[0.3] por que tão estranho?

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🚬

O mundo estava estranho. Na verdade, Seoul Art School estava estranha. Os alunos estavam quietos, passar pelos corredores que sempre eram movimentados e barulhentos para não escutar ao menos as janelas rangerem. Não tinha nada, uma alma vida, exceto por eu e Taehyung.

Era apenas dois garotos no meio da escola às 15:25 p.m.

O Kim estava com um baseado entre os dedos da mão direita, e seu braço esquerdo passava pelo meu pescoço enquanto andávamos lentamente. Era perigoso fumar nos corredores, ainda mais na luz do dia. Mas quem disse que ele se importava? Sendo filho do coordenador da escola Taehyung se sentia mais seguro em aprontar. Não era como se ele ligasse, nem como se fosse seguro. Eu não concordava com desafiar tanto a sorte daquele jeito, não quando ela sempre me fodia.

Sentia-me sonolento, resultado da noite agitada de ontem.

A noite que Jimin não tinha voltado para o quarto após a aula de teatro que ele dizia ser tão entediante. Também a noite que Namjoon e Taehyung me puxaram para beber no dormitório de Yoongi. Eu não cheguei a ficar bêbado, apenas três ou cinco garrafas que me deixaram aéreo.

E na madrugada silenciosa — e com alguns roncos vindo dos meus amigos que dormiram no meu quarto — eu percebi que dormir sem o corpo menor que o meu, que me confortava de uma forma que ninguém jamais fazia, era solitário. Dormir com ele tinha se tornado tão bom, a calmaria impenetrável se instalava, minha mente esvaziava e então era somente eu e ele.

Eu e ele, orbitando em nosso próprio planeta onde paixão era a linguagem.

Parar para pensar o quanto Jimin incluiu na minha vidinha de merda era louco. Ele tinha o melhor de mim, eu era verdadeiro com ele. Sempre, porque pensar em mentir para Park Jimin sobre meus sentimentos seria como negar que eu gostava de leite de banana. Ninguém acreditaria.

Então ser sincero com ele era inevitável. A verdade estava em meus olhos, e toda a vez em que eles encontravam os seus era mais nítido ainda.

A tarde com Taehyung foi quieta, a gente fumou e ouviu música.  Pensei em perguntar se ele sabia de seu amigo, mas algo maior prendeu minhas palavras. Queria sanar o desejo de saber sobre seu bem-estar. Pelo que tinha trocado a cama macia, se havia comido algo melhor que a comida do refeitório.

Perdi as esperanças quando voltei para o quarto ao deixar os meninos, já a noite e não vi ninguém. Um sentimento ruim tomou meu peito. Senti vontade de chorar apenas para me sentir ridículo depois, não era necessário chorar. Coloquei na cabeça que Jimin estava bem e não era preciso se preocupar. 

Me joguei em sua cama e entre seus cobertores adormeci.

                                 [...]

— Por que não está olhando nos meus olhos? Você está mentindo. — eu estava nervoso, tentava ao máximo controlar meu tom de voz. 

Jimin tinha chegado de manhã, no horário da primeira aula, simplesmente chegou e se jogou na cama. Não disse uma palavra sequer. Silêncio. 

— Eu não vou te obrigar a falar, até porque não tenho esse direito. Mas eu fiquei preocupado pra caralho com você, idiota! — eu não queria descontar a minha frustração nele, nem em ninguém. Eu só queria respostas, eu implorava por respostas. 

Esse silêncio era frequente e me fazia pensar que ele ainda não confiava complemente em mim.

Ele continuou calado, suspirei e saí do quarto, não iria para a aula. Então segui caminho para a sala onde costumávamos ficar. Não tinha ninguém, aparentemente. Fui para o fundo da sala e sentei no chão. O rosto entre as mãos enquanto tentava controlar a minha bagunça. 

— Quer, gatinho? — a voz grave de Yoongi soou ao meu lado. Puxei o ar com força antes de mirar meus olhos em si. Ele parecia cansado, mas mesmo assim puxava fumaça para os pulmões.

De repente tudo que estava acontecendo nesse intervalo de dois dias era neblina, uma enorme fumaça que me cegava e tirava de mim o rumo.

— Eu até aceitaria, mas não 'tô no clima. — o respondi. 

— Ah, eu te conheço, Jungkook. Pra você não existe clima pra um desses aqui. — as palavras saíram de sua boca lentamente e com maldade. Não uma maldade ruim, uma maldade boa, saca?

O que estava em sua mão foi levado até minha boca. Onde parou alguns centímetros de distância até eu a abrir e aceitar. A minha imagem tragando aquilo e em seguida expelindo a fumaça bem em frente ao rosto de Min ficou grudada em minha mente.

O resto da semana havia sido monótona. Jimin ainda não tinha falado comigo, sumia por uma ou duas horas por dia e às vezes nem dormia no quarto. Eu não queria pensar que tinha outra pessoa. Não queria pensar que ele estava traindo o nosso lance. O lance especial Jeon Jungkook e Park Jimin. 

Só que eu sempre esquecia que um lance é só um lance, e que por mais que eu sentisse que fosse especial, talvez não tivesse toda essa proporção para ele. Questionar os sentimentos de Jimin era a coisa mais doída que eu fiz naquele dia, a outra foi começar a relembrar o passado recente que me atormentava; minha mente fazendo de mim refém.

Ele não iria chegar e me contar o que estava havendo? Não, eu sabia que não. Pelo menos não agora. 

                                 [...]

Talvez eu tenha ficado acordado até às quatro da madrugada esperando um macho maconheiro voltar para o quarto.

E ele voltou. A aparência estava melhor que a dos últimos dias, parecia mais leve. Jimin me olhou, me encarou e eu não precisei dizer nada para ele saber que eu o queria comigo. 

Eu o desejava, tanto para me beijar quanto para filosofar sobre coisas que não faziam sentido. Entretanto, antes de tudo isso, eu queria explicações. 

— O que quer saber, Jungkook? — disse, se sentando em sua cama e eu que estava na minha, levantei. 

— Eu quero saber o que está acontecendo. Jimin, você vem sumindo há dias. Não me conta mais nada, ou melhor, nem está falando comigo direito. — falei tentando não parecer chateado.

— Está tudo bem, Jungkook. Eu só estou um pouco perturbado. 

— Não quer conversar? Jimin, você sabe que pode falar o que quer que seja pra mim, pode confiar em mim. — com meus olhos tentei passar toda a confiança que existia em meu ser. E achei que funcionaria.

— Eu estou bem, Jeon. Não se preocupe. — ditou por último e foi para o banheiro. 

Eu fechei os olhos e me deitei. Pouco me importando com as lágrimas que caiam. Eu estava bagunçado, estava  assim porque ele não está bem, está distante. 

Por que tudo isso é tão estranho?

                 

                                  ,,,,,

Olá, como vocês estão? Espero que bem :)

Mais um capítulo de erva aqui pra vocês, espero que estejam gostando.

Amo vocês.

                                                          Later <3

Erva, love e você | JikookWhere stories live. Discover now