[1.8] erva, love e finalmente nós

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                    Dois anos depois

Meu nome era chamado por várias vozes, minha cabeça tentava se concentrar em só uma, para que tudo se organizasse. O movimento da noite estava cheio, a música razoavelmente alta e as pessoas rindo e se divertindo. A iluminação do salão principal contrastava com a parte de trás, onde as luzes eram mais baixas e escuras.

A noite estava linda do lado de fora, mas ali dentro estava mil vezes.

Jiwoo estava no balcão, enquanto eu atendia as mesas. Não era nossos trabalhos de fato, mas nos finais de semanas ninguém ficava no escritório, atrás de uma mesa. 

Gostávamos de estar no meio de toda aquela gente, desde os jovens que em grupo se divertiam aos solitários que gostavam de beber em sua própria companhia. A diversidade de pessoas era atraente e me fazia sentir bem, a satisfação de quando o salão ia se esvaziando era de dever cumprido.

A rotina repetida por quase dois anos, era a que eu mais gostava.

Mas eu sabia que tinha alguma coisa diferente aquela semana. Namjoon e Taehyung passavam mais tempo comigo que o normal, levando comida e chegando cedo da manhã, antes que eu pudesse fazer o café. Jiwoo continuava como sempre, mas agora seus olhos brilhavam mais toda vez que Junseok, um dos garçons recém contratados, o chamava de hyung. 

Era engraçado, ele estava apaixonado, por mais que negasse. Insistia na queda por Namjoon, em segredo, cobiçando‐o.

Joguei o avental em cima do balcão, pegando a garrafa de vodkca, virando o gargalo em minha boca seca. Escutei a repreensão de Woo, rindo e acabando por engasgar com a bebida.

— Vá para casa, eu vou fechar hoje.

— Quero ficar mais. — falei, levantando, pronto para me jogar em uma das mesas e ligar a música de novo.

Ficar no bar depois de fechar era algo que eu tinha adotado como meio de proteção. Chegar em casa e ser consumido pelo silêncio era aterrorizante, a solidão estava sempre comigo, tínhamos um bom relacionamento, mas existiam dias ruins.

A última vez que não me senti sozinho fora há quase seis meses, quando num final de semana ele pôde me visitar. A feição cansada e os olhos amenos não impediu nossa noite de ser a melhor. Eu sentia falta de seu calor.

— Faltou gasolina na moto de novo? — olhou para a janela lateral, que ficava do lado do estacionamento. Minha bis de segunda mão estava lá.

— Eu só quero ficar aqui.

Senti o gélido do balcão assim que deitei a cabeça ali, a bochecha contra o mármore, a garganta ardia por conta do álcool. Se pudesse dormiria ali, e quando o sol desse bom dia, subiria para seu escritório e continua a trabalhar como se não precisasse de um intervalo.

No fundo, achava que não precisava.

Viu Jiwoo pegar as chaves de seu carro que também era de segunda mão, colocou no bolso e andou até mim. Puxou com força a garrafa da minhas mãos, sem precisar dizer nada para eu saber que viria um sermão se não levantasse e fosse para casa.

— Vou te levar, não vai dirigir.

— Eu vou andando. — não era exatamente longe.

— Você não aguenta nem ir ali do outro lado da rua. Eu posso te levar, Jungkook. — olhava com o cenho franzido para mim, os olhos faiscavam em busca de alguma coisa fora do normal.

— Não precisa, hyung, mesmo. Eu vou andando. — tentei sorri, para que ele sentisse firmeza nas minha palavras.

Ele assentiu depois de me analisar por mais um tempo, andando até a porta da frente. Eu refiz o caminho até os fundos, pegando minha mochila surrada que estava em um banco. Sai pelos fundos, depois de fechar tudo.

Erva, love e você | JikookWhere stories live. Discover now