[1.6] corredores

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                               🚬

Percebi que os corredores de Seoul Art School eram melhores quando tinham todo aquele barulho de alunos correndo, vozes e risadas altas. Mas estava tudo silencioso agora, a única coisa barulhenta era minha mente, que insistia em me lembrar a todo instante que eu estava preso ali por mais duas semanas, e Jimin iria embora em cinco dias.

Na verdade, ele já não estava mais na escola. Depois que todo o discurso dos professores e do diretor terminaram, tive uma pequena comemoração e a formatura seria hoje. Era estranho pensar disso tudo, fim de uma fase tão esperada por uns e que outros tinham medo. Eu estava entre os dois, anos atrás.

Não sei, agora que acabou — bem, quase acabou para mim — eu parecia vazio. Vendo tudo o que passei, tudo que fiz e tudo que senti. Me perguntava se valia a pena, se algum dia eu olharia para trás e me arrependeria de alguma coisa, mínima que fosse.

O dormitório tinha uma parte vazia e arrumada, sem as coisas dele. Eu estava sentado na cama que ele dormia, sentindo um nada enorme no peito. Eu olhava meu lado do quarto, em minha mente passava todos os momentos que vivi ali, parecia que tinha sido ontem mesmo que entrei pela primeira vez nesse lugar.

Louco, completamente louco.

A sensação de vazio se foi quando Jiwoo passou pela porta, invadido o quarto, ele dava pulinhos e meio que surtava silenciosamente. Eu ri, achando graça toda aquela animação que não era costumeira vinda dele.

Eu já imaginava a causa de toda aquela euforia.

— Vamos! Vamos logo! Yoongi e Hoseok estão nos esperando.

Eles estavam mesmo, no outro lado do muro, fora das grades dessa merda de escola. Eram quase uma da manhã e eu senti o mesmo arrepio que senti da última vez que andei na ponta do pé até a parte de trás da construção, o mesmo medinho ao pular o muro e quebrar um pé, talvez.

Mas daquela vez era diferente. As pessoas que estavam nos esperando eram formadas no ensino médio,  estavam indo para a tão esperada vida adulta e estavam ali para irmos para a comemoração disso.

Também eram as pessoas que ficaram do meu lado nos dias em que era difícil resolver um problema de matemática ou procurar por respostas nos textos de história, que em aulas vagas ficavam de bobeira e dividiam um baseado comigo. Eram meus amigos.

Por isso eu pulei o muro com um sorriso, mas não sabia que ficaria com uma dor no tornozelo no dia seguinte.

— Puta merda, vocês arranjaram um carro! — proferi, surpreso com o automóvel que estava em minha frente.

— Peguei a chave do meu pai, ele nem se tocou. — Hoseok contava, enquanto abria a porta do passageiro e em seguida entrou.

O namorado dele entrou logo depois e eu e Jiwoo ficamos atrás. Eu gostava do cheiro característicos que carros tinham, mas o do pai de Hoseok era incrível. Tinha cheiro de lavanda e era super confortável, apesar de não ser um daqueles carrões que passavam na televisão.

No caminho, falamos sobre o negócio que Jiwoo abriria, em como ele faria para obter as bebidas, quem faria as comidas, se ele já tinha pensando na decoração. Ele respondeu todas as perguntas de forma animada, sorrindo daquele jeito que o fazia parecer uma criança.

Não era longe da escola, ficava quase no centro da cidade, em um bairro iluminado e cheio de pessoas mesmo naquele horário da noite.

A fachada do bar estava desgastada, mas com uma pequena reforma ficaria incrível. As luzes de dentro estavam acesas, e uma música consideravelmente alta saia de lá. Eu demorei uns minutos analisando o movimento e os outros restaurantes. Era estranho olhar para aquilo e me imaginar ali, como sócio de um bar.

Erva, love e você | JikookWhere stories live. Discover now