrugada estava quase chegando ao fim, meu corpo dolorido pelo trajeto veloz teve dificuldades em sair do carro. Leandra disse ao Vladimir para se abrigar em algum lugar pois logo o Sol surgiria, ele discordou a mansão não ficava longe e ele insistiu em pegar a estrada de uma vez.

Leandra esticou suas asas e foi voando em direção a mansão e Vladimir com seu ritmo vampiresco foi correndo logo atrás, eu não tinha mais poderes de cálice então tive que me contentar em correr o máximo que minhas pernas aguentavam.

Enquanto corria os pensamentos invadiam minha mente, o que eu encontraria ao passar novamente por aquelas portas, como encontraríamos o Beliath e mais importante ainda se ele estaria vivo quando chegascemos. As palavras do Vladimir no carro me explicando quem era a tal Asmodée e que ela pretendia matar o próprio filho em um ritual Súcubo milenar em busca de poder, tudo isso me atormentava e me deixava em pânico, mas eu tinha que ser forte.

Quando finalmente cheguei a mansão o suor escorria do meu rosto, meu coração batia descontrolado enquanto eu abria a grande porta de madeira e os primeiros raios de Sol iluminavam minhas costas.

Assim que entrei no hall nada parecia ter mudado, o sentimento de dor que me afligia quando parti voltou com força me causando mal estar.

- ( Se acalme Eloise pense no Beliath. É tudo pelo seu amigo Beliath.)

Leandra estava a minha espera no hall e disse que com o nascer do dia os vampiros precisaram se recolher, Asmodée precisaria da luz da Lua para agir então tinhamos algum tempo para nos organizar; Ela disse que Aaron estava na mansão e como ele sempre foi o melhor combatente, todos contavam com as ideias dele para um ataque bem sucedido.

- (Aaron! A tanto tempo que não o vejo.)

* Retirei da pequena bolsa que trouxe comigo uma adaga que Beliath em uma visita me entregou a pedido do Aaron como presente de despedida antes dele partir com a Farah*

- ( Eu não sei por qual razão a trouxe, mas, visto que teremos um inimigo em potencial ela pode servir.)

Fui aconselhada pela Leandra a ir descansar no meu antigo quarto e cansada aceitei o conselho sem questionar. Eu subi a escada exausta e tive a ideia de tomar um banho para me livrar do suor, peguei uma toalha em meu antigo quarto que estava perfeitamente limpo e da maneira que o deixei e logo me direcionei ao banheiro.

Em meio ao vapor e a água quente que caia sobre meu corpo pensei no papai Fernando, eu saí sem dizer nada para o bem dele mas como ele reagiria ao perceber que eu não estava mais lá.

- ( Papai me perdoe, mas você estará mais seguro longe daqui!)

* Sai da banheira e me enrolando na toalha percebi a porta se abrir atrás de mim*

A porta do banheiro não tinha chave algo que sempre odiei. Como os vampiros haviam se recolhido a pouco, imaginei que fosse a Leandra e me virei.

* Assustada com a figura que entrava deixei cair a toalha revelando meu corpo completamente nu*

A silhueta de um rapaz com uma calça jeans e camiseta ambos de cor preta semi cobertos por uma capa me olhava da soleira da porta.

- IVAN!!!!

Nós estávamos a poucos centímetros um do outro, bastava esticar meu braço para troca-lo, mas encabulada tentei recuperar a toalha que estava no chão, foi uma tentativa inútil, pois, minha mão foi retida pelo toque suave das mãos do Ivan que delicadamente envolveu seus braços em volta do meu quadril e me puxou para junto dele.

* Nossos olhos se encontraram pela primeira vez em muito tempo*

Sem que eu pudesse dizer qualquer palavra as barreiras de nossa distância foram quebradas por um beijo ardente que me arrebatou.

Family Lovers- O recomeçoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora