A promessa cumprida

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Eu comecei a tremer diante da revelação, o álbum que estava em minhas mãos desabou caindo dentro do baú e meu corpo se inclinou para trás e quase sem fôlego desmaiei.

Horas depois recobrei a consciência pouco a pouco, ainda de olhos fechados senti um delicado aroma de perfume cítrico combinado com uma essência floral de shampoo de cabelo que eu reconheceria em qualquer lugar.

* Vagarosamente abri meus olhos*

- Beliath!

Ele estava ao meu lado na cama e suspirou aliviado ao me ver acordar. Beliath havia prometido em sua primeira visita que nós nos veríamos de novo, de fato ele cumpriu a promessa e de tempos em tempos vinha me visitar e trazer notícias da mansão.

A primeira visita que ele me fez desacompanhado eu precisava saber notícias do Ivan, Beliath me disse que quando voltou para a mansão com Vladimir ele e Loic se preparavam para ir embora. Como seu Loic tinha família para prestar contas, a ideia era dizer que ele havia se separado da Constance sem revelar os verdadeiros motivos, justificando sua decisão de ir embora e sua ausência prolongada os dois poderia partir sem levantar suspeitas ou comprometer o grupo.

Raphael pelo que entendi tinha pendências a resolver com seu irmão, certa ocasião a frente da mansão virou um campo de batalha para seu acerto de contas final, e após a sua vitória Raphael voltou a sua rotina de leituras noite a dentro.

Vladimir continuava o mesmo zeloso de seu jardim, cuidava da mansão e se mantinha vigilante ao bem estar dos que restaram na mansão.

Ethan dedicava-se ao seu passatempo preferido, tentar seduzir a Leandra irmã do Beliath.

E Aaron depois da morte do Neil, deixou a mansão para se juntar a Farah por um tempo, como seu vínculo com o Ivan sempre foi muito forte, Aaron era o único que sabia seu paradeiro e ia até a mansão vez ou outra para informar a todos que o Ivan estava bem e logo sumia floresta a dentro novamente.

Enquanto Beliath ficava feliz de ser meu mensageiro e transmitir minhas saudações aos demais. Mas, naquela noite eu me perguntava até onde todos sabiam sobre o que eu tinha acabado de descobrir.

* Eu tentei falar, as palavras saiam sem ordem e coerência*

- Beliath...o Ivan é ele... é ele!

- Minha linda tenha calma não estou entendendo nada!

- O pai dele. O dono da loja é o pai dele e você não me contou.

-  Como? Eloise vamos com calma doçura, de quem você está falando? Eu cheguei aqui a pouco e mesmo que um dia eu esperasse ver você na cama não era nesse estado que eu estava pensando querida.

É verdade que Beliath era um sedutor incontrolável, a prova disso era os presentes e mimos que ele fazia questão de me trazer sempre que me visitava, além de suas típicas cantadas onde ele demostrava bem que servia para o papel de "AMIGO TALARICO".

- Beliath isso não é hora para brincar de sedutor falo sério!

- Está bem, está bem. Então me explique o que exatamente aconteceu pra te deixar assim.

Contei a ele sobre a foto no baú, a história que papai Fernando havia me contado sobre o filho e como o Ivan havia partido para longe do pai. Beliath arregalou os olhos, sua expressão de surpresa indicava que ele também não sabia de nada.

- Mas como você não sabia de nada? Você morou nesta cidade não é?

- Minha linda não é tão simples assim, quando vim para cá muito da minha criação interferia em minha personalidade, eu não era a pessoa sociável que você conhece e tão pouco frequentei está alfaiataria.

- Mas você deve ter conhecido os pais do Ivan antes não é?

- Na verdade querida eu sabia da existência da loja, enquanto morei na cidade nunca entrei aqui e o dono não frequentava os mesmos ambientes que eu.

- (É verdade que papai sempre foi um homem do lar e muito reservado, não é estranho que Beliath não o conhecesse.)

- Além disso minha flor, pelos eventos e a forma como tudo aconteceu quando fui morar na mansão Ivan ainda era um garoto. Muito provavelmente quando comecei a vir pegar as roupas do Vladimir pelo que você me contou Ivan não ficava na loja e tempos depois foi embora.

- Mas... Então o que fazemos agora? O pai acha que ele está morto Beliath, não podemos ficar de braços cruzados!

- Eloise eu entendo sua aflição, no entanto precisamos ter cuidado! Não é só você que vai se expor, mas também todos nós. Esse senhor está sob influência dos meus poderes de persuasão e desestabilizar o emocional dele pode abalar essa influência como aconteceu no baile depois do ataque do assassino.

- Então não faremos nada? Esse pobre homem vai continuar sofrendo achando que o filho está morto!? E eu terei que fingir que isso é verdade diante do homem que é um pai pra mim?

- Eloise escute... Ivan deixou o pai pensar que ele estava morto durante todos esses anos, essa decisão só caberia a ele tomar e ele não está aqui agora. E você precisa levar em conta que dá última vez que Ivan confrontou seu passado quase foi morto, imagina o choque que esse senhor levaria se lhe dissessem que seu filho é um vampiro!

As palavras do Beliath me fizeram raciocinar, havia muita coisa em jogo, ser discretos era o melhor que poderíamos fazer naquele momento. Nós não sabíamos os danos que tal revelação causaria aquele que agora eu chamava de pai, só tinhamos certeza de que está verdade não viria sem consequências.

- Minha querida. Eu havia vindo apenas buscar as encomendas do nosso aristocrata e preciso voltar para a mansão, mas, quero que você se acalme, mantenha a discrição sobre tudo o que falamos, vou me reunir com os outros e ver o que podemos fazer. Mas até que eu retorne não diga uma só palavra ao alfaiate entendido?

* Com a cabeça fiz um gesto concordando*

O plano do Beliath era retornar a mansão, assim que retornasse ele se reuniria com Vladimir e Raphael para entrar em um acordo sobre como proceder. Para os humanos Ivan estava morto, para os vampiros da mansão ele estava distante e o único que poderia contactá-lo era o Aaron. Beliath me pediu que não me enchesse de esperança, era capaz do Vladimir insistir em deixar as coisas como estavam, já que o estado emocional do pai do Ivan seria irrelevante para eles; Foi atendendo ao meu pedido que ele resolveu levar o caso a julgamento dos outros, podia parecer irrelevante, mas, após tanto tempo convivendo com o sofrimento no olhar do meu querido papai Fernando, eu senti em meu coração que devia retribuir a ele a felicidade que me foi dada em meio as minhas angústias, a família que ele me deu quando pensei estar sozinha, eu precisava ser sincera como ele foi comigo.

* Beliath estava próximo a porta se virou e me disse as últimas palavras antes de sair*

- Você não está sozinha nessa história minha linda, mesmo depois de sair da mansão você continua sendo parte do grupo e minha amiga, e jamais se abandona um amigo. Nos veremos logo, tenha uma boa noite doçura!

Assim que ele partiu eu fiquei no quarto torcendo para que seu retorno trouxesse boas novas. Logo em seguida papai entrou no quarto com um prato de sopa quentinho e sorriu ao me ver totalmente consciente.

Passaram-se exatamente 4 dias desde a partida do Beliath, havia passado tempo suficiente para ele ir a mansão e voltar trazendo alguma notícia, eu comecei a me convencer de que sua ausência já era a resposta que eu temia.

- ( Provavelmente Vladimir resolveu não se envolver neste assunto.)

Após um longo dia de trabalho tomei um banho e fui para meu quarto dormir. Durante a noite tive a impressão de não estar só no quarto, havia mais alguém ali comigo, mas meu corpo não emitia sinais de perigo, era uma sensação de urgência que me fez abrir os olhos e na escuridão do quarto duas distintas silhuetas se apresentavam em um canto.

* Estendi o braço para acender a luz do abajour*

Diante dos meus olhos estavam Vladimir e Leandra.

- Mas...vocês... O que vocês fazem aqui?

Family Lovers- O recomeçoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora