[1.4] oh, não.

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                                 🚬                               

Seus passos eram rápidos e eu tentava ser suave ao que o seguia em meio a vários alunos afobados. Minha confusão aumentou quando o vi entrando na ala c, e seguindo até o final. Não me abalei quando ele entrou no meu quarto, fechando a porta em seguida. Aproximei-me, abrindo somente um pouco, deixando uma brecha para que eu pudesse ver. Ele tirou uma coisa do bolso e enfiou rapidamente embaixo do travesseiro de Jimin, olhou em volta e andou de volta para a porta.

Deu tempo apenas de eu me misturar com as pessoas que passavam por ali, fingindo ir caminho contrário, quando vi que Seonghwa já estava longe, entrei no dormitório. Os passos até a cama de Jimin pareceram longos, e meu mundo parou de girar quando eu levantei o travesseiro e visualizei um pacote transparente com um pó branco dentro. Não só um, vários. O ar faltou e eu só conseguia pensar quanto aquele moleque era filha da puta. As vozes do lado de fora começaram a ficar mais altas, uma em específico, minha mãos agiram sozinhas quando peguei todas aquelas coisas e andei até minha própria cama, colocando embaixo do meu travesseiro.

E então Jimin apareceu atrás de mim, me puxando e dizendo que nosso corredor seria o próximo a ser revistado. Me encostei ao lado da porta, com a cabeça baixa e sentindo meu coração acelerado, sentia o corpo quente e estava extremamente desesperado. Eu tinha noção que estava fodido, completamente. Mas jamais deixaria Jimin naquele lugar, eu sabia que ele não tinha uma boa reputação e aquilo poderia estragar o futuro dele. Eu não tinha muita expectativa para o dia de amanhã, porém conhecia o homem sonhador que tinha ao meu lado.

Senti quando um dos professores passou ao meu lado, e tudo parecia rodar. Virei o pescoço, na intenção de espiar, ele mexia nas coisas que estavam em cima da mesinha de Jimin, e depois foi para sua cama. Os lençóis arrumados, como ele sempre deixava, bem diferente da minha. Quando chegou a hora do meu lado do quarto eu nem mesmo sentia nada. Seus olhos analisaram tudo, e ao invés de começar pela minha mesa ou armário, ele seguiu certeiro para minha cama. Primeiro jogou as roupas que estavam em cima no chão, nem liguei. Meus olhos já estavam molhados quando ele colocou a mão no travesseiro, e quando levantou, seu rosto se contorceu. Primeiro em uma careta desgostosa, e então um sorriso. 

- Parece que achamos o espertinho.

Nem percebi quando ele me pegou pelo braço, me puxando pelos corredores, também não dei ouvidos quando ele disse para o diretor que era eu quem estava distribuindo droga para os alunos. Eu estava imerso em todas as coisas que poderiam acontecer comigo, e como talvez aquilo poderia afetar não somente Jimin, mas todos os nossos outros amigos também.

Minha mão direita já estava no pulso esquerdo, apenas segurando com força. Lutei contra a vontade de passar a unha ali, ansiando o fim da tortura psicológica. O homem velho havia desligado o telefone, me olhava com uma cara de raiva e algo como decepção. Foram longos minutos naquele silêncio, eu havia desistido de encarar ele, minha atenção agora estava voltada para os saquinhos em cima da mesa do meu superior.

Não era para ser eu ali, sentado carregando toda uma angústia e ansiedade. Com medo de até piscar os olhos num segundo errado. Seonghwa não queria Jungkook ali, ele queria Jimin. Não achava que alguém poderia ser tão cruel, mas então lembrei que se tratava de um ser humano. Os olhos daquele cara não escondia sua maldade, a beleza não escondia sua crueldade. Ele não parecia ter pensado duas vezes em fazer aquilo. Jimin tinha história com ele e aparentemente, o lado do lobo era de fato sombrio. Lembrei de Yoongi contando do envolvimento de Seonghwa com traficantes e o motivo dele ter sido expulso. 

Fora pego desmaiado em um dos quartos, com diversas pílulas no chão e carreiras de pó pelo quarto.

Era para ser Jimin.

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