[0.6] sozinho com você

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🚬

O sentimento de estar sozinho e se sentir sozinho é esmagador, uma pressão que sufoca e o faz se perder no silêncio imenso. Normalmente eu me sentia assim. Mesmo com Taehyung e Namjoon ao meu lado quando eu precisava de apoio ou Yoongi quando eu queria um baseado.

Na maior parte do tempo, me sentia sozinho na minha própria bagunça.

Acho que o pior disso tudo nem é a solidão. E sim o sentimento de ingratidão que sobrepõe toda a tristeza que chega a meia noite quando deito e paro pra pensar.

Me sinto ingrato por ter pessoas incríveis ao meu lado, e mesmo assim, não ser suficiente para elas. Se existirem cem milhões de formas de agradecimento, eu farei. Mas enquanto isso não existe, eu só consigo oferecer o que me é possível.

Entretanto, uma pessoa me faz sentir suficiente. E amado também, na maioria das vezes. Quando ele não resolve sumir sem me contar o que está acontecendo, não que ele tenha a obrigação, mas gostaria de saber o que está havendo. Enfim Park Jimin, como se sente sabendo que é estrela mais linda da minha galáxia? Sim, a mesma galáxia que você diz enxergar quando olha pra mim.

Talvez meus olhos brilhem por estar olhando você, todo lindo e tão você.

Era sábado, 10:26 da manhã. Os alunos eram liberados para irem para suas casas, eu não fazia parte disso. Não gosto da casa dos meus pais, e infelizmente não tenho uma para mim ainda, então sempre fico com Jimin.

- Jungkook - saiu do banheiro arrumado, roupas bem passadas e o cheiro forte de seu perfume prevalecia. Sentei na cama e o encarei, ele continou a falar - Terei que ir para casa hoje. Amanhã ou de madrugada eu volto, certo?

Minha face se contorceu em confusão e angústia ao mesmo tempo. Em todo o tempo que estivemos na escola Jimin nunca tinha saído da escola nos finais de semana. Fiquei frustrado, mas ele parecia estar animado. Engoli minhas perguntas e sorri, logo me animando por ele também.

- Tudo bem, hyung. Faça uma boa viagem. - ele acenou com a cabeça depois de me beijar, saindo do quarto em seguida.

Senti um aperto no coração, não gostava de ficar sozinho, principalmente em lugares grandes. Peguei meus fones e celular, conectei e coloquei em alguma música aleatória do meu álbum favorito. Saí do quarto com a intenção de achar alguém que conhecia, realmente não queria ficar sozinho.

Andei até o final da ala c, voltei e fui para b novamente não encontrei nada. Nem tentei na a, estava trancada. A frustração me dominou, retornei para meu quarto. Procurei seda para enrolar um baseado e xinguei quando não encontrei nenhuma. Seria impossível sair da escola, já que os portões ficavam fechados à tarde e não tinha ninguém para abrir. Lembrei que Jimin tinha uma chave reserva do quarto de Taehyung, e ele como era tolo, guardava na gaveta de cuecas.

Abrir o móvel que aparentemente só tinha peças pretas e vermelhas e me vi fantasiando quando avistei uma branca. O tecido era fino, porém parecia justa. Devia ficar apertada em suas coxas. Desistindo dos pensamentos que não me levariam a um caminho fácil, coloquei a boxer de volta ao lugar e peguei a chave. Saí do meu quarto novamente e caminhei rápido até o corredor de Taehyung.

Encaixei a chave na tranca abrindo-a facilmente. Entrei, acendi a luz e olhei em volta. Camas arrumadas, cheiro de maconha, banheiro limpo... é, tudo em perfeita ordem. Abri algumas gavetas até achar o que procurava. Assim que peguei algumas sedas necessárias saí dali. Só não contava ser pego no pulo por quem menos esperava.

- Tenho certeza que seu corredor não é esse, muito menos o quarto. - as palavras deslizaram de sua boca como veneno, um sorriso divertido no rosto.

Ainda paralisado, olhei para um lado e para o outro, constatando que ele estava sozinho ali.

- Olá Jiwoo, então, Taehyung me ligou e pediu pra eu olhar uma coisa no quarto dele. - sorri amarelo. Ele não pareceu acreditar na minha mentira. Ok, talvez eu não saiba mentir tão bem. - Olha, eu vi pegar uma coisa, okay? Não roubei nada, só peguei emprestado.

Meus lábios curvaram, formando um biquinho. Odiava ser descoberto, ainda mais por uma pessoa que poderia contar para todo mundo o que eu estava fazendo. Jiwoo parecia ser confiável, mas não é como se eu o conhecesse suficiente para saber que não era um dedo duro.

- Certo, Jeon. Essas aí são sedas?

Ele olhou para trás de mim e viu os papéis da minha mão direita. Sorriu em seguida. E me olhou com um olhar que eu já conhecia. Esse aí é dos meus, rapaz. Devolvi o sorriso sacando a dele, parece que eu não iria fumar um trago sozinho.

Passar o resto da tarde fumando, bebendo e conversando foi uma ótima escolha. Conheci mais Jiwoo. E cara, ele é demais. O filho da puta é bom em exatas, escuta indie, gosta de umas ervas e é pansexual. Incrível. Tirando a parte de matemática, puts, quem em sã consciência gosta daquilo? Sinto enxaqueca só de pensar.

Ele me convidou para assistir um filme em seu dormitório. Mas eu também já conhecia aquele olhar. Disse delicadamente que não e que esperava uma pessoa. Ele entendeu e continuamos a conversar, me encantei com sua forma madura de falar, mas ao mesmo tempo despojado.

Duas da madrugada retornei ao meu quarto. Estava frio, por isso tomei um banho quente demorado. Pensei em Jimin, nos meus pais e em mim mesmo. Algumas lágrimas desceram pelo ralo junto com a água, porém estava tudo bem. Transbordar é necessário às vezes, estava pronto para me encher de coisas boas e ruins novamente.

Apesar de estar frio, vesti apenas uma cueca e me enrolei na cama. Vi algumas coisas no celular e logo caí no sono. Aquela noite sonhei com a primeira vez que passei com Jimin, mas relembrar e detalhar era muito difícil ainda, causava uma ansiedade sufocante no peito. Entretanto, foi um dos momentos mais importantes da minha vida. Onde uma parte de mim foi renovada e recomeçou, dando uma chance para mim mesmo.

Na manhã seguinte, já à tarde, Jimin retornou ao dormitório. Ele estava feliz, achei até que fosse sair pulando e cantarolando. Me cumprimentou com beijinhos e bastante carinho, fiquei animado com a felicidade dele. Mesmo com uma pontada de curiosidade.

Ele me contou que tinha comido várias comidas deliciosas, eu falei que tinha passado uma parte do dia com Jiwoo. Seu semblante se contorceu, e ele me questionou:

- Quem é Jiwoo?

- O garoto que estava com a gente na detenção. Ele é super simpático. - sorri lembrando de suas piadas sem graça e caretas engraçadas.

- Deve ser mesmo. - sua voz saiu baixa e se eu analisei bem, ele foi irônico ao falar. Lhe lancei um olhar desconfiado.

Não existiam grandes surtos de ciúmes entre nós, porque a gente detestava isso. Porém ainda assim éramos duas pessoas com suas inseguranças, e nelas sempre habitam esse tom irônico. Nada que palavras bregas - as nossas favoritas - e alguns beijinhos curassem.

Percebi sua carinha de alegria murchar aos poucos, me ajeitei na cama, ao seu lado, e entrelacei nossas mãos. Levei a sua até minha boca e depositei um selar. Grudei meu olhar em seus olhos, que me observavam fixamente.

- Senti sua falta, hyung. - ouvi minha própria voz sair baixa e rouca. Hesitei em sorrir, mas fiz assim que seus dentes ficaram amostra em uma expressão feliz. Eu amava aquele sorriso, era uma das coisas que me transmitia paz. Senti meu corpo ficar tenso quando ele aproximou seu rosto do meu, e logo em seguida relaxar quando seus lábios cheios tocaram os meus. Nossos dedos ainda entrelaçados, respiração ofegante, coração acelerado, vontade de ter mais daquilo...

Sentia que eu poderia sentir isso sempre, seria fantástico. Como deitar na cama e logo cair no sono, da forma mais tranquila possível. Quando eu estava com ele era assim, era ter a sensação de estar no lugar certo, que eu poderia morrer ali mesmo, mas morreria o amando.

- Eu achei que iria morrer de saudades, Jungkookie. - depois dessas palavras ele me calou com um beijo. Lento e intenso. O fôlego parecia que não iria acabar, mas infelizmente aconteceu. Me afastei e ele se arrastou pelo colchão, ficando na altura da minha orelha. Apenas para sussurrar uma coisa que quase me fez surtar de verdade. - Se você soubesse o quanto é especial para mim, tanto que eu estou a ponto de explodir, não ficaria sorrindo por aí, docinho.

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Oláaaa, o que estão achando? Tem alguém que tá relendo?









Erva, love e você | JikookWhere stories live. Discover now